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Maracujá está mudando a vida de famílias no nordeste de Goiás
Tecnologias como a irrigação prometem qualificar 2.500 famílias produtoras de frutas no Vão do Paranã
Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com
05/03/2024 - 08:15
A vida na chácara, em Flores de Goiás, sempre foi o sonho da Luciana Neves, de 37 anos. Ela e o marido, Edgar Neves, se mudaram para o pedacinho de terra em 2016, depois de passarem por assentamentos da Reforma Agrária. Mas ainda não haviam conseguido viver da produção na lavoura. Entre plantar melancia, cebolinha e milho, o Edgar também trabalhava como pedreiro para complementar a renda e garantir o sustento.
Há quatro meses, o sorriso não sai do rosto da Luciana. “É a realização de um sonho. Viver e trabalhar na nossa chácara!”, contou para o Agro Estadão. Ela e o marido participam de um projeto piloto para desenvolver a fruticultura no nordeste de Goiás, na região do Vão do Paranã.
Os dois hectares da propriedade foram divididos para os plantios de maracujá e manga. O maracujá já está com frutas e a colheita será em breve. “Deve render de 28 a 30 toneladas, mas se tiver um bom manejo, sendo bem cuidado, pode chegar até mais”, contou a mais nova empreendedora da fruticultura da região. A Luciana diz que, inclusive, já está negociando as frutas com uma distribuidora e, muito em breve, espera colher maracujás e outros resultados.
“Eu sonho quitar o financiamento que adquiri pra investir no projeto, depois melhorar a minha casa. Porque a gente trabalha tanto, merece uma casa confortável no fim do dia. Com certeza, vai dar certo!”, disse Luciana, por telefone, direto da lavoura enquanto fazia a polinização das flores de forma manual. “Pra ter um fruto com bastante polpa”, concluiu.
Kits de irrigação e acompanhamento da Embrapa
Instituições de pesquisa e governo do estado de Goiás atuam no projeto para o desenvolvimento do Vão do Paranã, onde vivem 2.500 famílias. Nesta primeira etapa, dez famílias ganharam kits de irrigação com tecnologia insraelense, país considerado o mais avançado do mundo na área de irrigação. Outras 138 famílias receberão os kits em 2024 – o edital para inscrição no programa já foi lançado.
A Embrapa Cerrados acompanha os agricultores e ensina como usar a tecnologia e manejar a plantação. “Muitas vezes, as pessoas ganham os kits de irrigação, mas não sabem usar. Então a ideia é poder viabilizar efetivamente a irrigação como promotora de qualidade de vida dessas pessoas”, contou ao Agro Estadão o chefe de pesquisa na Embrapa Cerrados, Lineu Rodrigues.
Agora, os participantes do projeto vão aprender a usar a estação meteorológica recém comprada, que servirá para todas as propriedades. O pesquisador explica que medidores de chuva serão instalados em alguns pontos para que eles possam manejar água e energia, que são “a base de crescimento de qualquer região”.
A intenção é atender todas as 2.500 famílias que vivem da fruticultura no Vão do Paranã. Rodrigues explica que pretende treinar os mais jovens para que eles sejam aplicadores das tecnologias e possam viver na região e tocar o projeto.
“Queremos levar tecnologia para 2.500 famílias, mas se eu melhorar a vida de 50 delas, estou feliz demais!”.
Acordo com Israel visa a levar mais tecnologia e inovação para a fruticultura
O governo de Goiás assinou um protocolo de intenções com o governo de Israel, que irá compartilhar tecnologias por meio de pesquisadores de institutos de pesquisa que trabalham diretamente com a irrigação.
O secretário de agricultura do estado diz que a organização de uma missão de pesquisadores de instituições públicas e privadas para Israel já começou a ser organizada.
Além disso, a intenção é ampliar as relações comerciais, com a possibilidade da entrada das frutas goianas no mercado de Israel.
“A comercialização, talvez seja o processo mais importante da produção de frutas. Os produtores terão condições agronômicas favoráveis para produzir bem, com escala e qualidade, de forma a atender as exigências sanitárias dos principais países compradores. Então é preciso estruturar essa alternativa de comercialização”, afirmou o secretário de Agricultura, Pedro Leonardo Rezende, ao Agro Estadão.
Brasil tem 1,92 milhão de hectares com irrigação por pivôs
No Brasil, 1,92 milhão de hectares são irrigados por pivô, com mais de 30 mil pivôs. Entre 2010 e 2022, o crescimento médio foi de 80,6 mil hectares por ano, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA).
Seis estados concentram 92% da área com irrigação por pivôs: Minas Gerais (29,2%), Goiás (16,2%), Bahia (15,3%), São Paulo (12,9%), Rio Grande do Sul (10,2%) e Mato Grosso (8,6%).
Os cinco maiores municípios brasileiros com área equipada com pivôs são: Paracatu (MG), com 79,9 mil hectares; Unaí (MG), com 72,7 mil ha; Cristalina (GO), com 65,5 mil ha; São Desidério (BA), com 56,5 mil ha; e Barreiras (BA), com 48,2 mil ha.
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