Solo deixa de ser coadjuvante para virar um dos protagonistas da Agrishow | Agro Estadão
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AGRISHOW 2025

Solo deixa de ser coadjuvante para virar um dos protagonistas da Agrishow

Tecnologias para o cuidado com a terra ganharam relevância nos estandes e foram tema de acordo de cooperação para testes com biológicos

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Igor Savenhago* | Ribeirão Preto (SP)

03/05/2025 - 11:49

Uso de nanotecnologia aumentou produtividade do milho - Foto: B.nano/Divulgação
Uso de nanotecnologia aumentou produtividade do milho - Foto: B.nano/Divulgação

Enquanto a edição de 2024 da Agrishow foi estrelada pelas soluções aéreas, com o lançamento de drones de diversos tipos, aviões e até um carro voador, a de 2025 fez o visitante olhar para baixo. Mas não para lamentar. Muito pelo contrário.

Dessa vez, a feira não apresentou tecnologias revolucionarias para riscar os céus. Foram mais comuns aquelas que aprimoraram modelos já existentes. O momento foi de manter os pés no chão e preparar o terreno para a agricultura dos próximos anos. Literalmente.

Isso porque as preocupações com o solo ganharam espaço: em temas de conversas, formalização de parcerias e até em movimentos silenciosos e invisíveis ao público. A revolução da histórica 30ª edição da Agrishow não fez frente ao som potente emitido pelas grandes máquinas, já que é promovida por microrganismos, mas, mesmo assim, atraiu olhares e ouvidos.

“Um ponto que todo mundo está vendo é que a monocultura, o uso excessivo de químicos, as adversidades climáticas, tudo isso foi danificando o solo. Fizemos um caminho de ida e agora estamos fazendo o caminho de volta. Tecnologias que aumentam a biodiversidade vão começar a despontar, desde questões moleculares para o solo até inteligência artificial para diagnóstico e precisão, para entregas mais direcionadas. São aspectos que vêm aí para ajudar o agricultor”, anuncia Jhones Oliveira, co-fundador da B.nano, startup criada em 2022 no Laboratório de Nanotecnologia Ambiental da Unesp de Sorocaba (SP) e que conta com parceria do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro).

A B.nano, que esteve presente no Agrishow Labs, pavilhão que reuniu mais de 30 startups com propostas disruptivas para o agro, demonstrou o resultado de um processo de encapsulação de uma nanopartícula polimérica para a cultura do milho. Além de ser voltada ao tratamento de sementes, a solução tem aplicação foliar. “Esta é a nossa primeira participação na feira e será muito importante para que a gente possa captar parceiros para o projeto”, contou Oliveira.

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Testes realizados pela empresa na região de Sorocaba apontaram que a formulação foi capaz de entregar 26 sacas a mais por hectare. “Destaco a vitalidade atribuída às plantas, o que impacta em uma consequente maior resistência e a ampliação de mais de 14% em produtividade nas lavouras”, disse Oliveira.

O desenvolvimento da nanocápsula tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Na visão do cientista, a nanotecnologia não chega a ser uma “bala de prata” para resolver os principais desafios da produção de alimentos no Brasil, mas a tendência é que seja uma ferramenta fundamental para promover mais eficiência e precisão, bem como para responder aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da Organização das Nações Unidas (ONU), por possibilitar alimentos sem resíduos, redução da exposição de agricultores e consumidores aos agrotóxicos, aumentar a resiliência climática, favorecer a atividade microbiana no solo e também dos polinizadores.

Assinatura de acordo foi feita no estande do IAC: testes com biológicos – Foto: Lourival Izaque

No papel

O solo ganhou tanta relevância na Agrishow que as novidades não ficaram apenas nos estandes. Foram chanceladas com assinaturas do Instituto Agronômico (IAC) e da Koppert, uma das referências globais em controle biológico – que firmaram, por intermédio do Centro de Cana, que funciona em anexo à área onde é realizada à Agrishow, uma parceria para impulsionar soluções sustentáveis no setor sucroenergético.

A formalização do acordo colocou em evidência a saúde do solo, já que o objetivo principal é validar tecnologias voltadas ao manejo integrado na agricultura convencional com o uso de opções biológicas.

A proposta é que a parceria tenha duração de cinco anos. Um módulo experimental de um hectare será instalado no Centro de Cana para experimentos, apresentação dos resultados obtidos, realização de dias de campo e de visitas técnicas. “Essa colaboração estabelece protocolos de manejo com produtos biológicos com o intuito de favorecer o solo e as plantas. Um solo equilibrado e biodiverso resulta em plantas mais vigorosas e produtivas”, declarou, por meio de nota, a consultora de desenvolvimento de mercado da Koppert Brasil, Isabela Beton.

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Em entrevista ao Agro Estadão, o diretor geral do IAC e líder do programa de cana-de-açúcar, Marcos Landell, explicou que foi identificado, na Koppert, pelo histórico da empresa em inovação tecnológica, um parceiro de grande potencial para o combate a pragas e doenças com o uso de biológicos nas lavouras. “O IAC atua para desenvolver variedades mais tolerantes, que demandem menos água e defensivos. E, neste sentido, as parcerias são fundamentais, para que tenhamos, cada vez mais, viabilidade econômica e ambiental”, disse.

Durante seus 138 anos de existência, o IAC colocou no mercado mais de 1.200 variedades de cana-de-açúcar, derivadas de mais de 100 espécies.

Dênis de Paula demonstra funções da plantadeira florestal em estande da Komatsu – Foto: Édson Luiz

Cinco funções

Aliar cuidados com o solo à saúde financeira do agricultor é uma das propostas da companhia japonesa Komatsu. Esses itens foram embarcados em uma máquina focada no setor florestal que executa cinco funções. Ela planta, compacta a muda, aduba, irriga e faz o georreferenciamento, tanto em terrenos planos quanto de leve inclinação, de até 17º. O equipamento promete, além de diversificação nos negócios, recuperação de solos degradados.

A plantadeira multifuncional tem compartimentos para carregar duas mil mudas e plantar cerca de 600 por hora. Por depositar o fertilizante imediatamente após a inserção da planta, otimiza etapas que mobilizariam diversos processos e pessoas se a atividade fosse manual. “Na silvicultura convencional, a adubação é feita de forma contínua, o que nem sempre garante que o fertilizante vá ficar próximo da raiz. No caso dessa máquina, o fertilizante é depositado bem na base da planta”, explica Dênis de Paula, consultor de vendas da Komatsu.

O equipamento tem capacidade para transportar, também, 900 quilos de fertilizantes e 6 mil litros de água, quantidades suficientes para o plantio da capacidade total, de duas mil mudas, o que visa à redução do desperdício de recursos e da necessidade de paradas.  

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“O uso da tecnologia está crescendo cada vez mais e, no caso do plantio, vai contribuir no aprimoramento não apenas de uma agricultura mais sustentável, mas para etapas posteriores, como a colheita. Um plantio bem feito resulta em uma colheita melhor”, conclui de Paula.

Quem andou pela Agrishow deve concordar que, além da colheita literal, das plantas no campo, o tratamento diferenciado ao solo é uma das grandes demandas para a transformação da agricultura e para que a colheita seja farta, também, melhoria da qualidade da vida humana.

*Jornalista viajou a convite da CDI Comunicação

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