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Pesquisa da Embrapa avança na busca por variedade de cupuaçu resistente à vassoura de bruxa 

Resultado gerou banco de informações que também pode auxiliar na criação de defensivos mais eficazes contra à doença

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

21/01/2025 - 07:00

Foto: Ronaldo Rosa/Embrapa
Foto: Ronaldo Rosa/Embrapa

Um estudo realizado pela unidade de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) deixa mais perto a criação de uma variedade de cupuaçuzeiro resistente à vassoura de bruxa. Os pesquisadores conseguiram identificar um grupo de genes que pode estar associado a essa característica no cupuaçu. 

“A gente procurou estudar aqueles tecidos [do cupuaçuzeiro] que são atacados por esse patógeno e quais os genes estão expressos nesse ataque”, explica uma das responsáveis pelo estudo, a pesquisadora Lucilia Helena Marcellino.  

A vassoura de bruxa é uma praga provocada pelo fungo Moniliophthora perniciosa. Recebe esse nome devido à aparência com que os galhos e folhas ficam após a ação do fungo. Esse agente infectante é capaz de atacar outras plantas como o cacaueiro. Se não controlada, a vassoura de bruxa é capaz de dizimar uma lavoura de cupuaçu ou de cacau, por isso, é considerada uma das principais pragas combatidas nessas culturas.  

Como pontua Marcellino, essa descoberta pode ajudar no desenvolvimento de novas variedades do cupuaçu através do melhoramento genético. Também será possível investigar mais a fundo enzimas e inibidores de enzimas presentes no momento da ação desse fungo. Isso pode auxiliar na criação de um fungicida capaz de neutralizar o patógeno sem causar danos à planta. 

“Como foi gerado um conjunto de genes bem importante de uma região que contém o tecido alvo de ataque do patógeno, a gente pode identificar algumas enzimas e pretendemos identificar também inibidores de algumas enzimas. Se a gente identificar esses inibidores, será que a gente também poderia controlar a doença? São estudos que podem ser feito”, projeta a pesquisadora. 

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Foto: Ronaldo Rosa/Embrapa

No que consiste a pesquisa?

O estudo buscou identificar quais os genes capazes de conferir ao cupuaçuzeiro uma resistência à vassoura de bruxa em nível molecular. Os genes são pedaços do DNA e são responsáveis por gerar uma característica. Por exemplo: uma pessoa que tem olhos castanhos e outra que tem olhos azuis têm genes diferentes que atribuem essa característica física. Mas nem todos esses atributos são observados a olho nu, como é o caso da resistência ao fungo. 

A pesquisa se baseou na realização de um transcriptoma, uma técnica que permite analisar como um conjunto de genes se expressam em um determinado momento e região. É como tirar uma fotografia molecular das características que esses genes apresentam em um dado período em uma determinada parte da planta. No caso, essa foto foi tirada nos estágios iniciais de infecção nas folhas do cupuaçuzeiro – de 24 horas a 48 horas. 

“Os resultados geraram um conhecimento, um banco de dados importante para se apoiar, por exemplo, o melhoramento genético em cupuaçu. No programa de melhoramento, você vai cruzando as variedades para obter a resistência, mas também tem que se olhar a produtividade, a qualidade, existem outros parâmetros”, afirma Marcellino.

Quando será possível comprar uma muda de cupuaçu resistente à vassoura de bruxa?

A pesquisadora pondera que não há uma previsão certeira de quando será possível comprar uma muda de cupuaçuzeiro que apresente essa característica de resistência. Segundo ela, há outras variáveis na pesquisa, como o financiamento para continuar a investigação científica e o próprio tempo do desenvolvimento das variedades e seus possíveis testes. Mas acredita que não está muito distante. 

“Eu acredito que, em termos de oferta de uma muda já utilizando esses genes, eu arriscaria que em 6 anos”, idealiza. Marcellino lembra que em relação ao cacau (primo do cupuaçu e também vítima da vassoura de bruxa) existem menos pesquisas relacionadas ao cupuaçuzeiro e destaca o papel social e sustentável que a cultura tem para partes do país, como a região amazônica. 

“É importante que o cupuaçuzeiro também seja alvo de estudos para dar apoio à cultura, aos programas de melhoramento, para que a gente consiga ajudar nesse melhoramento aliando resistência com a produtividade, com as características interessantes de polpa, da amêndoa”, conclui.

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