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Economia

Café, suco de laranja e carne bovina são alguns dos produtos afetados pela taxação de Trump

Nova tarifa de 50% sobre o produtos agropecuários deve começar a vigorar a partir de 1º de agosto

Daumildo Júnior e Paloma Santos | Brasília e Andrea Russo | São Paulo | Atualizada em 10/07/2025, às 14h17

09/07/2025 - 20:22

Foto: Adobe Stock
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Os Estados Unidos vão impor tarifas de 50% a todos os produtos do Brasil. O anúncio foi feito em uma carta da Casa Branca endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tarde desta quarta-feira, 9.

De acordo com uma fonte do governo brasileiro ouvida pela reportagem do Agro Estadão, a medida pode encarecer e até inviabilizar produtos agropecuários do Brasil no mercado americano. “Todo mundo foi pego de surpresa e foi injusto. Agora é a hora de sentar e entender exatamente, acalmar os ânimos e pensar em fórmulas de se buscar um consenso. É difícil dizer nesse primeiro momento, mas agora naturalmente inviabiliza praticamente todos os produtos exportados pelo Brasil”, comenta. 

CONTEÚDO PATROCINADO
tabela exportações brasil eua

Comparação de tarifas por setor agroexportador

Segundo relatório divulgado nesta quinta-feira, 10, pela consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio, a nova tarifa afeta setores-chave do agro brasileiro. O café, antes taxado em 10%, salta para 50%, encarecendo o produto no maior mercado consumidor do mundo. A carne bovina, já sujeita a tarifa de 26,4% fora da cota anual, corre risco de sofrer nova sobretaxa, o que ameaça as exportações. O suco de laranja poderá ter o custo quase triplicado, com impacto direto sobre a cadeia produtiva.

Fonte: Cogo Inteligência em Agronegócio

Carne bovina

O representante do governo brasileiro cita a situação da carne bovina, que nos últimos meses vem ganhando destaque na pauta exportadora para os americanos. No mês passado, os Estados Unidos foram responsáveis pela compra de 18,2 mil toneladas do produto, sendo o segundo principal destino da proteína brasileira, depois da China. “É ruim para o consumidor americano, porque, se você for pensar, a nossa carne bovina, por exemplo, é uma carne bovina que é usada como ingrediente e num momento em que o ciclo pecuário americano está bastante complicado”, explicou essa fonte escutada pelo Agro Estadão.

Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), entidade que representa as principais empresas exportadoras de carne bovina do Brasil, afirmou que a medida impacta negativamente o setor e que questões geopolíticas não devem se transformar em barreiras ao abastecimento global e à garantia da segurança alimentar.

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Ainda de acordo com a Abiec, o cenário exige cooperação e estabilidade entre os países. “A associação segue atenta e à disposição para contribuir com o diálogo, de modo que medidas dessa natureza não gerem impactos para os setores produtivos brasileiros nem para os consumidores americanos, que recebem nossos produtos com qualidade, regularidade e preços acessíveis”.

Em entrevista ao Agro Estadão, o analista de mercado Carlos Cogo, diz que apesar da taxação não há fornecedores com o volume que o Brasil oferece ao mercado norte-americano. “Há poucos fornecedores substitutos de carne bovina. Nem Argentina ou Austrália têm esse volume”, explica.

Café 

O impacto também se estende ao café. Cerca de 75% dos americanos tomam café e o Brasil é o maior fornecedor de café arábica no mundo. Por mais que os Estados Unidos comprem de outros lugares, os preços internos no mercado do país norte-americano devem aumentar. De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os Estados Unidos consomem cerca de 24 milhões de sacas de café e o Brasil tem 30% desse mercado. 

“Nós estamos fazendo todo um trabalho junto aos nossos parceiros, a National Coffee Association, e membros desta associação, junto à administração [Donald] Trump, porque existe uma agenda positiva nesse sentido. É importante lembrar que o café gera muita riqueza nos Estados Unidos e agrega muito valor na industrialização. Para cada um dólar de café importado são gerados 43 dólares na economia americana”, destacou o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos.

O analista Carlos Cogo ainda acrescenta que outros fornecedores de café, como Vietnã e Indonésia, também foram taxados pelos Estados Unidos. “Esses países começaram com 40%, depois houve uma flexibilização para 10%”, relembra.

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Suco de laranja 

Outro produto que deve ser penalizado é o suco de laranja. De acordo com dados da plataforma Agrostat do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Brasil exportou para os Estados Unidos US$ 1,04 bilhão do produto em 2024. Na mesma linha, o diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, analisa que a medida afeta não só o Brasil, mas os próprios americanos. 

“Fomos pegos de surpresa e ainda vamos analisar os impactos, mas é péssimo para o setor como um todo. Entendemos que essa medida afeta não apenas o Brasil, mas toda a indústria de suco dos EUA que emprega milhares de pessoas e tem o Brasil como principal fornecedor externo há décadas”, pontua Ibiapaba.

Para o ex-secretário de Comércio Exterior e colunista do Agro Estadão, Welber Barral, “apesar do Brasil ser o grande fornecedor mundial de suco de laranja, não há tantas alternativas. Mas o produto norte-americano deverá ser mais protegido e o Brasil pode perder mercado e competitividade”.

Carlos Cogo ressalta ainda que a decisão do presidente Trump vai gerar forte inflação para os americanos e pode ser o motivo que o faça voltar atrás. “Quando ele sofre pressão interna, ele recua. Foi assim com os eletrônicos e deve ser com esses produtos da cadeia dos alimentos”, explica.

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