Pecuária
Exportação de Carne Angus Certificada cresce 98%; tarifa de Trump não afeta setor diretamente
Israel lidera importações e embarques da proteína batem recorde

Mônica Rossi | Porto Alegre | monica.rossi@estadao.com
16/07/2025 - 09:54

A exportação de Carne Angus Certificada alcançou um marco inédito no primeiro semestre de 2025. Houve aumento de 98,6% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre janeiro e junho, foram exportadas 2.648 toneladas do produto. Israel se consolidou como principal destino da carne, respondendo por 35% da comercialização, superando a China que recebe 31% dos embarques.
Diferente de muitos setores da pecuária brasileira, quem produz Carne Angus Certificada não será afetado diretamente pelo novo Tarifaço dos EUA. Durante a apresentação dos números de 2025, nessa terça-feira, 15, em Porto Alegre, o presidente da Associação Brasileira de Angus e Ultrablack, José Paulo Cairoli, esclareceu que os norte-americanos são responsáveis por somente 1.5% das importações dessa proteína, cerca de 40 toneladas. “É insignificante no contexto do Angus, ao contrário da importância que essa relação tem para o nosso país. Exportamos somente coxão mole e patinho que lá nos EUA serão moídos”. Cairoli complementou dizendo que espera que as duas forças políticas entrem em um entendimento antes do dia 1 de agosto, quando a tarifa de 50% começará a ser cobrada.

Quanto ao recorde nas remessas de Angus para o exterior, Cairoli afirmou que os resultados superaram as expectativas para o ano e refletem a crescente demanda por carne de qualidade. “Os números do primeiro semestre mostram que 2025 será, de fato, um ano histórico. A demanda por qualidade só cresce, e o aumento da exportação comprova que estamos alinhados com o que o mercado exige. O reconhecimento da carne Angus certificada como sinônimo de excelência é fruto de um trabalho consistente em toda a cadeia produtiva”, comenta Cairoli.
O presidente acrescentou que o grande desafio, agora, é aumentar o número de animais para abate. Ele disse que a Associação trabalha para valorizar a certificação da carne Angus e tornar o maior número de fazendas da raça com condições ideais para serem certificadas. Para um animal receber o selo da Carne Angus Certificada, é necessário ter o mínimo de 50% de genética Angus, seja jovem, com cobertura de gordura mínima mediana e conformação de carcaça adequada. Além disso, o abate deve ocorrer em frigoríficos credenciados e com rastreabilidade garantida em todo o processo.
De acordo com Wilson Brochmann, diretor do Programa Carne Angus Certificada, o resultado positivo nas exportações é fruto da ampliação das ações do programa. Atualmente, o Angus Certificado está presente em 12 estados. São 48 unidades frigoríficas no país que podem usar o selo oficial do maior programa de certificação de raça e de carne do país. Brochmann explica ainda que há 80 técnicos atuando no processo de certificação em todo o Brasil.
Outro ponto relevante do primeiro semestre de 2025 foi o aumento do volume de abates, que chegou a 255.600 animais — um crescimento de 13,1% em relação ao mesmo período de 2024.
Israel assume liderança nas importações
O volume recorde de carne exportada para Israel marca o período analisado. Grande comprador do produto dos Estados Unidos, o país optou pelo Brasil devido à redução do rebanho norte-americano. Segundo Brochmann, países como Israel, que prezam pela qualidade da carne, identificaram no programa o padrão ideal para importação brasileira.
Principais importadores do primeiro semestre de 2025

Mateus Pivato, diretor-executivo da Associação Brasileira de Angus e Ultrablack, explicou que houve, neste ano, uma maior diversificação, alcançando 24 destinos. “Há mais países levando a qualidade do que produzimos, de Sul a Norte do Brasil, para seus consumidores. A diversificação é muito importante porque reduz a dependência de um único comprador”, complementa Pivato.

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