Agropolítica
Conab vai comprar 110 mil toneladas de arroz com ágio de 15%
Medida visa amenizar a queda de preço do cereal, que acumula esse mês recuo de 41% em comparação ao mesmo período de 2024
Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
15/07/2025 - 15:11

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou nesta terça-feira, 15, um contrato de opção de venda para a compra de até 110 mil toneladas de arroz. Os recursos assegurados para a ação são de R$ 150 milhões.
A medida é uma resposta à preocupação do setor arrozeiro diante da queda dos preços no mercado interno. Em julho, conforme o indicador Cepea/Irga-RS, o preço da saca de 50 quilos acumula recuo de 41% em comparação com o mesmo período de 2024.
Os contratos de opção de venda foram uma das medidas discutidas pelo setor em reuniões anteriores com o Governo Federal. “Nós lançamos, então, neste momento, a portaria interministerial que está tramitando, esperamos que nos próximos dias essa portaria seja publicada e, a partir dali, a Conab lance os contratos de opção de venda via leilão para quem optar pelos contratos de opção”, afirmou Edegar Pretto, presidente da Conab.
Para os contratos anunciados, o preço pago será 15% superior ao valor mínimo, que atualmente está fixado em R$ 63,64. Segundo o dirigente, o preço aos produtores que optarem por efetivar o contrato em agosto será de R$ 73,00. “Depois tem uma opção para setembro e outra opção para outubro, que tem uma variável um pouco mais acima do preço”, disse.
A intenção do governo, contudo, não é lançar o leilão das 110 mil toneladas de uma vez só. “Nós vamos fazer aos poucos, para que a gente tenha a possibilidade, se for necessário, de fazer uma revisão no passo seguinte”, salientou. De acordo com o presidente da Conab, espera-se que o preço seja atrativo, especialmente na região, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, onde a cotação está mais baixo para os produtores.
Medida ameniza crise, avalia o setor
Na avaliação do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Denis Dias Nunes, a medida ameniza a situação crítica vivida pelos produtores. “Buscamos alternativas para o produtor, oferecendo a opção de exercer ou não o contrato. Se o mercado estiver melhor, ele [produtor] pode vender normalmente”, salientou. “Sabemos que essas medidas, às vezes, funcionam como um remédio amargo, que pode ter efeitos colaterais no futuro. Mas, neste momento, em que o preço está caindo muito, entendemos que é necessário oferecer mais uma alternativa ao setor”, completou.
Segundo Denis, apesar de ajudar, a medida ainda não cobre o custo de produção da lavoura. Por isso, não está descartada uma redução na área semeada de arroz na safra 2025/2026. Na temporada anterior (2024/2025), o Rio Grande do Sul — maior produtor do cereal no Brasil — plantou mais de 970 mil hectares, alta de 7,8% em relação à safra anterior.
A diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Andressa Silva, também esteve presente durante o anúncio da Conab. Para ela, a iniciativa do governo reforça a importância da cadeia produtiva do arroz para o país. “O governo tem mostrado sensibilidade ao liberar instrumentos de apoio à comercialização. Isso é muito importante e reflete um diálogo constante, que nos ajudou a superar crises, como a enchente do ano passado e, agora, a forte queda de preços”, avaliou.
No entanto, Andressa destacou que o desafio é mais amplo. “Precisamos atuar não só na sustentação de preços, mas também no incentivo ao consumo interno do arroz, na valorização desse alimento essencial para a segurança alimentar e no fortalecimento das exportações, com a abertura de novos mercados”, defendeu.
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