Agrishow 2024: procura por locação de maquinário agrícola aquece mercado e expositores já projetam novas expansões
Empresas presentes na feira acreditam que a modalidade tende a conquistar cada vez mais agricultores; um dos motivos é a redução nos custos operacionais
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30/04/2024
Por: Igor Savenhago
Para se manter competitivo no mercado, numa época em que tecnologia de ponta e sustentabilidade se tornaram palavras-chave na agropecuária, o produtor rural brasileiro precisa estar sempre se reinventando. Trocar a frota, investir em equipamentos que entregam maior produtividade, ter acesso a dados do cultivo em tempo real são algumas das exigências da era digital. E a Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, em Ribeirão Preto (SP), mostra que, mesmo não comprando maquinário, é possível acompanhar as tendências. A locação está em alta.
Não é preciso nem caminhar muito pelas ruas do parque para encontrar opções de todos os tipos. Tratores, veículos pesados e até pivôs de irrigação, novidades apresentadas pela Valley, que busca democratizar o acesso à irrigação agrícola. A empresa fechou uma parceria com a Unidas, referência em transporte de cargas no Mercosul, para oferecer, por meio de um programa de assinaturas, a possibilidade de alugar um produto sob demanda.
O diretor comercial da Valley, Vinícius Mello, explica que os agricultores têm a opção de locar o equipamento por períodos que variam de seis a dez anos. Ao término do prazo, podem desfazer o contrato ou pedir renovação. Segundo ele, o retorno para o investimento na aquisição de um pivô geralmente vem em três anos. Com a locação, os produtores diminuem as despesas mensais, que podem ser pagas apenas como uma pequena parte do lucro dos negócios. Um ciclo autossustentável, que melhora a renda e permite direcionar recursos para novos investimentos. Os valores variam de acordo com os modelos e capacidade técnica.
A empresa aposta em um crescimento cada vez maior da demanda por irrigação. Por causa de eventos climáticos que têm afetado a produção no campo, como o El Niño e o La Niña, a tecnologia representa uma segurança para quando a chuva não cai na hora certa. Soma-se a isso o plano da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) de ampliar, até 2030, as áreas irrigadas no Brasil, dos atuais 8 milhões de hectares para 11 milhões. “Quem opta pela locação com a gente não leva só o pivô, mas todo um pacote de soluções tecnológicas”, afirma Mello ao Agro Estadão.
O pacote inclui, segundo Luiz Barbosa, coordenador de marketing, oito softwares para gerenciamento de todo o sistema. Um deles faz um mapeamento das áreas a serem irrigadas e aponta, cruzando com informações sobre o clima, quanto de água elas precisam receber e quando. Outro processa fotografias feitas por câmeras acopladas ao pivô e identifica locais em que há incidência de pragas. Em cada volta completa pelo equipamento, as câmeras fornecem de 15 a 20 mil imagens.
Os pivôs funcionam com energia híbrida, proveniente de placas fotovoltaicas, bateria e gerador a diesel, de forma que uma pode compensar a outra. Quando há pouca incidência de luz, por exemplo, os outros sistemas fazem o papel que seria da energia solar.
Tratores
A LS Tractor também aderiu à locação, para toda a linha de tratores da empresa. Sérgio Resende, gerente de contas corporativas, afirma que a entrada nesse mercado foi há dois anos, por causa da alta procura percebida no período pós-pandemia de Covid-19. E que a locação já representa entre 15% e 20% dos negócios da fábrica. No caso deste tipo de maquinário, o valor do aluguel pode variar entre R$ 9,5 mil e R$ 17 mil, dependendo do modelo.
Um dos setores em destaque é o de silvicultura – cultivo de florestas para reflorestamento –, que retomou projetos até então paralisados por causa da crise sanitária. De olho nas oportunidades, a empresa firmou parcerias com locadoras de veículos, que estavam se abrindo ao aluguel de equipamentos agrícolas.
A estratégia deu tão certo que a LS Tractor criou a versão Forest para a linha Plus de tratores, que tem modelos de 80, 90 e 100 cv, prometem versatilidade, economia de combustível e eficiências nas operações florestais, além de aumentar o leque de modelos para atender às exigências de mercado.
“As locações continuarão crescendo, ano a ano. O empresário já percebeu que pode ter ganho operacional, fiscal e estar sempre com a frota renovada, porque ele pode trocar o aluguel de um trator usado por um novo sem comprometer o orçamento, já que vai pagar apenas tarifa mensal”, explica Resende ao Agro Estadão.
Pesados
Estreante na feira, a Addiante, joint-venture formada pela parceria entre Gerdau e RandonCorp, está no segundo ano de atuação no aluguel de veículos pesados, que inclui caminhões, implementos agrícolas e máquinas para as linhas amarela e verde. Com a meta de fortalecer a presença no setor agrícola, que já representa 30% dos seus negócios, a empresa busca destacar a locação como um diferencial para consolidar a marca em todo o território nacional.
Para o gerente de Marketing, Fabio Kalil, a participação na Agrishow é fundamental para isso, já que a feira é a grande vitrine do agronegócio brasileiro. “Esta é uma grande oportunidade para apresentarmos nossas soluções a potenciais clientes, além de fortalecermos nossos laços com fornecedores e demais stakeholders”, explica Kalil.
No estande, os visitantes também podem, por meio de um simulador, experimentar a sensação de pilotar um caminhão de corrida e se divertir com óculos de realidade virtual, que proporciona a sensação de estar dentro de um caminhão ou de uma máquina agrícola.