AGRISHOW 2025
Agrishow: tecnologia inédita com etanol promete revolucionar ciclo de motores
Sistema embarcado em um transbordo de cana-de-açúcar tem injetor único no mundo, que permite adaptar motor a diesel em até 5 horas

Igor Savenhago* | Ribeirão Preto (SP)
29/04/2025 - 08:00

Uma tecnologia apresentada na Agrishow, a maior feira de tecnologia para o agronegócio da América Latina, em Ribeirão Preto (SP), propõe um novo conceito para a queima de combustíveis, que deve permitir ampliar o uso do etanol em veículos voltados ao setor sucroenergético.
O sistema, lançado pela Grunner em parceria com a DSA, possui um injetor que possibilita que o etanol comece a ser queimado antes de chegar à câmara de combustão. Isso, segundo os desenvolvedores, abre um leque de possibilidades para que máquinas agrícolas funcionem a etanol sem perder eficiência energética.
A proposta é única no mundo. Está sendo apresentada aos visitantes da feira como um protótipo, embarcado em um transbordo de cana-de-açúcar. No segundo semestre deste ano, o equipamento deverá estar pronto para começar suas operações em campo, em um laboratório a céu aberto da Grunner, com 6.500 hectares de cana. O objetivo é que a tecnologia acompanhe a colheita da safra deste ano até o final, além de ser testada em propriedades de três produtores.

José Reche, diretor de operações comerciais da empresa, afirma que o protótipo é resultado de pelo menos oito anos de estudo, com intensificação nos últimos 24 meses. No ano passado, a empresa já havia demonstrado, durante a Agrishow, um motor conceito. “A nossa confiança no projeto é muito grande. Estamos fazendo história no etanol”, afirma Reche, otimista.
O sistema de combustão desenvolvido pela parceria inova em relação aos dois ciclos existentes para a queima de combustível no Brasil: o ciclo diesel, que aumenta a temperatura do tanque por meio de pressão, e o ciclo otto, cuja queima é iniciada por meio de centelhas produzidas na vela de ignição. “Esse protótipo que trouxemos para a feira não é nem ciclo diesel, nem ciclo otto. Ele inaugura um sistema novo, uma terceira via”, explica Reche.
A DSA, parceira da Grunner, é especializada em sistemas de injeção eletrônica. Brasileira, já entregou tecnologias para a Fórmula 1 e para a Fórmula Indy. O diretor de engenharia e fundador da empresa, Daniel Sofer, diz que o sistema é preparado para motores novos ou para aqueles que já rodam a diesel. Nesse caso, a adaptação é feita dentro de quatro a cinco horas, dando flexibilidade aos proprietários. “Se, daqui a um tempo, o etanol ficar caro e ele quiser voltar para o diesel, basta reverter a adaptação”, conta.
“O setor sucroenergético tem uma vontade muito antiga de usar o etanol em suas máquinas. Agora, será possível fazer isso mantendo de 80% a 85% da estrutura do motor a diesel, mas queimando um combustível ecologicamente correto”, completa Reche.
Trator e colhedora
Em outro estande, o da John Deere, também foi anunciado, nesta segunda-feira (8), o protótipo de um trator movido a etanol. A multinacional já havia apresentado um motor conceito na edição do ano passado e agora traz a tecnologia embarcada em um equipamento.

O trator, com combustão dentro do ciclo otto, está sendo testado no Brasil nos segmentos de cana-de-açúcar e grãos — onde o etanol está amplamente disponível. Segundo a empresa, o motor foi calibrado com ajustes de software para garantir alta performance e, com isso, apresentar desempenho semelhante aos de motores a diesel, contribuindo, ao mesmo tempo, para a redução das emissões de gases do efeito estufa.
Durante coletiva de imprensa, representantes da John Deere afirmaram que a escolha do trator para ser o primeiro equipamento a ter um motor a etanol se deve ao fato de ser o veículo mais presente nas propriedades rurais brasileiras. “O Brasil é um mercado estratégico para a produção global de etanol à base de cana-de-açúcar e milho, além de ser um dos maiores exportadores de grãos. O foco inicial para a nova solução será o mercado brasileiro, que já conta com redes bem consolidadas de produção e distribuição de etanol”, complementa a companhia, em material distribuído aos jornalistas.
A Case IH também anunciou uma máquina de grande porte movida a etanol. É uma colhedora de cana de duas linhas, testada nas lavouras de cana do Grupo São Martinho. Foram dez dias de testes na safra anterior e, a partir deste mês de abril, a máquina voltará a operar. A colhedora, de 27 toneladas, tem capacidade para 13 litros de combustível, com os quais conseguiu colher, nos primeiros experimentos, cinco toneladas de cana.
*Jornalista viajou a convite da CDI Comunicação

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