Agropolítica
Setor de arroz acredita em redução de área no próximo ano
Governo se comprometeu a encontrar alternativa para ajudar produtores, que veem preços estarem próximos do mínimo

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
11/06/2025 - 20:17

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, disse que o estado gaúcho deve ter uma redução na área plantada. O Rio Grande do Sul é o principal produtor do cereal no país, com quase 70% da produção nacional. A projeção é motivada pelo preço do arroz, que está em patamares abaixo dos preços para pagar os custos de produção.
“Não existe ainda um número com relação à área. A intenção de plantio não foi lançada ainda pelo IRGA [Instituto Rio Grandense do Arroz], mas, certamente, este patamar de mercado não comporta, e é por isso que o governo entendeu e foi sensível à colocação da situação atual. […] Então, hoje, eu vejo uma redução de área”, disse o presidente da entidade.
Uma reunião nesta quarta-feira, 11, na sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), serviu para expor o problema e buscar ajuda do governo para conseguir estimular os preços pagos aos produtores. O encontro contou com membros da Federarroz, da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), da Conab, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Ministério da Fazenda e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Conforme adiantado pelo Agro Estadão, entre as propostas na mesa está a compra de arroz via contrato de opção e/ou pela rubrica de Aquisição do Governo Federal (AGF). O impasse no caso da primeira opção é se os contratos poderiam ser reeditados para a atual safra. Já o entrave na segunda alternativa é com relação à legislação, que prevê o acionamento quando os preços estiverem abaixo do mínimo. Atualmente, o preço mínimo definido pelo governo para a saca de arroz 50 quilos é de R$ 63,64.
“Nós deixamos claro na reunião que a aquisição pelo preço mínimo, ela traria uma sinalização pior ainda do que está hoje o preço Cepea a R$66. O preço mínimo é R$ 63. Então, hoje, na visão da Federarroz, o mais adequado para trazer um equilíbrio seria um contrato de opção que permite, de acordo com o que existe nas regras do governo, que se trabalhe com até 20% acima do preço mínimo”, destacou Velho.
Medidas devem ser anunciadas até o Plano Safra
O indicativo do governo para o setor é de que alternativas serão estudadas para conseguir ajudar os produtores. A secretária-executiva do MDA, Fernanda Machiaveli, não definiu uma data para o retorno, mas estima que isso possa acontecer até o anúncio do próximo Plano Safra.
“Nós convergimos para o entendimento de que o governo federal está disposto a formar estoques de arroz, comprar os excedentes, mesmo porque é muito importante que a gente tenha esse excedente na entressafra e a questão é construir qual instrumento que vai ser usado para esse fim. É um processo de conversas que se inicia agora e que a gente espera ter uma resposta para o setor rapidamente”, comentou Machiaveli a jornalistas.
Uma projeção inicial feita pelo presidente da Conab, Edegar Pretto, é de que haja um excedente de aproximadamente 1 milhão de toneladas. “Estima-se, não tem um cálculo preciso do nosso consumo, mas estima-se que o consumo interno está em 11 milhões de toneladas. A projeção da Conab é que a nossa safra deste ano seja acima de 12 milhões”, pontuou o presidente.
MDA também discute mudança em legislação
Questionada se o governo estuda mudar a legislação das políticas devido aos impasses, a secretária-executiva afirmou que o ministério já discute. “Está claro para nós que a gente não vai fazer formação de estoques só com o conjunto dos instrumentos que hoje estão disponíveis. A gente precisa fazer uma atualização de alguns pontos da política agrícola e a gente tem debatido isso internamente”, comentou.
Porém, essas alterações não devem ser a curto prazo, além de que devem passar pelo Congresso Nacional, já que se trata de mudanças em lei. Segundo Machiaveli, no atual momento, o que está em estudo são os instrumentos já existentes.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
ITR 2025: entrega começa em agosto com novidades
2
Ministério decide não aplicar medidas antidumping sobre leite em pó argentino e uruguaio
3
MST invade área do Banco do Brasil no Rio Grande do Sul
4
Governo descarta preços de exportação em compras de socorro ao tarifaço
5
Com frete 40% menor, Ferrogrão está parado no STF há três anos; entenda o caso
6
Governo anuncia pacote de R$ 30 bi para exportadores afetados por tarifa dos EUA

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Agropolítica
MST invade área do Banco do Brasil no Rio Grande do Sul
Movimento reivindica avanço nas negociações sobre área indicada ao Incra em 2024; BB diz que não detém a posse e nem a disponibilidade do imóvel

Agropolítica
Governo federal destina R$ 21,7 milhões para equalizar preços de feijão
Medida assinada por quatro ministérios é voltada, exclusivamente, à produção de estados da região Sul destinada ao consumo interno

Agropolítica
Governo descarta preços de exportação em compras de socorro ao tarifaço
Simplificação das aquisições públicas é uma das medidas emergenciais para aliviar situação de produtores rurais

Agropolítica
Leilões da Conab negociam 109,2 mil toneladas de arroz
Ao todo foram firmados 4.044 contratos, com vencimentos para setembro e outubro deste ano
Agropolítica
Governo divulga regras para acessar crédito de socorro ao tarifaço; confira condições
Para conseguir financiamento, empresas deverão ter perdido pelo menos 5% do faturamento com exportações para os EUA e cumprir contrapartida
Agropolítica
Nova fase da Operação Big Citros busca conter avanço do greening no Paraná
Ação vai até o próximo dia 29 de agosto em pomares de tangerina dos municípios de Cerro Azul e Doutor Ulysses, no Vale do Ribeira
Agropolítica
Em Goiás, produtores que aderiram ao PSA recebem entre R$ 498 e R$ 664
Governo do estado já desembolsou R$ 4 milhões; área cadastrada pode ser de, no mínimo, dois hectares, e, no máximo, 100 por propriedade
Agropolítica
Federação contesta negociação de terras invadidas no Paraná e quer desocupação
Entidade não participou de reunião sobre aquisição de terras para comunidades indígenas e afirma que desocupação é indispensável ao diálogo