PUBLICIDADE

Economia

Tarifas ou barreiras não tarifárias: o que prejudica mais o Agro?

Especialistas divergem sobre qual medida traz mais problemas, mas afirmam que ambas têm impactos dolorosos

Nome Colunistas

Daumildo Júnior* | Cuiabá (MT) | daumildo.junior@estadao.com

29/10/2025 - 05:00

WMC 2025 reúne representantes da cadeia da carne de 20 países. Foto: Balbino/IMAC
WMC 2025 reúne representantes da cadeia da carne de 20 países. Foto: Balbino/IMAC

De um lado, exigências ambientais ou burocráticas. Do outro, taxas de importação em níveis elevados. Mas qual pode ser pior? O questionamento foi um dos temas tratados no World Meat Congress (WMC) 2025. O evento reúne, até a próxima quinta-feira, 30, em Cuiabá (MT), agentes da cadeia de carne de 20 países.  

Para o professor do Insper Agro Global, Marcos Jank, as tarifas têm uma capacidade de dano que prejudica toda uma cadeia. “As tarifas estão sendo usadas para questões não comerciais, o que é muito preocupante para mim. Acho que nunca deveríamos misturar tarifas com questões não comerciais, porque as tarifas estão diretamente relacionadas à eficiência das cadeias de suprimentos globais”, comentou em um dos painéis no WMC.

CONTEÚDO PATROCINADO

Quanto às barreiras não tarifárias, como a lei antidesmatamento da União Europeia, o especialista disse que também são um problema grave, especialmente para as cadeias de produtos perecíveis, como a carne. 

“No setor de carne e em alguns setores de produtos muito perecíveis, barreiras não tarifárias são muito complicadas, especialmente barreiras não tarifárias relacionadas a questões técnicas, a questões sanitárias. E hoje estamos vendo a União Europeia tentando impor custos e outras barreiras lá, legislação ambiental, o que é também um problema, pois não temos nenhum entendimento internacional para restrições ambientais”.

Incertezas em tarifas acrescentam risco

Já o ex-diretor de Assuntos Internacionais da Comissão Europeia da União Europeia, John Clarke, aponta que a questão da imprevisibilidade trazida pelas tarifas qualifica essa prática como mais danosa. Segundo ele, a resposta seria outra antes de janeiro, mas, depois das tarifas americanas, a opinião mudou.  

PUBLICIDADE

“A violação das regras internacionais pelos EUA em termos de tarifas, eu acho, está criando desafios tão graves quanto os enfrentados pelas barreiras não tarifárias. Realmente depende do nível de tarifa que está sendo aplicado. Empresas e países podem sobreviver, podem gerir provavelmente uma tarifa de 10%, mas não podem gerenciar uma tarifa de 40% ou 50%, que estrangula completamente o comércio”, reforçou. 

Mesmo assim, lembrou que as medidas não tarifárias também têm impactos severos. “Barreiras não tarifárias são menos transparentes. Elas interrompem as cadeias de suprimentos muito facilmente, elas se prestam à discriminação e podem ser facilmente capturadas pelo protecionismo”, acrescentou Clarke.

“Não acho que vamos ter tarifas de hoje para sempre”

Produtores americanos, no entanto, opinam que o pior entre as duas formas de restrição são as barreiras não tarifárias. O CEO da Associação Nacional de Departamentos Estaduais de Agricultura (Nasda, sigla em inglês), Ted McKinney, disse que essas medidas são como “um câncer que nunca vai embora”.

“A única coisa que eu desgosto mais do que tarifas em geral é quando meus agricultores têm mercados negados por meio de barreiras comerciais não tarifárias, e não recebemos um tratamento igual”, afirmou McKinney, indicando que esse seria um dos motivos para o “declínio da OMC” e das imposições tarifárias americanas. 

Ele ainda disse acreditar que essas tarifas excessivas adotadas pelo governo de Donald Trump não devem ser duradouras. “Francamente, não acho que vamos ter tarifas de hoje para sempre. Estou ouvindo que vai haver algumas de 4%, 10%, 15%, que é o que a maioria dos países ao redor do mundo tem. Então, estamos apenas indo para o que a maioria dos países já aplica”, complementou.

*Jornalista viajou a convite do IMAC

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Agro gaúcho em 2026: Farsul alerta para crise prolongada

Economia

Agro gaúcho em 2026: Farsul alerta para crise prolongada

Entidade aponta preocupação com desequilíbrio fiscal e alerta que produtores não podem depender do governo

Importação chinesa de soja em novembro aumenta 13,1%, para 8,11 milhões de t

Economia

Importação chinesa de soja em novembro aumenta 13,1%, para 8,11 milhões de t

Em valores, as compras da oleaginosa pela China somaram US$ 3,79 bilhões em novembro, 7,7% mais na comparação anual

Parlamento aprova salvaguardas e acordo Mercosul-UE entra em fase decisiva

Economia

Parlamento aprova salvaguardas e acordo Mercosul-UE entra em fase decisiva

Após receber amplo apoio dos eurodeputados, acordo enfrentará resistência de França e Polônia no Conselho Europeu

Após Paraná, Goiás veta reidratação de leite em pó importado para consumo

Economia

Após Paraná, Goiás veta reidratação de leite em pó importado para consumo

Medida atende reivindicação da cadeia produtiva do leite e tenta conter impactos das importações de leite do Mercosul 

PUBLICIDADE

Economia

China define novas tarifas para carne suína da União Europeia

Novas taxas vão de 4,9% a 19,8% e substituem medidas temporárias mais altas, válidas desde setembro

Economia

Reforma tributária: o que o produtor rural precisa fazer antes de janeiro?

Entenda os ajustes imediatos necessários para evitar problemas com notas fiscais e créditos tributários em 2026

Economia

Castanha de baru, frutas processadas e arroz ganham acesso a novos mercados

União Euroasiática, Japão e Nicarágua autorizaram a entrada de produtos brasileiros

Economia

São Paulo lança Rotas da Cachaça para impulsionar turismo rural

Programa reúne 65 municípios e mira expansão de mercado para produtores paulistas

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.