Sustentabilidade
COP 29: CNA defende investir “pesadamente” em novas tecnologias menos emissoras de carbono
Posicionamento do setor para COP 29 foi entregue ao governo como apoio às discussões diplomáticas que acontecerão na conferência sobre o clima

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com | Atualizada às 14h40
09/10/2024 - 13:16

Métricas e práticas adaptadas à agricultura tropical e financiamento para implementação de ações de mitigação das mudanças climáticas. Esses são alguns dos pedidos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que estão no posicionamento do setor agropecuário para a 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 29), que acontecerá em Baku, Azerbaijão, entre 11 e 22 de novembro.
O documento foi apresentado nesta quarta-feira, 9, em Brasília. O presidente da CNA, João Martins, comentou o papel do Agro no cumprimento das metas brasileiras dentro das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Nesse sentido, o documento da entidade traz pontos para que o governo brasileiro considere na formação das NDCs 2031-2035, que ainda serão formalizadas.
“Ser mais ambicioso a partir de 2031 implicará investir pesadamente em novas tecnologias menos emissoras. Pressupõe-se buscar financiamento e assistência técnica e isso remete ao mandato da COP 29 que é ser a COP dos meios de implementação”, afirmou Martins.
O evento contou com a participação do representante do Ministério das Relações Exteriores, Marco Túlio Scarpelli Cabral. Ele comentou que a “iniciativa é extremamente oportuna” para ajudar na formulação das políticas externas. “Nos ajuda o trabalho quando nós recebemos um documento para entender o que o Agro espera de nós, como nós podemos ser úteis, como nós podemos combinar essas visões e interesses com outros pontos de vista da sociedade brasileira”, reforçou Cabral.
Meta de financiamento para ações de mitigação
O documento da CNA traz a necessidade do financiamento por parte de países desenvolvidos para ações de mitigação e adaptação das mudanças climáticas para os países em desenvolvimento. Segundo o Balanço Global das Emissões na COP 28, será preciso US$ 5,9 trilhões para a implementar NDCs dessas nações em desenvolvimento.
O ponto é considerado importante porque a COP 29, no final do ano, tem como objetivo tratar do modelo de financiamento para esses países. “A decisão de financiamento será a mais importante para a COP 29. É extremamente importante sair do Azerbaijão com a Nova Meta Coletiva e Quantificada (NCQG) que deve contemplar as ações de mitigação, adaptação e transferência de tecnologias, capacitação dos países em desenvolvimento, isso visando limitar o aquecimento global em 1,5º C até o final do século”, disse o presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente, Muni Lourenço.
Mercado de carbono integrado e uso de créditos voluntários
No texto encaminhado ao governo, a CNA defende uma integração entre os mercados de carbono internacionais e o uso de créditos de carbono privados.
A primeira questão trata da formação de um acordo para a integração entre os mercados regulados de carbono do Brasil e de outros mercados regulados. Seria uma espécie de venda e compra dos créditos entre os mercados regulados a nível internacional.
O outro ponto é a entrada de créditos de carbono do mercado voluntário nesse mecanismo de integração entre os mercados regulados. O Agro Estadão mostrou as diferenças entre esses mercados e como é a proposta que tramita no Brasil para o mercado regulado nacional.
COP 30, no Brasil, vai tratar de novas metas
A CNA também está de olho na COP 30, que será realizada em Belém (PA), no próximo ano. A conferência marca os dez anos do Acordo de Paris e uma renovação das NDCs, só que para o período de 2031-2035. Nessa direção, a entidade defende que objetivos mais ambiciosos, mas a reformulação deve contar com a escuta do setor produtivo.
“Será no próximo ano que os países irão apresentar as próximas ambições climáticas para o período 2031-3035. A atualização deverá ser apresentada até março de 2025. A CNA expressa em seu documento a expectativa de que a nova NDC brasileira deve ser embasada em políticas setoriais e ampla participação do setor produtivo na sua elaboração”, pontuou Lourenço durante o discurso.
Acesse o documento e assista no vídeo abaixo o que diz Muni Lourenço.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Sustentabilidade
1
SP anuncia curso gratuito sobre resgate de animais em incêndios
2
Brasil lança calculadora de emissões de gases do efeito estufa na pecuária
3
O que é o 'terroir' e como ele influencia o sabor do café, vinho e queijo
4
Conheça a planta que cresce até 1 metro por dia
5
Conheça a fruta da Mata Atlântica que quase desapareceu
6
Cade suspende Moratória da Soja e abre processo contra exportadores

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Sustentabilidade
Fim da Moratória da Soja opõe ministérios da Agricultura e Meio Ambiente
Enquanto secretário do MAPA defende clareza sobre a legislação, MMA alerta para retrocesso em sustentabilidade

Sustentabilidade
Suzano fará 1ª oferta de cédulas de produto rural no valor de R$ 2 bilhões
Recursos serão aplicados em florestas homogêneas e na conservação de áreas nativas

Sustentabilidade
Cade suspende Moratória da Soja e abre processo contra exportadores
Autoridade antitruste investiga possível formação de cartel de empresas exportadores de soja brasileira

Sustentabilidade
Cateto, queixada e javali: espécies parecidas, desafios distintos para agricultores
Reconhecimento correto ajuda o produtor a agir dentro da lei e proteger o ambiente
Sustentabilidade
Datagro: COP precisa avançar para adoção de novos critérios de sustentabilidade
Plínio Nastari propõe medir ciclo de vida, valorizar renováveis e biocombustíveis no Brasil
Sustentabilidade
COP 30 recua e libera venda de açaí durante evento em Belém
Após proibição gerar polêmica, organização altera edital e autoriza ainda a comercialização de maniçoba e tucupi
Sustentabilidade
Brasil pode ampliar em um terço sua área agricultável, aponta Embrapa
A expansão ocorreria sem desmatamento, aproveitando a conversão de pastagens degradadas e áreas subtilizadas
Sustentabilidade
Hidroponia e aquaponia: qual a diferença entre os dois sistemas?
Sistemas de cultivo sem solo oferecem soluções inovadoras para otimizar a produção, mas diferem em complexidade e sustentabilidade