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Economia

Produção de tilápias cresce 14,3% e impulsiona expansão da piscicultura 

Exportação brasileira de peixes teve alta de 102% nos último ano, com os EUA respondendo por 89% das compras

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

27/02/2025 - 08:00

Crescimento das vendas de tilápia para os EUA foi o motor das exportações - Foto: Adobe Stock
Crescimento das vendas de tilápia para os EUA foi o motor das exportações - Foto: Adobe Stock

Para aqueles que apostaram que a tilápia seria o novo frango, os resultados até agora, têm mostrado que as fichas estão no caminho certo. Dados do anuário brasileiro da piscicultura elaborado pela Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) e divulgado nesta quarta-feira, 26, mostram uma expansão de 14,3% na produção de tilápia no último ano. Esse é o maior crescimento registrado pelo setor em uma década – período em que a produção mais que duplicou, saltando de 285 mil toneladas em 2015 para as atuais 662 mil toneladas. 

O diretor presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros, atribui esse desempenho aos investimentos no setor. “Nos últimos anos, a tilapicultura cresceu acima de 10% ao ano, o que significa um resultado excepcional para uma proteína no Brasil. Nunca a gente tinha observado isso em suínos, aves, bovinos, leite, nem ovos, ou seja, [são] os investimentos e as empresas que estão fazendo isso com a gente. Estão trazendo resultados positivos”, destacou Medeiros, ao Agro Estadão.

CONTEÚDO PATROCINADO

Como resultado, a tilápia lidera a produção aquícola, representando 68,3%, seguida por espécies nativas, com 26,8%, e outras categorias, que somam 4,9%. 

Tilápia puxa alta de 9,2% na produção de peixes de cultivo

O aumento da produção de tilápias em praticamente todas as regiões brasileiras no último ano — com exceção do Norte do país, onde os peixes nativos estão fortemente presentes — impulsionou o crescimento da produção de peixes de cultivo, que são criados em ambientes controlados, como tanques. 

As espécies, como tilápia, tambaqui, carpa e truta, atingiram 968,7 mil toneladas, representando um crescimento de 9,2% em relação ao ano anterior (887 mil toneladas). 

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Já os peixes nativos, encontrados em águas doces, enfrentaram mais um ano de retração na produção. Na região amazônica, isso impactou diretamente os números, que chegaram a um total de 258,7 mil toneladas em 2024 — queda de 1,81% em relação a 2023 (263,4 mil toneladas). Em contrapartida, a menor oferta contribuiu para a recuperação dos preços pagos aos produtores, apontou o anuário. 

Por outro lado, as outras espécies demonstraram evolução no último ano, totalizando 47,8 mil toneladas, crescimento de 7,5% em relação ao volume registrado em 2023 (44,4 mil toneladas).

Mesmo diante dessa dinâmica, as perspectivas seguem positivas. “Vamos ter uma recuperação de preços pagos ao produtor em 2025, mas não será tão bom quanto em 2023. Agora, há uma coisa certa. Neste ano de 2025, a gente deve continuar aumentando, de forma significativa, nossas exportações, principalmente de tilápia”, afirmou o diretor presidente da Peixe BR.

Exportações de peixe de cultivo disparam, com EUA liderando as compras  

As exportações brasileiras de peixes de cultivo tiveram um salto de 102% no ano passado, totalizando 13,7 mil toneladas. Em valor, a alta foi ainda mais significativa: 138%, alcançando US$ 59 milhões, segundo dados da Embrapa Pesca e Aquicultura e registrados no anuário. 

O grande motor desse crescimento foi a ampliação das vendas de tilápia para os Estados Unidos, especialmente na forma de filés frescos e peixes inteiros congelados. Apenas os filés frescos geraram US$ 36,6 milhões em receita, enquanto os peixes inteiros congelados responderam por US$ 17,5 milhões. Juntas, essas duas categorias representaram 91,7% do valor exportado no ano.

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Durante lançamento do Anuário, PeixeBR projetou nova expansão do mercado para este ano – Foto: Sabrina Nascimento

Diante desses números, os EUA se consolidaram como o principal destino dos peixes de cultivo brasileiros, com compras que somaram US$ 52,2 milhões, equivalentes a 89% do total exportado. Peru, China, Canadá e Japão completam a lista dos maiores compradores. 

O Brasil também ganhou relevância no mercado norte-americano de tilápia, subindo da oitava para a quarta posição entre os maiores fornecedores do produto em 2024. Apenas nos últimos quatro anos, as exportações brasileiras para os EUA cresceram impressionantes 718%. No segmento de filé fresco, o país já ocupa o segundo lugar, atrás apenas da Colômbia.

Parte dessa competitividade está atrelada ao fim da exigência do Certificado Sanitário Internacional (GSI) para as exportações de pescados brasileiros aos EUA, que ocorreu em outubro passado. “Quando a gente fala de regulatórios, não estamos falando para ficar mais folgados. Estamos informando que, se ele não existir, me torno mais competitivo, aumento mais produção, aumento mais exportação e promovo mais renda e emprego”, declarou Medeiros, destacando que o fim da cobrança do GSI por parte do governo norte-americano otimizou as exportações do setor.  

Diretor presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros, destacando o desempenho do setor em 2024.

Acesso ao mercado europeu é prioridade

Além dos EUA, o setor de pescados do Brasil almeja novos mercados. No momento, o foco está voltado para a retomada das exportações de pescados para a União Europeia (UE) e o Reino Unido. Os embarques estão suspensos desde 2018, quando o bloco europeu alegou que a inspeção sanitária das embarcações pesqueiras brasileiras não atendiam às normas estabelecidas pela UE.

Ao Agro Estadão, o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, presente no lançamento do anuário, informou que é uma prioridade dentro do governo. “Temos trabalhado muito com a Inglaterra. Já estiveram aqui, inclusive, técnicos do Reino Unido averiguando embarcações, fazendo uma espécie de auditoria, de vistorias”, informou o ministro. 

Segundo ele, o mercado do Reino Unido pode ser uma porta de entrada para o acesso e retorno ao fornecimento do mercado europeu, uma vez que, desde 2020, a Grã-Bretanha não faz mais parte da UE. “Compreendemos que o mercado do Reino Unido pode […] contribuir muito para o nosso acesso, o nosso retorno ao fornecimento do mercado europeu. Claro que as circunstâncias também são distintas, elas não são iguais, mas é óbvio que é um pontapé inicial dentro do continente europeu”.  

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