Economia
Setor lácteo brasileiro: avanços e desafios no Dia Mundial do Leite
Brasil está entre os cinco maiores produtores de leite do mundo, aponta levantamento da FAO
Sabrina Nascimento
01/06/2024 - 07:00
Há 23 anos o mundo celebra o Dia Mundial do Leite em 1º de junho, uma data criada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para destacar a importância deste alimento.
Ao redor do mundo, o setor lácteo é vital para milhões de pessoas, tanto como fonte de nutrição quanto como meio de sobrevivência. O leite e seus derivados são fundamentais na dieta alimentar, fornecendo cálcio, proteínas, vitaminas e minerais essenciais.
No cenário global, o Brasil desponta entre os cinco principais produtores, ficando atrás apenas da Índia, Estados Unidos e China, segundo levantamento da FAO.
Nacionalmente, a produção leiteira é diversificada, abrangendo desde produtores familiares até grandes conglomerados industriais, tornando a bebida um dos principais produtos do agronegócio. Conforme o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1.176 milhões de estabelecimentos agropecuários produzem leite no país, distribuídos em todo o território nacional.
No último ano, as Regiões Sul e Sudeste foram responsáveis, cada uma, por 34% do total de leite produzido, seguidas pelas Regiões Nordeste (17%), Centro-Oeste (11%) e Norte (5%). As informações são do Centro de Inteligência do Leite (CILeite) da Embrapa.
Em termos de participação estadual, Minas Gerais mantém, consistentemente, a liderança na produção de leite, contribuindo com cerca de 27% do total nacional. Em seguida, destacam-se: Paraná (14,9%), Rio Grande do Sul (13%), Goiás (11,4%) e São Paulo (8,9%).
Preço do leite ao produtor sobe pelo 6º mês consecutivo
O preço do leite ao produtor atingiu R$ 2,45 por litro em abril, representando um aumento de 5,1% em relação ao mês anterior. Essa é a sexta alta consecutiva, conforme dados do Cepea divulgados na sexta, 31.
No acumulado do ano, há uma valorização de 18,7%, atribuída principalmente à redução na produção de leite, evidenciada pela queda de 0,37% no Índice de Captação Leiteira em abril e uma redução acumulada de 7,8% no ano.
Segundo os pesquisadores, fatores como os menores investimentos, a entressafra no Sudeste e Centro-Oeste, e atrasos na safra do Sul devido ao clima adverso têm impactado a oferta de leite cru, intensificando a competição entre laticínios e cooperativas por matéria-prima.
Avanço de pleito antigo do setor
Este ano, no Dia Mundial do Leite, os produtores brasileiros podem comemorar o avanço de ações que incentivam a compra de leite nacional, reduzindo a necessidade de importação. Uma das medidas é o decreto 11.732/2023, que entrou em vigor em fevereiro deste ano, com o objetivo de estimular a venda de leite in natura e capitalizar produtores brasileiros.
O decreto altera a aplicação dos créditos presumidos, ou seja, por antecipação, de PIS/Pasep e Cofins no âmbito do Programa Mais Leite Saudável. Laticínios e cooperativas que comprarem leite no Brasil podem ser beneficiados com até 50% de créditos presumidos, desde que cadastrados no programa. Os não cadastrados podem receber até 20% do benefício fiscal. Essas medidas incentivam a compra de leite nacional, reduzindo a importação.
Outra ação em prática, é a investigação, por parte do Governo Federal, da possível triangulação do leite importado e a reidratação de leite em pó. A triangulação ocorre quando empresas importadoras revendem o produto a outras empresas antes de chegar ao mercado, frequentemente com o objetivo de contornar regulamentações ou buscar vantagens comerciais. A investigação da prática busca garantir o fluxo natural do mercado e a renda dos produtores.
Desafios nos próximos meses
As consequências da tragédia no Rio Grande do Sul são monitoradas pela cadeia láctea, uma vez que, 50% da produção estadual é exportada para outros estados.
Em nota de conjuntura, o CILeite aponta que “o fechamento de estradas e queda de pontes agravam a situação, diminuindo a renda dos produtores devido à perda da produção e à queda de produtividade, afetada pela logística precária para obter alimento para o rebanho e escoar a produção.”
Além disso, os pesquisadores do CILeite ainda destacam que as importações nacionais de leite e derivados, que começaram o ano em desaceleração, voltaram a subir em abril. Elas acumulam uma variação positiva de 16% nos primeiros quatro meses do ano, em relação ao mesmo período de 2023. Já o crescimento das exportações foi expressivo, acumulando no mesmo período 56% de alta.
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