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Maracujá doce: como cultivar e propriedades do fruto
Apesar de ter origem no Brasil, o cultivo de maracujá doce ainda não é muito difundido

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10/02/2023 - 10:00

O maracujá doce é uma planta tropical originária da América do Sul, especialmente do Brasil, mas encontrada também no Peru, Paraguai e outros locais.
Apesar de seu cultivo não ser amplamente difundido no País, é uma espécie amplamente cultivada no Brasil e encontrada frequentemente na natureza, em seu habitat natural nas restingas litorâneas e na Mata Atlântica da Bahia.
A fruta é altamente nutritiva e rica em vitaminas A, B3 e C, e minerais como cálcio, cobre, ferro, fósforo e potássio, contribuindo para o fortalecimento do sistema imunológico e para a reparação de tecidos do corpo.
Os frutos do maracujazeiro podem ser utilizados na alimentação humana, nutrição animal e nas indústrias farmacêutica e cosmética. No entanto, por ser muito adocicado, essa espécie de maracujá não é utilizada na produção industrial.
Seu consumo é realizado na forma de doces, geleias, licores, suco e sorvete. Sua polpa, menos ácida, é perfeita para quem quer saborear a fruta sem adição de açúcar, podendo ser consumida diretamente.
Considerando todas as variedades de maracujá, o Brasil produz quase 700 mil toneladas por ano da fruta, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os maiores Estados produtores são, respectivamente, Ceará, Bahia, Santa Catarina, Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo.
Qual a diferença do maracujá doce para o maracujá comum?

Embora pertençam à mesma família botânica, Passifloraceae, o maracujá doce e o maracujá comum são duas espécies diferentes, com características físicas e medicinais próprias. A principal diferença entre elas, além da acidez da polpa, é o tamanho e formato dos frutos.
As frutas da Passiflora edulis f. flavicarpa (maracujá comum ou azedo) são redondas, com casca amarela e grossa, pesam entre 40 gramas e 250 gramas, a polpa é amarela ou laranja e contém elevados índices de acidez. Entre os benefícios para a saúde, o maracujá azedo tem propriedades sedativas e diuréticas.
Já a espécie Passiflora alata Curtis (maracujá doce) tem frutos ovais, parecidos com o mamão papaia, e podem pesar de 90 gramas a 30 gramas.
A casca é lisa, com coloração amarela ou laranja brilhante, sendo descrita como lisa e alaranjada, podendo ser usada em saladas e compotas. A sua polpa é translúcida, suculenta, doce e aromática, e pode ser utilizada para combater a insônia e a ansiedade.
Como cultivar o maracujá doce?

O cultivo do maracujazeiro pode ser realizado nas regiões tropicais e subtropicais, com solos arenosos ou levemente argilosos, profundos e com boa drenagem para inibir o desenvolvimento de doenças na raiz.
A primavera é o período mais indicado para iniciar a plantação, e a colheita acontece de 6 meses a 9 meses após o início do plantio. O maracujá doce é uma planta trepadeira perene, uma videira que pode crescer até 6 metros de altura.
Suas flores possuem cheiro agradável e exótico, atraindo abelhas, borboletas e aves.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem pesquisando tipos de maracujá doce com elevada produtividade e resistência a pragas.
O BRS Mel do Cerrado é a primeira cultivar da espécie Passiflora alata Curtis destinada ao mercado de frutas especiais de alto valor agregado, podendo ser cultivado em estufa, sítios, chácaras e no ambiente urbano.
Veja como cultivar o maracujá doce.
Propagação
O maracujazeiro é cultivado, geralmente, por meio das sementes. Elas podem secar diretamente no interior do frutos ou serem retiradas e colocadas em um recipiente de vidro ou louça para fermentar por alguns dias, o que ajuda a remover a polpa e facilita a germinação.
Após a fermentação, as sementes devem ser lavadas em água corrente e secas à sombra antes do plantio. O produtor deve ficar atento para retirar sementes de frutos colhidos de diferentes plantas para garantir um plantio mais eficaz e maior variabilidade genética.
As sementes geralmente germinam em cerca de 10 a 15 dias. Outros métodos de propagação, como estaquia, também podem ser utilizados, mas a propagação por sementes é a mais comum.
Poda
A primeira poda, conhecida como poda de formação, deve ser realizada duas semanas após o plantio, com a eliminação dos brotos laterais, deixando apenas o ramo principal mais vigoroso para que ele cresça e alcance o suporte (treliça ou parreira).
Isso garante um desenvolvimento mais rápido do maracujazeiro na estrutura de tutoramento. No período de entressafra, após a colheita principal, uma poda de limpeza ou de produção é necessária para retirar ramos secos, doentes, fracos ou que já produziram, além de excesso de folhagem.
Essa poda ajuda a renovar a planta, melhorar a circulação de ar, reduzir o risco de contaminação por doenças e estimular novas brotações que darão origem à próxima safra.
Tutoramento
O maracujazeiro é uma planta trepadeira e necessita de suporte para se desenvolver adequadamente.
O fruticultor deve utilizar estacas para tutorear o ramo principal mais vigoroso, guiando-o verticalmente até o sistema de suporte definitivo, que pode ser uma treliça, cerca, caramanchão ou parreira, geralmente construídos com mourões e fios de arame.
No topo das estacas e ao longo da estrutura de suporte, fios de arames laterais podem ser utilizados para que a planta se ramifique e desenvolva uma espécie de “cortina” de ramos e folhas.
Essa estrutura permite que a planta receba luz solar de forma mais eficiente, facilita o manejo (poda, controle de pragas e doenças) e a colheita, além de evitar que os frutos toquem o solo.
Manejo de doenças e pragas
As principais doenças que atacam o maracujazeiro são o tombamento (causado por fungos de solo), a antracnose (identificada por manchas escuras nas folhas e frutos), verrugose e a murcha (que leva ao definhamento rápido da planta).
Medidas preventivas são fundamentais, como a escolha de mudas sadias, o uso de variedades mais resistentes, a rotação de culturas, evitar o excesso de umidade no solo e a limpeza da área de cultivo. A aplicação de defensivos químicos ou biológicos, quando necessária, deve seguir as recomendações técnicas para cada doença ou praga.
O fruticultor deve vistoriar periodicamente a plantação para identificar a presença de insetos, como abelhas arapuá (que danificam as flores), besouro das flores, pulgões (que sugam a seiva e transmitem vírus), além de ácaros.
O uso de inseticidas e acaricidas específicos é indicado para o controle, priorizando produtos de menor impacto ambiental sempre que possível.
A eliminação de ervas daninhas, que competem por nutrientes e podem abrigar pragas e doenças, deve ser realizada por meio da capina manual com enxada e roçadeira, com cuidado para não danificar as raízes superficiais do maracujazeiro, ou por meio do uso controlado de herbicidas, se necessário.
O manejo integrado de pragas e doenças, combinando diferentes métodos de controle, é a abordagem mais eficaz.
Colheita
Diferente do maracujá comum, que a colheita é realizada quando as frutas maduras caem naturalmente no chão, o maracujá doce deve ser colhido ainda no pé, antes que caia, quando suas cascas mudam de cor para amarelo ou roxo, dependendo da variedade, e apresentam um brilho característico de maturação.
A colheita no pé evita danos aos frutos e prolonga sua vida útil. Uma tesoura de poda com pontas redondas ou um canivete afiado devem ser utilizados para separar a fruta do maracujazeiro, cortando o pedúnculo (caule que liga o fruto ao ramo) e deixando um pedaço de cerca de 1 a 3 cm.
Os frutos colhidos devem ser manuseados com cuidado para evitar machucados e armazenados em local fresco e arejado.
Fonte: Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer-MS)

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