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Incêndios: prejuízos ao setor de cana passam de R$ 800 milhões
Além das queimadas, Orplana alerta para clima seco e falta de chuvas que podem impactar a safra futura de cana e causar mais prejuízos

Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com
05/09/2024 - 13:30

Mais de 100 mil hectares em áreas de cana-de-açúcar e de rebrota de cana foram queimados desde o início dos incêndios que atingiram propriedades rurais no estado de São Paulo e também em outras regiões do Brasil. Os prejuízos ao setor de cana estimados passam de R$ 800 milhões, segundo dados divulgados pela Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), nesta quinta-feira, 5.
Em nota, a entidade ressalta que as perdas estimadas pelos efeitos dos incêndios na cana em pé, nas soqueiras e na qualidade da matéria-prima não contabilizam a quantidade de hectares queimados de áreas de APP (de preservação permanente), reserva legal e pastagens.
Quanto aos impactos para a nova safra, José Guilherme Nogueira, CEO da Orplana, ressalta que a cana só vai conseguir rebrotar quando tiver água no solo, ou seja, quando as chuvas chegarem.
“Esse cenário de clima seco e falta de chuvas pode impactar a safra futura, mas ainda é cedo para essas previsões. Esperamos que as chuvas deste final de ano venham de forma uniforme e volumosa e a rebrota da cana-de-açúcar aconteça de uma maneira mais tranquila”, afirma Nogueira.
Setor terá linha de crédito específica
O anúncio do governo federal de uma linha de crédito específica para o replantio da cana-de-açúcar nas áreas produtoras afetadas pelas queimadas foi enaltecido pelo CEO.
“Certamente teremos a necessidade de replantio e o crédito será um bom alento para os produtores de cana, que gastam, em média, R$ 13,5 mil para a eliminação da soqueira, da rebrota ruim e para a realização do plantio”, explica. “E, muitas vezes, os produtores não conseguem pagar isso em um ano, mas sim em duas ou três safras. Por isso, a linha de crédito irá ajudar”, avalia.
A Organização reafirma estar atenta às necessidades dos produtores de cana e que tem buscado alternativas para reduzir os danos causados pelos incêndios, que afetam negativamente o meio ambiente, a segurança das pessoas e a rentabilidade dos produtores.
“Temos reuniões constantes com o gabinete de crise do governo de São Paulo para tratar sobre as queimadas e os eventos climáticos severos que têm acometido os produtores de cana, como a baixa umidade do ar; pouquíssima chuva; ventos fortes; e, infelizmente, a ignição tem sido ainda ações humanas”, comenta o presidente da Orplana.
Faesp pede ampliação da situação de emergência
Nesta quarta-feira, 4, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) enviou ao governo de São Paulo um ofício solicitando medidas adicionais de apoio aos produtores rurais afetados pelos incêndios recentes no estado. Entre os pedidos, está a ampliação do estado de emergência para além dos 45 municípios, considerando a extensão dos danos.
Em resposta, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, informou que foram disponibilizados R$ 110 milhões para os produtores paulistas afetados pelos incêndios. Destes, R$ 100 milhões em seguro rural para a mitigação dos efeitos econômicos e financeiros do extremo climático, e R$ 10 milhões para suporte aos agricultores por meio de custeio emergencial para despesas de manutenção e recuperação da produção.
Os recursos são via Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP) e para ter acesso ao crédito o produtor deve procurar a Casa de Agricultura do seu município.
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