Tudo sobre AgroSP
Pesquisa estima quanto vale crédito de carbono na citricultura brasileira
Essa é a primeira vez que o crédito de carbono na citricultura é calculado
3 minutos de leitura 09/09/2024 - 05:00
Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
Um estudo inédito quantificou quanto seria o preço de uma tonelada de carbono retirado ou não emitido pela citricultura no Brasil. A estimativa foi calculada pela unidade Territorial da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). De acordo com o levantamento, cada tonelada do gás pode valer US$ 7,72.
Essa é a primeira vez que um trabalho do tipo é feito para a produção de laranjas, como esclarece a analista da Embrapa, Daniela Tatiane de Souza. “O que estamos fazendo é um trabalho pró-ativo para traçar perspectivas e estabelecer referências com base em metodologias adotadas internacionalmente”, afirmou. A intenção é de que os valores sirvam de base para produtores venderem os créditos de carbono no mercado voluntário de carbono.
O Brasil é o maior produtor e exportador de laranja e do suco da fruta. Na última safra, o país colheu cerca de 307 milhões de caixas de laranja, sendo São Paulo o principal produtor – 10,6 milhões de toneladas. Já as exportações de suco ultrapassaram os 2,8 milhões de toneladas. É um setor que movimenta aproximadamente US$ 14 bilhões por ano e tem potencial para também entrar na rota do mercado de carbono.
Isso porque o estudo mostrou que cada hectare de citros chega a estocar duas toneladas de carbono por ano, o que pode ampliar a renda desses produtores com a venda dos créditos gerados.
Valor é próximo ao que se pratica no mercado internacional
Um levantamento da Eurosystem Marketplace mapeou o crédito de carbono gerado pela agricultura de forma geral. O valor no mercado voluntário internacional desses créditos variou entre US$ 6,61 e US$ 11,02 por tonelada do gás.
A cifra também fica próxima do que é a média para o preço do carbono da agricultura e pecuária nacionais. Outro estudo conduzido pela Embrapa aponta que esse valor médio estaria em aproximadamente US$ 7 por tonelada de CO² (dióxido de carbono).
“A precificação de carbono serve de referência para quem vai receber e para quem vai pagar por isso. É claro que ela é só uma referência, pois quando já se tem o certificado de emissão reduzida (CER), pode-se negociar valores maiores do que quem ainda vai iniciar um projeto”, pontuou o pesquisador Lauro Rodrigues Nogueira Júnior.
Como foi feito o cálculo do crédito de carbono na citricultura?
O trabalho de referência do carbono levou em consideração 297 cidades entre os estados de São Paulo e Minas Gerais. Foram observados dados socioeconômicos e ambientais para estipular os valores, pois há um gasto para haver a redução ou mesmo remoção do carbono da atmosfera, como explica Júnior. Por exemplo, a melhoria nas práticas de adubação mitigam o uso de nitrogênio e, consequentemente, reduzem as emissões de óxido nitroso, um dos gases do efeito estufa (GEE). Porém, para fazer essas trocas, há um custo ao produtor.
“Como a redução das emissões de GEE e a remoção de CO2 da atmosfera têm um custo (social, econômico e ambiental), a precificação é necessária para saber quanto se deve pagar por uma tonelada de CO2 equivalente que deixou de ser emitida ou que foi removida da atmosfera por uma atividade ou projeto”, esclarece Júnior.
Nesse sentido, foram medidos o custo social do carbono e o custo marginal de abatimento. O primeiro precifica os efeitos ambientais e sociais das emissões. Já o custo marginal trata do gasto com tecnologia e inovação adotados dentro do pomar para reduzir as emissões.
Para isso foram observados indicadores já existentes como o Produto Interno Bruto (PIB) de cada cidade, além da representatividade da agricultura dentro do PIB. Economias municipais mais pujantes tendem a emitir mais carbono, por isso quanto maior foi o PIB maior também maior é o valor do crédito de carbono.
O estudo faz parte de uma pesquisa mais ampla desenvolvida pela Embrapa em parceria com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). Essa pesquisa analisa os estoques de carbono e a biodiversidade da fauna na região conhecida como Cinturão Citrícola. Os dados estimados apontam que nos 463 mil hectares que compõem a região há um estoque de carbono de 36 milhões de toneladas. Esse volume estaria armazenado no solo, nas árvores frutíferas e também na vegetação nativa dentro das propriedades rurais.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Tudo sobre AgroSP
1
Prefeito Amigo do Agro ganha adesões pelo país
2
Faesp reforça pedido de ajuda ao governo de São Paulo para conter queimadas
3
São Paulo discute incentivo à agricultura irrigada
4
SP ganha Câmara Temática de Irrigação Sustentável
5
Expomeat 2024 debate sustentabilidade, hábitos de consumo e as oportunidades às proteínas brasileira
6
Mudanças climáticas: dos prejuízos no campo à necessidade de avanços tecnológicos
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Tudo sobre AgroSP
Faesp diz que exportação do agronegócio de SP supera US$ 2 bi em setembro
Queda de 4,8% ante setembro de 2023 é reflexo do recuo dos embarques de etanol, soja em grãos, carne de frango in natura e açúcar
Tudo sobre AgroSP
Algodão colorido: nicho de mercado ganha espaço no noroeste paulista
Agricultores recebem o dobro pelo algodão colorido, mas baixa procura ainda é desafio a ser superado
Tudo sobre AgroSP
Semeadoras do Agro estimula o protagonismo feminino no campo
Projeto da Faesp leva conhecimentos técnicos e incentiva o empreendedorismo das mulheres que atuam no agronegócio, além de reforçar os cuidados com a saúde
Tudo sobre AgroSP
São Paulo ultrapassa Mato Grosso e lidera exportações do agro pela 2ª vez no ano
Fortalecido pelo aumento no setor sucroalcooleiro e de proteínas, SP registra US$ 22,6 bilhões em embarques e alcança 18% das exportações nacionais
Cooxupé expande negócios em SP com parceria estratégica
Maior cooperativa de café do mundo diversifica operações e mira mercado corporativo no centro econômico do Brasil
Indústria apoia conclusão de acordo Mercosul-UE, diz presidente da Fiesp
Josué Gomes da Silva destacou que os exportadores de alimentos estão se adaptando para atender à lei de desmatamento europeia
Crédito outorgado: saiba como recuperar o imposto em São Paulo
Opção para o produtor rural entrou em vigor com a revogação do Decreto Estadual 68.178, que alterava o processo de recuperação de crédito de ICMS
ApexBrasil qualificará 1.825 empresas na capital e interior de SP para exportar
Escritório da ApexBrasil em São Paulo foi inaugurado nesta sexta com a presença do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin