Do macro ao micro, Agrishow consolida tecnologias inteligentes no campo

A pavimentação das principais ruas por entre os estandes da Agrishow, a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, que será realizada de 28 de abril a 2 de maio, em Ribeirão Preto (SP), não representa apenas uma melhoria no parque de exposições da Estação Experimental do governo paulista. Prepara, também, o caminho para a consolidação do uso das tecnologias inteligentes no agronegócio brasileiro. 

O momento coincide com a chegada do evento à sua 30ª edição. Além de mais ruas asfaltadas em relação à edição do ano passado, a Agrishow 2025 terá banheiros femininos reformados e ampliados, autorização para que veículos transitem pelo acostamento da Rodovia Antonio Duarte Nogueira, para melhorar o fluxo e o acesso, além de mais vagas nos estacionamentos. Haverá, ainda, a mudança do local de pousos e decolagens de helicópteros para o Aeródromo Santa Lídia, perto do local da feira, para evitar acidentes como o do ano passado, que causou uma morte. 

A cereja do bolo desse aniversário de três décadas, no entanto, está reservada para as tecnologias que serão apresentadas pelas empresas expositoras. Com o tema “O futuro do agro de A a Z”, a edição deste ano deverá ser marcada pela percepção de que as tecnologias inteligentes vieram mesmo para ficar e serão fundamentais para impulsionar o campo brasileiro nos próximos anos. Tanto que estarão presentes desde as máquinas gigantes até organismos invisíveis a olho nu. 

No universo macro, a Case IH promete a Axial-Flow AF10 Automation, que, segundo a marca, é a maior colhedora de grãos do mundo: tem motor de 775cv e tanque de grãos com capacidade para 20 mil litros. Também será reservado um espaço no estande para máquinas com motores movidos a etanol, como sua primeira colhedora de cana de duas linhas. 

Na outra ponta, a das versões mini, a Agritech anuncia dois novos modelos de microtratores, o AF14 e o AF14S, voltados às propriedades de até 20 hectares. Segundo o gerente de vendas e marketing da empresa, Cesar Roberto Guimarães de Oliveira, eles executam as mesmas funções básicas de um trator convencional, mas em escala menor, adaptada às necessidades da agricultura familiar. 

Empresas que trabalham com fertilizantes biológicos — à base de organismos vivos microscópicos — e outras tecnologias para ações no solo, que operam de forma imperceptível aos olhos humanos, também terão novidades. A PTx, por exemplo, vai levar o Dryset, um dosador de grânulos de fertilizantes, acionado eletricamente para plantadoras e semeadores, visando a uma aplicação uniforme.  

“A automação é uma realidade no campo. Nesse sentido, os produtores buscam soluções que aumentem a produtividade e reduzam custos operacionais, valorizando as práticas agrícolas mais sustentáveis e eficientes”, afirma Giancarlo Fasolin, gerente sênior de Marketing Estratégico PTx América do Sul. 

“Evolução espantosa”

Conforme o presidente da Agrishow, João Carlos Marchesan, a proposta da Agrishow sempre foi essa: colocar na vitrine do agro as principais tendências em tecnologias para o setor. No entanto, elas mudaram muito desde 1994, quando foi realizada a primeira edição — de lá para cá, apenas em 2020 e 2021 a feira não aconteceu, devido à pandemia de Covid-19. 

Além de estar à frente da organização da Agrishow, ele é executivo da Tatu Marchesan, empresa fundada pela família em 1946, em Matão (SP), e que esteve presente nas 29 edições anteriores da feira. Marchesan, que foi um dos fundadores da Agrishow, conta que a edição deste ano vai demonstrar que a evolução do agro neste período foi espantosa. “No início, a Marchesan já trazia sua linha para preparo de solo, plantio, colheita. Mas era uma época em que a mecanização estava começando. O agro se transformou muito nesse período”, declara. 

Para Walter Baldan, presidente do conselho da Baldan, outro dos fundadores da Agrishow e cuja empresa também nunca se ausentou da feira, lembra que, já em 1994, a marca levou inovações importantes em máquinas e implementos, principalmente destinadas ao preparo de solo. “A gente queria mostrar, de fato, o nosso diferencial tecnológico para o produtor. No entanto, os produtos que eram demonstrados na feira possuíam pouca tecnologia, eram mais robustos e com mecanização apenas inicial. Hoje, falamos de agricultura de precisão, conectividade no campo, inteligência artificial, automação. É outro patamar”, diz. 

Um exemplo é o próprio pulverizador que a Baldan vai apresentar. Além de motor com sistema EGR, para menor emissão de gases e consumo, alinhado às demandas mundiais por tecnologias com sustentabilidade ambiental, o equipamento tem sistema de navegação via GPS e telemetria para monitoramento em tempo real. 

Outro indicador dessa mudança de paradigmas foi o fim das demonstrações de campo, realizadas na Agrishow por mais de duas décadas. Os agricultores eram convidados pelas empresas para uma área agrícola, separada dos estandes, para observar o funcionamento de um equipamento recém-lançado —  o que, com o tempo, foi substituído por vídeos animados que exibem cada detalhe do funcionamento, entre outros mecanismos, como simuladores que fazem o visitante ter sensações como se estivesse em uma máquina real.  

“Quando a gente olha para trás e vê tudo que aconteceu nesses 30 anos de Agrishow, é impossível não se impressionar com a velocidade e a profundidade da evolução tecnológica no agro. A Agrishow teve um papel decisivo nisso tudo. Ela criou um ambiente propício para que as empresas mostrassem o que têm de melhor e para que o produtor pudesse experimentar de perto essas inovações”, conclui Baldan.  

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