Inovação
Embrapa desenvolve nova variedade de amora mais doce e lucrativa
BRS Terena possui maior capacidade de conservação e é focada no mercado de consumo in natura

Paloma Custódio | Brasília
04/12/2024 - 08:00

A Embrapa Clima Temperado, em parceria com a Embrapa Uva e Vinho, desenvolveu uma nova cultivar de amora-preta focada no mercado de consumo in natura. Com sabor mais doce, alta produtividade e maior período de conservação pós-colheita, a BRS Terena oferece vantagens comerciais para os agricultores.
O principal destaque é o sabor mais adocicado em comparação com outras cultivares. Enquanto a Terena possui um teor de 10,3º Brix (proporção de açúcar em uma solução), a Tupy tem 8,9º e a Cainguá, 9,5º. Além disso, a proporção de açúcar em relação à acidez, chamada de ratio (divisão do Brix pela acidez), é o que destaca a BRS Terena no paladar dos consumidores.
Em entrevista ao Agro Estadão, a coordenadora do projeto e pesquisadora da Embrapa, Maria do Carmo Raseira, explicou que a amora-preta (gênero rubus) é naturalmente mais ácida. Por isso, desde 2008, a equipe buscou aumentar a relação entre açúcar e acidez para que a fruta tivesse um sabor mais doce ao paladar. “Enquanto essa relação na Tupy fica em torno de 6 ou 7, na Terena ela fica, na fruta fresca, em torno de 11 e, na fruta congelada, em torno de 13”, detalha.
BRS Terena pode ser conservada por 10 dias após colheita
Outra vantagem comercial da BRS Terena é a capacidade de conversação. Em testes realizados no Laboratório de Fisiologia de Pós-colheita da Embrapa Clima Temperado, a nova cultivar manteve as características durante dez dias de armazenamento em câmara fria. “Como não foi avaliado por mais tempo que isso, pode ser até que se conserve por mais tempo”, avalia a pesquisadora.
A coordenadora do projeto afirma que a nova cultivar pode ser comercializada, tanto in natura, quanto processada para fazer geleias, suco, iogurte e desidratada. “Estamos dando enfoque para comercialização in natura, porque o preço é muito diferente. Dependendo de onde está localizado o plantio, o preço médio ficou em torno de R$ 30 o quilo, às vezes R$ 50”, destaca.
Produtividade
A BRS Terena é indicada para regiões Sul e Sudeste, além de algumas áreas do Nordeste do país, onde já existem cultivos de amoreira-preta. A produção média é de 1,2 kg de fruta por planta, com picos de até 1,8 kg. A estimativa da Embrapa é que a cultivar ofereça um potencial de lucro líquido em torno de R$ 30 mil por hectare, além das vantagens operacionais, já que ela possui menor densidade de espinhos em relação à Tupy, o que facilita o manejo e a colheita.
A pesquisa da Embrapa observou que, na produção sem suporte de arame e sem irrigação, a amoreira-preta da BRS Terena produziu cerca de 9 toneladas de fruta por hectare. Já com o suporte com arame, mantendo a planta mais elevada, a produtividade dobrou.
“Outro fator que influencia é justamente a irrigação, pelo menos naqueles períodos de seca, o que não é raro no verão. Então, nesse período, seria interessante ter uma maneira de compensar essa falta de água”, recomenda a pesquisadora Maria do Carmo.
A BRS Terena também se mostrou mais produtiva em solos mais ácidos. “Não tão ácidos, como é o caso do mirtilo, mas com uma acidez moderada. Então, em solos alcalinos, pode ter problema”, ressalta.
Segundo a pesquisadora da Embrapa, os produtores rurais já mostraram interesse em cultivar a BRS Terena, mas é preciso considerar dois fatores: “Um deles é que, quando alguém vai pensar em plantar, tem que saber para quem vai vender, qual o mercado que ele quer atender. E o outro é a mão de obra. Os plantios normalmente são pequenos, porque um hectare precisa de oito pessoas para colher”, enfatiza.
Desde o lançamento em 27 de novembro, as mudas de BRS Terena estão disponíveis para compra em viveiros licenciados, como o Frutplan Mudas, em Pelotas (RS), e o Guatambu Viveiro de Mudas, em Ipuiúna (MG).
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Inovação
1
Embrapa lança biofungicida para vários tipos de podridão
2
IA combinada ao Whatsapp facilita rotina de produtores rurais
3
Primeira usina de etanol de trigo do Brasil vai processar 100 t por dia
4
Bayer inicia processo de registro de novo herbicida
5
Nova tecnologia promete controlar nematoides na soja
6
Bactéria do semiárido vira aliada no combate à seca nas lavouras

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Inovação
MG recebe 1º concurso internacional de Torra entre Brasil e Japão
Evento vai destacar qualidade dos cafés especiais e estreitar laços entre os países; vencedores serão anunciados no dia 25 de agosto

Inovação
Nova tecnologia promete controlar nematoides na soja
Solução promete bloquear a absorção de nutrientes pelas pragas, que geram prejuízos anuais de R$ 16 bilhões à cultura

Inovação
Bactéria da caatinga ajuda a reduzir estresse hídrico nas lavouras
Testes em diversas regiões do Brasil mostraram que a nova tecnologia pode aumentar a produtividade em até 20%

Inovação
Bayer inicia processo de registro de novo herbicida
Pedido foi submetido em três países, além da União Europeia, mas Brasil será o primeiro a ter o produto disponível
Inovação
Pulverizador agrícola: o que você precisa saber antes de investir
Com pulverizador agrícola o uso de pesticidas é reduzido, mas falhas na regulagem podem gerar perdas e exigem bom manejo
Inovação
Primeira usina de etanol de trigo do Brasil vai processar 100 t por dia
Planta está localizada em Santiago (RS); empresa espera produzir até 50 milhões de litros anuais do combustível até 2027
Inovação
IA combinada ao Whatsapp facilita rotina de produtores rurais
Tecnologias integradas à comunicação do dia a dia visam uma tomada de decisão mais rápida e estratégica em diferentes elos do agro
Inovação
Bactéria do semiárido vira aliada no combate à seca nas lavouras
Hydratus, bioinsumo desenvolvido pela Embrapa e Bioma, promete estimular a produtividade mesmo com pouca água