Economia
Suco de laranja: empresa dos EUA contesta tarifa de Trump sobre o Brasil
Em processo judicial, Johanna Foods argumenta que tarifa é ilegal e deve resultar em alta de até 25% para o consumidor norte-americano

Redação Agro Estadão
21/07/2025 - 18:56

A imposição de uma tarifa de 50% sobre as importações do Brasil, anunciada pelo presidente Donald Trump, com previsão de entrar em vigor a partir de 1º de agosto, gerou reação da indústria de suco de laranja norte-americana. Conforme noticiou a agência de notícias Bloomberg na sexta-feira, 18, a distribuidora americana Johanna Foods, uma das maiores importadoras de suco de laranja não concentrado, entrou na Corte de Comércio Internacional dos EUA alegando que a medida é ilegal e inconstitucional.
De acordo com a ação, a tarifa não se justifica em bases legais, pois não atende aos critérios de emergência nacional exigidos pela Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA). A Johanna Foods argumenta que os motivos alegados por Trump, como a defesa do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, críticas ao sistema eleitoral brasileiro e a “relação comercial injusta” com o Brasil, não configuram ameaças “incomuns e extraordinárias” capazes de autorizar o uso da lei para impor tarifas sem aprovação do Congresso.
Com sede em Nova Jersey, a empresa estima que a tarifa sobre o suco brasileiro aumentaria seus custos em US$ 68 milhões nos próximos 12 meses, o que poderia resultar em alta de 20% a 25% para o consumidor final. O impacto seria expressivo, já que o Brasil fornece mais da metade do suco de laranja vendido nos EUA.
Para a Casa Branca, porém, a medida está amparada na lei. Em nota, o porta-voz Kush Desai afirmou que o governo “está usando, legal e justamente, os poderes tarifários concedidos pela Constituição e pelo Congresso para equilibrar a concorrência e proteger a segurança nacional.”
O centro da disputa é a carta que Trump enviou em 9 de julho ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual anunciou a ameaça da tarifa e vinculou a decisão ao tratamento dado a Bolsonaro.
A Johanna Foods afirma que a carta não equivale a uma ordem executiva formal, não declara emergência nacional nem cita diretamente a IEEPA — diferentemente de outras ações tarifárias tomadas por Trump no passado. Para a empresa, o presidente estaria usando o comércio como instrumento de pressão política, algo fora dos limites previstos pela lei.

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