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Agropolítica

Preços baixos e quebra de safra fazem de 2024 um ano “para profissionais”

Milho tem redução expressiva na safra e produção total de grãos fica abaixo de 300 mil toneladas, diz Conab

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Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com

09/02/2024 - 14:00

Foto: Adobe Stock
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O ano de 2024 deve ser o mais desafiador da última década, na avaliação de especialistas e de produtores rurais. Além da quebra de safra, os preços estão achatados.  Sérgio de Zen, ex-diretor de Política Agrícola da Conab e atual professor da USP/Esalq, explica que o mundo vive um momento de retração na economia e isso acaba reduzindo a demanda por alimentos. 

“Em um cenário ‘normal’, haveria uma valorização do produto, mas na prática, não é o que acontece. Um dos motivos é a manutenção da taxa de juros em alta pelo Banco Central norte-americano, para controlar a inflação”, explica de Zen.

CONTEÚDO PATROCINADO

O produtor rural Cesário Ramalho, que já foi presidente de diversas entidades do setor e atualmente integra o conselho da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), é um dos que sentem o impacto disso no bolso. 

“Em Naviraí (MS), o milho está sendo vendido a R$45, praticamente a metade do ano passado. Isso não é incentivador. Teremos que produzir um volume maior para pagar a conta, o que provavelmente não vamos conseguir”, desabafa.

Produtor aposta em safra de milho menor do que a estimada pela Conab 

Com a experiência de mais de três décadas de produção, Cesário Ramalho aposta que a redução na safra total de milho será  ainda maior do que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou no mais recente levantamento. Segundo a Conab, as lavouras brasileiras devem produzir 18,2 milhões de toneladas a menos, resultando no total de 113,7 milhões de toneladas de milho. O volume é 13,8% menor se comparado ao ciclo 2023/2023.  

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Cesário conta que está reduzindo em 20% a área da safrinha e que essa é uma tendência generalizada. “O produtor está tendo uma margem muito estreita com os preços praticados, e ainda há riscos em relação ao clima. Então, vai se plantar menos na safrinha. Na minha avaliação, a produção de milho total deve ficar na casa dos 110 milhões de toneladas”, afirma.

Alerta para a soja que foi negociada, mas não será colhida 

A Conab estima queda de 3,4% na produção da soja, alcançando 149,4 milhões de toneladas. Mas especialistas dizem que esse índice pode ser superior, já que as regiões Centro-Oeste e Matopiba sofreram bastante com o clima.

Além do clima, o preço da soja também preocupa. Em Mato Grosso, em regiões como Diamantino e Canarana, a saca ficou perto dos R$ 90 no final de janeiro, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Aplicada (Imea).

O estado deve produzir 14% menos soja, segundo o Imea. O resultado das lavouras influenciou  a negociação antecipada, que está abaixo do previsto. Mesmo assim, o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura José Carlos Vaz, alerta sobre a soja que foi vendida e que não será colhida.

“O produtor deve ficar atento aos próximos 30 dias para confirmar se a produção não será suficiente para cumprir os compromissos – e então negociar”, orienta. No caso de Mato Grosso, Vaz acredita que o bom histórico de perfil de crédito vai facilitar na hora de alongar as dívidas. 

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Combinação de quebra de safra e preço baixo é inédita

Os dois especialistas em política agrícola ouvidos pelo Agro Estadão avaliaram a atual situação do produtor rural brasileiro, que vive uma ‘combinação’ de quebra de safra e preços baixos. Para José Carlos Vaz, “é um ano para profissionais, para quem conhece o negócio e está preparado também para as piores safras”.

Sergio de Zen diz que é uma situação inédita, mas que deve acontecer apenas neste ano, por conta de um ajustamento da economia pós-pandemia.  “O lado bom é que o  setor de alimentos é o último a entrar e o primeiro a sair de um período de retração, afirma.

De Zen ainda destaca que o custo na próxima safra pode ser menor para o produtor. “Do mesmo jeito que os preços dos produtos caem, os insumos, fertilizantes e químicos também reduzem os preços”.  

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