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Economia

Vindima 2025: Produção de uvas no RS deve alcançar 700 mil toneladas

Com clima favorável, vitivinicultores de uvas da Serra Gaúcha estimam safra 45% maior e de alta qualidade

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Paloma Custódio* | Bento Gonçalves (RS)

08/02/2025 - 08:00

Foto: Consevitis-RS/Divulgação
Foto: Consevitis-RS/Divulgação

Em período de vindima, vitivinicultores gaúchos esperam colher 700 mil toneladas de uvas em 2025, um aumento de 45% em relação à safra passada. O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 90% da produção nacional e, na safra 2024/25, cerca de 15 mil famílias cultivaram aproximadamente 48 mil hectares de parreirais, em municípios da Serra e da Campanha Gaúcha, segundo dados do governo estadual. 

Os produtores entrevistados pelo Agro Estadão, na região do Vale dos Vinhedos e Pinto Bandeira, foram unânimes ao dizer que esta safra — que começou com o plantio em agosto de 2024 e vai terminar com a colheita em março de 2025 — se destaca pela qualidade das frutas. O motivo é o alto volume de chuva no período em que as plantas estavam hibernando e a estiagem e o calor no início da colheita, o que contribuiu com a maturação.

Vale dos Vinhedos

O Vale dos Vinhedos — que abrange o nordeste de Bento Gonçalves, o noroeste de Monte Belo do Sul e o sul de Garibaldi — conta com a maior densidade de vinícolas por km² na América Latina. São mais de 30 empreendimentos reconhecidos pela qualidade de seus vinhos e espumantes. A região começou a produzir vinhos em 1875 com a chegada dos imigrantes italianos e hoje elabora de 10 a 12 milhões de garrafas por ano a partir de 2.100 hectares de vinhedos. 

Entre as principais vinícolas do vale está a Dom Cândido, inaugurada em 1986 por Cândido Valduga. Atualmente, os filhos estão à frente do negócio. Com o cultivo de 12 hectares de uvas nobres, com destaque para a Marselha, o gestor Marcos Valduga espera uma produção satisfatória de 400 toneladas, o suficiente para produzir 300 mil garrafas de vinhos e espumantes.

“Nós viemos de uma enchente problemática e não sabíamos como as parreiras iam se comportar. Tivemos um inverno chuvoso, mas que as plantas precisavam para se desenvolver. E agora começou um verão de calor durante o dia e a noite mais fresquinha. A uva precisa disso para a casca ficar mais grossinha e criar o açúcar. Então, nós estamos muito felizes”, avalia.

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Vinícola Dom Cândido – Foto: Siderlei Ditardi/Consevitis-RS/Divulgação

Também na região do vale está a vinícola Cave do Sol, inaugurada em 1927 pela família Passarin. Hoje, o empreendimento é tocado pelo casal Arnaldo e Arlete, juntamente com os filhos, que nutrem a paixão pelos vinhedos e pelo vinho. O empreendimento não tem cultivo próprio e trabalha com 400 famílias parceiras que fornecem as frutas para industrialização. As principais são Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec, Gewurztraminer, Merlot, Marselan, Chardonnay, Tannat, Moscato, além de uvas para espumantes e sucos.

A enóloga da Cave do Sol, Maria do Nascimento, avalia que a safra de uva 2024/25 tem sido muito boa. “Já vemos que é uma safra um pouco mais volumosa do que foi no ano passado. Esperamos que as condições climáticas continuem ajudando”, estima.

Segundo a enóloga, as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em abril e maio de 2024 não prejudicaram os parreirais do Vale dos Vinhedos, porque a safra anterior já havia sido colhida e as plantas estavam em estado de dormência.

Vinícola Cave do Sol – Foto: Siderlei Ditardi/Consevitis-RS/Divulgação

A Pizzato Vinhas e Vinhos é uma vinícola fundada em 1999 pela família Plínio Pizzato. Com produção de vinhedos próprios, a expectativa para a colheita da safra 2024/25 é de 400 toneladas de uvas, o suficiente para produzir em média 500 mil garrafas de vinhos e espumantes. 

Na avaliação do enólogo-chefe Flávio Pizzato, apesar da estimativa de produção de uvas ser melhor que na safra 2023/24, a previsão está um pouco abaixo da média anual da vinícola. “O motivo é uma brotação não uniforme das uvas brancas. Nas tintas nós temos uma colheita normal. Mas nas brancas, nós temos uma produção menor, porque a planta não foi tão fértil na hora de gerar os cachos iniciais”, explica.

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Flávio Pizzato – Foto: Siderlei Ditardi/Consevitis-RS/Divulgação

Altos de Pinto Bandeira

A área geográfica delimitada da Denominação de Origem (D.O.) de Espumante Altos de Pinto Bandeira possui 65 km² e abrange os municípios de Pinto Bandeira, Farroupilha e Bento Gonçalves. As bebidas com este selo são reconhecidas pela qualidade excepcional e pela tradição singular da produção nesta região. 

O limite máximo de produtividade é de 12 toneladas por hectare. As uvas são 100% produzidas em vinhedos cultivados dentro da área geográfica delimitada da D.O., exclusivamente das variedades de Vitis Vinífera L. Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico.

A Cooperativa Vinícola Aurora é a maior e uma das mais antigas do Brasil. Em seus vinhedos em espaldeira em Pinto Bandeira, a cooperativa cultiva variedades destinadas à elaboração de vinhos e espumantes reconhecidos pela alta qualidade da D.O. 

A projeção da cooperativa para a safra 2024/25 é de 75 mil toneladas de uvas após o término da colheita, 50% a mais frente às 50 mil toneladas colhidas em 2024. Segundo o enólogo da Aurora, Christian Bernardi, a expectativa para a temporada é muito boa, especialmente em comparação com a quebra da safra 2023/24.

“O ano passado se colheu em torno de 30% a menos do normal de produção aqui na região. E este ano está se recuperando, teremos uma safra de normal para um pouquinho acima do normal a nível de quantidade e qualidade”, avalia Christian Bernardi.

Vinícola Aurora – Foto: Siderlei Ditardi/Consevitis-RS/Divulgação

Composta por 1.100 famílias produtoras associadas em 11 municípios gaúchos, a cooperativa Aurora representa de 10% a 15% da safra de uva do estado do Rio Grande do Sul e uma das maiores do país.

* Jornalista viajou para Bento Gonçalves (RS) a convite do Consevitis-RS e do Sebrae Nacional.

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