Inovação

Embrapa lança ferramenta para auxiliar na produção de peixe pirarucu

Chamada de ArapaimaPLUS, a nova tecnologia também ajudará na preservação ambiental dos rios

4 minutos de leitura

23/04/2024

Por: Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com

Pirarucu sendo pescado
Foto: Síglia Regina dos Santos Souza/Embrapa

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lança na próxima quinta, 25, durante a celebração dos 51 anos, uma ferramenta para ajudar no manejo genético do pirarucu. O ArapaimaPLUS poderá ser acessado dentro da plataforma AquaPLUS, que já tem funcionalidades para outros peixes, como a tilápia. 

A ferramenta desenvolvida pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia recebe o nome científico do pirarucu, Arapaima Gigas. Ela funciona como um serviço de assessoria que entrega ao produtor um mapeamento genético do plantel de pirarucus. Além disso, a Embrapa também encaminha orientações personalizadas para cada necessidade do produtor, indicando as melhorias a serem aplicadas para aumentar a produtividade, uma espécie de assistência técnica sobre o tema.  

O pesquisador responsável pelo ArapaimaPLUS, Alexandre Caetano, explica que o serviço ajuda o produtor a não “perder dinheiro” com o manejo da espécie. Um dos desafios na piscicultura geral é evitar o acasalamento de peixes com similaridade genética, por exemplo, como a reprodução entre irmãos. Isso faz com que as crias sejam mais propensas a doenças, além de ter algumas limitações de crescimento.  

“Normalmente os produtores não têm a menor ideia de qual é a relação de parentesco, de pedigrees, entre os animais que ele tem na piscicultura. Com a ferramenta, ele pode otimizar os acasalamentos. Qual é o grande problema do acasalamento consanguíneo? Na produção do alevino – fase recém-nascida, a perda média é 25% a mais do que no processo com pais diferentes geneticamente”, aponta Caetano ao Agro Estadão. A média de sobrevivência normal é de 80%, com uma reprodução entre peixes com parentesco próximo a média fica abaixo dos 60%.

Estudos comprovam que um pirarucu originado de irmãos, por exemplo, tem um crescimento em média 10% menor se comparado a outro que teve pais com mais variabilidade genética. Isso reflete no rendimento dos produtores que compram os alevinos para criar e depois revendem o peixe para indústrias ou mercados. 

“Os alevinos que sobram depois das fases iniciais vão crescer menos. É o que a gente chama de depressão endogâmica”, esclarece o pesquisador. “Quando a gente arruma todos esses problemas na reprodução, o produtor de alevinos tem lucratividade maior e o cliente dele (produtor de engorda) também vai ganhar”, complementa.

O serviço tem um custo de R$ 90 por peixe analisado. Antes de pegar as amostras (que podem ser um pedaço da nadadeira, por exemplo), a Embrapa faz um dimensionamento de quanto material é necessário para as análises. Além disso, a proposta é entregar ao final um plano de manejo reprodutivo completo, com as indicações de quais peixes colocar para reprodução, e os pontos de cuidado para o plantel.

Tecnologia também pode auxiliar na preservação ambiental

A nova ferramenta da Embrapa também promete ajudar no controle ambiental do pirarucu. Caetano conta que na piscicultura uma parte dos alevinos acaba escapando, por serem muito pequenos e numerosos (uma fêmea de pirarucu libera mais de 100 mil ovos), e se desenvolvendo nos rios. 

No caso do pirarucu, um peixe nativo da região Amazônica, isso pode acabar provocando um agravante já que o processo de reprodução natural é diferente da maioria dos peixes. Ao invés de ir para a cabeceira dos rios, a espécie procura as várzeas dos rios para se reproduzir, o que faz com que os grupos populacionais em um mesmo rio tenham genética distinta. 

Como o peixe nativo ainda está em processo de domesticação, são raros os criadores que têm muitas gerações do peixe na propriedade. A maioria são pescados e colocados em cativeiro para se reproduzirem. 

Com isso, um produtor que queira começar um negócio de pirarucu corre o risco de comprar alevinos de diferentes tipos populacionais e, por consequência, genéticas diferentes. Se a intenção desse produtor for criar para reproduzir, os filhotes do cruzamento desses peixes terão um material genético novo e que não é observado de forma natural na natureza. Consequentemente, os alevinos desse cruzamento que escaparem para os rios podem gerar um problema ambiental nas bacias hidrográficas. 

“A ferramenta também serve para identificar a origem dos peixes, orientar o produtor e prevenir contra futuros problemas ambientais. Hoje, não temos processos dos órgãos regulatórios nesse sentido, mas se houver no futuro, a ferramenta vai ajudar o produtor a identificar essa situação e resolver ela”, explica Caetano. 

Para acessar a ferramenta é preciso entrar em contato com a Embrapa e solicitar o serviço, o produtor pode acessar a plataforma AquaPLUS ou telefonar para o +55 (61) 3448-4662. Também é possível enviar um e-mail para: cenargen.sipt@embrapa.br. A partir do dia 25 de abril a novidade já estará disponível.

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