Pesquisa estima quanto vale crédito de carbono na citricultura brasileira | Agro Estadão
PUBLICIDADE
Oferecimento:

Tudo sobre AgroSP

Pesquisa estima quanto vale crédito de carbono na citricultura brasileira

Essa é a primeira vez que o crédito de carbono na citricultura é calculado

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

09/09/2024 - 05:00

Foto: Carlos Ronquim/Embrapa
Foto: Carlos Ronquim/Embrapa

Um estudo inédito quantificou quanto seria o preço de uma tonelada de carbono retirado ou não emitido pela citricultura no Brasil. A estimativa foi calculada pela unidade Territorial da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). De acordo com o levantamento, cada tonelada do gás pode valer US$ 7,72. 

Essa é a primeira vez que um trabalho do tipo é feito para a produção de laranjas, como esclarece a analista da Embrapa, Daniela Tatiane de Souza.  “O que estamos fazendo é um trabalho pró-ativo para traçar perspectivas e estabelecer referências com base em metodologias adotadas internacionalmente”, afirmou. A intenção é de que os valores sirvam de base para produtores venderem os créditos de carbono no mercado voluntário de carbono

O Brasil é o maior produtor e exportador de laranja e do suco da fruta. Na última safra, o país colheu cerca de 307 milhões de caixas de laranja, sendo São Paulo o principal produtor – 10,6 milhões de toneladas. Já as exportações de suco ultrapassaram os 2,8 milhões de toneladas. É um setor que movimenta aproximadamente US$ 14 bilhões por ano e tem potencial para também entrar na rota do mercado de carbono. 

Isso porque o estudo mostrou que cada hectare de citros chega a estocar duas toneladas de carbono por ano, o que pode ampliar a renda desses produtores com a venda dos créditos gerados. 

Valor é próximo ao que se pratica no mercado internacional

Um levantamento da Eurosystem Marketplace mapeou o crédito de carbono gerado pela agricultura de forma geral. O valor no mercado voluntário internacional desses créditos variou entre US$ 6,61 e US$ 11,02 por tonelada do gás. 

PUBLICIDADE

A cifra também fica próxima do que é a média para o preço do carbono da agricultura e pecuária nacionais. Outro estudo conduzido pela Embrapa aponta que esse valor médio estaria em aproximadamente US$ 7 por tonelada de CO² (dióxido de carbono). 

“A precificação de carbono serve de referência para quem vai receber e para quem vai pagar por isso. É claro que ela é só uma referência, pois quando já se tem o certificado de emissão reduzida (CER), pode-se negociar valores maiores do que quem ainda vai iniciar um projeto”, pontuou o pesquisador Lauro Rodrigues Nogueira Júnior.

Foto: Carlos Ronquim/Embrapa

Como foi feito o cálculo do crédito de carbono na citricultura?

O trabalho de referência do carbono levou em consideração 297 cidades entre os estados de São Paulo e Minas Gerais. Foram observados dados socioeconômicos e ambientais para estipular os valores, pois há um gasto para haver a redução ou mesmo remoção do carbono da atmosfera, como explica Júnior. Por exemplo, a melhoria nas práticas de adubação mitigam o uso de nitrogênio e, consequentemente, reduzem as emissões de óxido nitroso, um dos gases do efeito estufa (GEE). Porém, para fazer essas trocas, há um custo ao produtor. 

“Como a redução das emissões de GEE e a remoção de CO2 da atmosfera têm um custo (social, econômico e ambiental), a precificação é necessária para saber quanto se deve pagar por uma tonelada de CO2 equivalente que deixou de ser emitida ou que foi removida da atmosfera por uma atividade ou projeto”, esclarece Júnior.

Nesse sentido, foram medidos o custo social do carbono e o custo marginal de abatimento. O primeiro precifica os efeitos ambientais e sociais das emissões. Já o custo marginal trata do gasto com tecnologia e inovação adotados dentro do pomar para reduzir as emissões. 

PUBLICIDADE

Para isso foram observados indicadores já existentes como o Produto Interno Bruto (PIB) de cada cidade, além da representatividade da agricultura dentro do PIB. Economias municipais mais pujantes tendem a emitir mais carbono, por isso quanto maior foi o PIB maior também maior é o valor do crédito de carbono. 

O estudo faz parte de uma pesquisa mais ampla desenvolvida pela Embrapa em parceria com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). Essa pesquisa analisa os estoques de carbono e a biodiversidade da fauna na região conhecida como Cinturão Citrícola. Os dados estimados apontam que nos 463 mil hectares que compõem a região há um estoque de carbono de 36 milhões de toneladas. Esse volume estaria armazenado no solo, nas árvores frutíferas e também na vegetação nativa dentro das propriedades rurais.

Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Faesp defende R$ 600 bilhões para Plano Safra e que ele deixe de ser anual

Tudo sobre AgroSP

Faesp defende R$ 600 bilhões para Plano Safra e que ele deixe de ser anual

Federação pede, também, R$ 4 bilhões para equalização de juros e afirma que período ideal para divulgação do plano seria de 5 ou 10 anos

Fertilizante de vidro: material desenvolvido pela USP aumenta rendimento agrícola

Tudo sobre AgroSP

Fertilizante de vidro: material desenvolvido pela USP aumenta rendimento agrícola

Experimentos demonstraram desempenho de matéria seca até 91% maior e que a dissolução do composto evita reaplicação de nutrientes

Agro Clima SP expande rede com 100 novas estações meteorológicas

Tudo sobre AgroSP

Agro Clima SP expande rede com 100 novas estações meteorológicas

Programa reforça o monitoramento climático e impulsiona a adaptação da agricultura às mudanças do clima, promovendo produtividade no campo

Semeadoras do Agro mostra força feminina na Agrishow 

Tudo sobre AgroSP

Semeadoras do Agro mostra força feminina na Agrishow 

Comissão da FAESP reuniu mais de 100 mulheres para debater a resiliência e o empreendedorismo feminino no agro 

PUBLICIDADE

Tudo sobre AgroSP

Irrigação com vinhaça é alternativa para salvar canaviais em períodos secos

Geralmente usado como fertilizante, resíduo da produção de etanol foi aplicado na safra 2024/25 para aliviar estresse hídrico provocado por estiagem prolongada

Tudo sobre AgroSP

Agronegócio paulista exporta US$ 6,4 bi no 1º trimestre, queda de 19,9%

Já as importações atingiram US$ 1,5 bilhão, o que representou um avanço de 9,5%, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento

Tudo sobre AgroSP

SP: agricultores ampliam linhas de produtos orgânicos e agroecológicos

Em um mercado conhecido pelas frutas, verduras e legumes, eles investem em criações que agregam valor, como queijos, embutidos e óleos essenciais

Tudo sobre AgroSP

Nova cultivar de feijão é estratégica contra mudanças climáticas

Desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), a Guandu BRS Guatã é tolerante à seca e combate nematoides

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.