Agricultura
De tradição à biotecnologia: São Paulo renova a cultura da alcachofra
Pesquisadores e produtores paulistas modernizam o cultivo da “Roxa de São Roque” e reforçam a liderança do Estado no setor
Redação Agro Estadão
07/12/2025 - 05:00

Pouca gente sabe, mas a alcachofra é uma flor. Colhida antes de se abrir completamente, quando suas pétalas ainda protegem um coração macio e saboroso, ela se transforma em um ingrediente valorizado pela culinária.
Hortaliça originária do Mediterrâneo, ela pertence à mesma família da alface e do girassol. Sua importância econômica cresce à medida que o mercado reconhece seu valor nutricional. E é em São Paulo que essa flor ganha o maior espaço de cultivo do Brasil.
Segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (SAA), o município de Piedade é responsável por cerca de 90% da produção nacional, o que consolidou o lugar como capital brasileira da alcachofra. Ali, tradição e conhecimento se unem há gerações. É de Piedade que saíram as mudas que hoje abastecem produtores de todo o País.
A cultura faz parte da identidade local. “São poucos produtores, mas com muita relevância para o Brasil. Nossa alcachofra é reconhecida pela qualidade, resultado de décadas de dedicação e preparo cuidadoso”, destaca Otávio Freitas Neves, produtor de Piedade e membro de uma família que cultiva a flor há mais de 60 anos.
Com clima ameno e solo fértil, a cidade oferece as condições ideais para o cultivo. A colheita ocorre, em geral, uma vez por ano, mas técnicas de indução hormonal permitem uma segunda safra, ampliando a produtividade e o abastecimento. Versátil, a alcachofra também se destaca na gastronomia: é usada em pratos sofisticados ou simples, sempre valorizando o sabor paulista que vem do campo.
Modernização no cultivo
Na região de São Roque, próximo à Piedade, uma equipe trabalha para modernizar o cultivo e recuperar o vigor genético da tradicional alcachofra “Roxa de São Roque”. O projeto, coordenado pelo pesquisador Wilson Tivelli, começou em 2010 e ganhou força a partir de 2020, em parceria com o Instituto Biológico (IB-Apta) e a Cati Sementes e Mudas.
Após décadas de multiplicação vegetativa, a planta havia perdido força devido à contaminação por vírus. A iniciativa envolveu a identificação dos vírus presentes nas plantas, a limpeza do material genético em laboratório e a produção de novas mudas livres de contaminação.
Em 2023, essas mudas foram reintroduzidas no campo, em dois sistemas de cultivo: o tradicional, com linhas simples, e um modelo experimental em linhas duplas, que busca aumentar a densidade de plantio e, consequentemente, elevar a rentabilidade dos produtores. “O objetivo é garantir que a alcachofra continue sendo um símbolo cultural e econômico de São Roque e de toda a região, unindo tradição, ciência e inovação”, afirma Tivelli.
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