Sustentabilidade
Figo não é fruta, é flor! E surge com ajuda da vespa
Após polinizar, vespa morre e é 'digerida’ pelo figo; o que você acha que são sementes no interior da ‘fruta’, são centenas de pequenas flores invertidas

Redação Agro Estadão*
28/10/2024 - 15:00

O figo é um alimento curioso e cheio de peculiaridades. Do ponto de vista botânico, ele é mais uma fruta que, na verdade, não é! Além disso, algumas pessoas consideram o figo não vegano por conta do seu processo de polinização.
Originário do Oriente Médio, o figo foi introduzido no Brasil durante o período colonial e se adaptou muito bem ao clima tropical e subtropical. Anualmente, o Brasil produz cerca de 25.000 toneladas por ano, segundo dados da Embrapa.
O que é o figo?
O figo (Ficus carica) não é tecnicamente uma fruta, mas sim uma infrutescência — um conjunto de flores e frutos minúsculos concentrados dentro de um receptáculo carnoso, chamado de sicono.
Isso significa que, ao abrir um figo, você não está olhando para o interior de uma fruta, mas sim para centenas de pequenas flores invertidas.
Cada uma dessas flores pode se transformar em um pequeno fruto, o que resulta na textura crocante do figo, graças às pequenas sementes presentes no interior.
Como ocorre a polinização do figo?
A polinização do figo é um processo complexo e fascinante, realizado exclusivamente pela vespa-do-figo (Blastophaga psenes). O ciclo de polinização acontece da seguinte forma:
- A vespa fêmea entra no figo através de uma abertura chamada ostíolo.
- Durante a entrada, ela frequentemente perde suas asas devido ao espaço apertado.
- Uma vez dentro, a vespa deposita ovos e, ao mesmo tempo, poliniza as flores femininas da inflorescência.
- Após completar seu ciclo de vida, a vespa morre dentro do figo.
- O figo, por sua vez, digere o corpo da vespa com enzimas especializadas, permitindo que o fruto amadureça.
Esse processo é crucial para a reprodução da planta e para a sobrevivência da vespa, criando uma dependência mútua entre as espécies.
Para os produtores, esse ciclo influencia diretamente a qualidade e a quantidade dos frutos colhidos.
O figo é vegano?
A polêmica sobre o figo ser ou não vegano gira em torno da presença das vespas no processo de polinização e seus restos dentro dos frutos maduros.
De acordo com a Associação Brasileira de Veganismo, “o estilo de vida vegano dispensa todos os produtos derivados de animais”, o que sustenta a polêmica.
Muitos veganos argumentam que o uso de qualquer forma de vida animal na produção de alimentos vai contra os princípios éticos do veganismo, que critica a exploração animal.
Alguns dos principais pontos de debate incluem:
- Presença de material animal: Cada figo pode conter partes da vespa digerida, o que é inaceitável para muitos veganos.
- Morte inevitável do inseto: O processo de polinização resulta na morte da vespa, algo que é visto como uma forma indireta de exploração animal.
Por outro lado, é importante destacar que esse é um processo natural e que existem variedades de figo partenocárpicas, que não requerem a polinização por vespas, eliminando assim, o envolvimento animal. Esse ponto contribui para a dualidade do debate.
Benefícios do figo para a saúde
Apesar das curiosidades sobre sua estrutura e polinização, o figo oferece uma série de benefícios à saúde.

Melhora a saúde digestiva
O figo é uma excelente fonte de fibras alimentares, que ajudam a regular o trânsito intestinal e prevenir problemas como a constipação. As fibras também contribuem para a saúde do microbioma intestinal, promovendo uma digestão saudável.
Controle da pressão arterial
Por ser rico em potássio, o figo desempenha um papel importante no controle da pressão arterial. O potássio ajuda a equilibrar os níveis de sódio no corpo, prevenindo a hipertensão e reduzindo os riscos de doenças cardíacas.
Ação antioxidante
O figo é rico em antioxidantes, como polifenóis e flavonoides, que possuem propriedades anti-inflamatórias. Esses compostos ajudam a combater os radicais livres, protegendo as células e reduzindo o risco de doenças crônicas, como o câncer.
Contribui para a saúde óssea
Os figos são uma boa fonte de cálcio, que é essencial para a manutenção de ossos fortes e saudáveis. O consumo regular pode ajudar a prevenir a osteoporose, especialmente em idosos.
Ajuda no controle do peso
Por serem ricos em fibras e possuírem baixo teor calórico, os figos podem ser uma boa opção para quem deseja manter ou perder peso. Eles promovem a saciedade e ajudam a controlar o apetite.
Regula os níveis de açúcar no sangue
Embora o figo contenha açúcares naturais, suas fibras ajudam a regular os níveis de glicose no sangue. Isso é especialmente benéfico para pessoas com diabetes, que precisam controlar seus picos de glicose.
Promove a saúde do coração
Além de controlar a pressão arterial, os antioxidantes presentes no figo ajudam a melhorar a saúde cardiovascular. Eles reduzem os níveis de colesterol LDL (“ruim”) e protegem contra a formação de placas nas artérias.
Cultivo e comercialização do figo
Para um cultivo bem-sucedido, os produtores devem considerar as seguintes condições:
- Solo: Bem drenado e rico em matéria orgânica.
- Temperatura: Ideal entre 20°C e 25°C.
- Irrigação: Equilibrada, especialmente durante a frutificação.
- Poda: Essencial para a saúde das árvores e melhor exposição ao sol.
Na comercialização, a diversificação de produtos como figos frescos, secos e orgânicos pode ampliar o mercado, especialmente em parcerias com feiras e mercados regionais.
Embora o debate sobre o figo ser ou não vegano seja complexo, ele não diminui o valor nutricional e a importância econômica desse fruto no Brasil.
Para produtores, compreender o processo de polinização e as práticas de cultivo adequadas é essencial para maximizar a produção e atender à crescente demanda do mercado.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Sustentabilidade
1
SP anuncia curso gratuito sobre resgate de animais em incêndios
2
Brasil lança calculadora de emissões de gases do efeito estufa na pecuária
3
O que é o 'terroir' e como ele influencia o sabor do café, vinho e queijo
4
Conheça a planta que cresce até 1 metro por dia
5
Conheça a fruta da Mata Atlântica que quase desapareceu
6
Nitro e Symbiomics fecham parceria de olho em biológicos ainda não descobertos

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Sustentabilidade
COP 30 recua e libera venda de açaí durante evento em Belém
Após proibição gerar polêmica, organização altera edital e autoriza ainda a comercialização de maniçoba e tucupi

Sustentabilidade
Brasil pode ampliar em um terço sua área agricultável, aponta Embrapa
A expansão ocorreria sem desmatamento, aproveitando a conversão de pastagens degradadas e áreas subtilizadas

Sustentabilidade
Hidroponia e aquaponia: qual a diferença entre os dois sistemas?
Sistemas de cultivo sem solo oferecem soluções inovadoras para otimizar a produção, mas diferem em complexidade e sustentabilidade

Sustentabilidade
Saiba qual o animal brasileiro é imune ao veneno de cobras
Marsupial brasileiro possui imunidade ao veneno de cobras, atuando como predador natural e reduzindo riscos nas propriedades rurais
Sustentabilidade
STF debaterá política ambiental de São Paulo em audiência pública
Audiência pública vem após ação que questiona extinção de instituições públicas com produção científica voltada à preservação ambiental
Sustentabilidade
Brasil lança calculadora de emissões de gases do efeito estufa na pecuária
Ferramenta será utilizada para contabilizar emissões a partir de rejeitos sólidos, mas pode ser expandida para outras atividades
Sustentabilidade
Conheça a fruta da Mata Atlântica que quase desapareceu
Símbolo da Mata Atlântica, o cambuci, travou uma batalha contra a extinção, mas agora se reergue como exemplo de conservação e oportunidade
Sustentabilidade
560 produtores firmam acordos para recuperar áreas degradadas em MT
Termos de compromisso assinados no 1º semestre preveem restauração de 8,5 mil hectares de reserva legal e preservação permanente