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Embrapa Instrumentação de São Carlos (SP) aponta que semeadura em taxa variável aumenta produtividade
Trabalho foi realizado em lavouras de milho e algodão no formato on farm, que promove experimentos nas condições reais de produção
Igor Savenhago | São Paulo
25/11/2024 - 16:28
Uma pesquisa conduzida pela Embrapa Instrumentação, de São Carlos-SP, aponta que a distribuição de sementes em taxa variável, de acordo com as condições de cada talhão das propriedades rurais, pode aumentar a produtividade em lavouras de milho e algodão. Os primeiros experimentos, que estão sendo divulgados agora, foram feitos em 2023 em fazendas do Mato Grosso e do Paraná. Em média, o volume colhido de milho cresceu 8% e o do algodão, 3%.
Além da Embrapa Instrumentação, o estudo envolve a Embrapa Agricultura Digital, localizada também no estado de São Paulo, a Embrapa Soja, no Paraná, e a empresa Bosch, que contribui com sistemas de agricultura de precisão, aprendizado de máquina e a Solução de Plantio Inteligente (IPS, na sigla em inglês) embarcados nas plantadoras – que são abastecidos com dados coletados nos testes.
A semeadura em taxa variável não faz a aplicação de maneira uniforme, como nos plantios convencionais. A quantidade de sementes depositada em cada área depende dos parâmetros do solo, como condutividade elétrica e fertilidade, e das plantas, como índices de vegetação. São usados, ainda, mapas de produtividade elaborados com colhedoras equipadas com sensores.
A partir dessas informações, é estabelecido um mapa de aplicação, que permite a distribuição das sementes em quantidades específicas, com alta precisão. Dessa forma, a tecnologia possibilita o aproveitamento máximo do potencial produtivo de cada talhão.
On farm
O coordenador do projeto, pesquisador João de Mendonça Naime, da Embrapa Instrumentação, explica que a execução do trabalho segue o formato on farm, que considera as condições reais de produção. Com base nos conhecimentos acumulados em safras anteriores, é possível fazer correções que resultem em redução de custos, já que podem evitar desperdícios de sementes, aumento de produtividade e, consequentemente, a rentabilidade dos produtores.
Nesse modelo, são empregados implementos e máquinas disponíveis nas próprias fazendas participantes, para que os agricultores possam ajustar não apenas as doses de sementes, mas também de fertilizantes e corretivos de solo por unidade de produção, conforme a estrutura e as condições das suas propriedades. Quando a pesquisa completar 30 meses, os pesquisadores planejam desenvolver uma publicação técnica para orientar produtores de todo o país a plantar em taxa variável.
Além das observações sobre o comportamento das lavouras, o estudo capacita os produtores a colocar as informações necessárias nos equipamentos de plantio. De acordo com Naime, está sendo desenvolvida uma metodologia para permitir aos proprietários autonomia na condução dos experimentos em suas culturas. “O objetivo é capacitá-los a executar, analisar e interpretar os resultados, facilitando a tomada de decisões sobre ajustes na aplicação de insumos, seja por meio de taxas fixas ou variáveis”, afirma o pesquisador.
Uma das fazendas avaliadas foi a Minas Gerais, em Santa Mariana-PR, onde foram realizados testes com sementes de milho. Segundo Júlio Francischini, pesquisador da Embrapa Soja, foram usados dois híbridos, que exigiram um aumento de 10% na população de sementes. Em contrapartida, a produtividade subiu 8%. “Os custos com o aumento da quantidade de sementes aplicada foram superados pelo aumento da produtividade, proporcionando maior lucratividade”, avalia.
Já em Mato Grosso, o estudo com algodão apresentou, com o mesmo aumento de 10% de sementes, um incremento médio de produtividade de 3%. Apesar do índice menor em relação ao milho, Francischini destaca que o dado é um indicativo de que há respostas positivas, principalmente em áreas de maior potencial produtivo.
Ele explica que, nesse caso, novos estudos estão em andamento para comprovação dos benefícios. Durante a safra 2023/24, foram montados outros sete experimentos on-farm, com talhões plantados em meses diferentes, o que vai oferecer mais subsídios para as orientações a serem publicadas pelo projeto.
Entre os desafios, está a obtenção de mapas de colheitas fidedignos. De acordo com João Naime, coordenador do projeto, isso esbarra na falta de calibração frequente dos sensores e no uso de diferentes colhedoras no mesmo talhão. O principal risco é que os dados não reproduzam fielmente a realidade dos produtores.
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