Economia
Plano Safra 25/26: contratações de crédito caem nos primeiros meses, indica CNA
Área com seguro rural recuou 38% e valor segurado teve queda de 43%
 
                        Redação Agro Estadão
12/09/2025 - 13:33

Os dois primeiros meses do Plano Safra 2025/2026 registraram uma queda nas contratações de crédito rural no comparativo com o ciclo anterior. Em operações de custeio e investimento, julho e agosto de 2024 tiveram contratação de R$ 124,7 bilhões, enquanto no mesmo período de 2025, o montante foi de R$ 86,4 bilhões (-31%).
Os dados estão no boletim Análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgado nesta sexta-feira, 12. Segundo a entidade, alguns fatores contribuíram para isso, como “altas taxas de juros, aumento do custo de produção (e, consequentemente, do ticket médio por contrato) e critérios mais rígidos das instituições financeiras”.

Também foi registrada uma redução na área e no valor com Seguro Rural. A área com proteção passou de 2,1 milhões de hectares no período de julho e agosto de 2024 para 1,3 milhão de hectares nesses meses de 2025 (-38%). Quanto ao montante segurado, a queda foi de 43%, passando de R$ 16,1 bilhões para R$ 9,1 bilhões.
Também houve diminuição na subvenção dos seguros. Foram R$ 295 milhões nesses dois meses do ano passado e R$ 231 milhões em julho e agosto de 2025 (-21%). A CNA também indica que o “aumento nos custos de produção eleva o valor absoluto do prêmio”.
Análises das atividades agropecuárias
O boletim também traz panoramas sobre grãos, cana-de-açúcar, pecuária, clima e comércio internacional. Confira abaixo o que a entidade trata em cada um dos aspectos.
- Grãos – Agosto teve uma valorização das cotações internacionais da soja. Parte disso estaria atrelado a uma projeção menor da produção dos Estados Unidos, devido a uma redução de área. O avanço do milho foi mais “contido” no mês passado, devido à boa safra americana e à oferta brasileira.
- Cana – A análise também traz as estimativas apresentadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2025/2026 de cana. Como mostrado pelo Agro Estadão, o levantamento da estatal aponta um recuo de 1,2% na produção, que é atribuído às condições climáticas. A CNA também aponta um aumento na mecanização do plantio de cana, que no ciclo 2023/2024 era 6% da área da região Centro-Sul, e na temporada 2024/2025 chegou a 37%.
- Pecuária – A valorização da carne bovina faz com que a atratividade da carne suína e de frango aumente. No comparativo entre agosto de 2024 e 2025, o quilo da carne bovina subiu 31%, enquanto o quilo de carne suína subiu 3% e a carne de frango não teve variações. A CNA também apontou que a sazonalidade do milho vem pressionando as margens dos produtores de suínos independentes.
- Clima – Com uma projeção de início das chuvas em áreas produtoras, a expectativa é de as precipitações possam se consolidar no Centro do Brasil no final de setembro. Em linha também com o início de alguns plantios. Também há o indicativo do aumento das chances de La Niña na reta final deste ano.
- Comércio Internacional – A entidade destaca que agosto teve um crescimento das exportações do agronegócio para União Europeia (+26%), África (+20%) e Ásia (10%), no comparativo com o mesmo mês de 2024. Enquanto isso, o mês também marcou o início da tarifa americana, o que fez as vendas para lá caírem 5%. Uva e manga tiveram aumento dos embarques aos Estados Unidos em relação a julho de 2025. Mas o valor médio do quilo das frutas caiu 43%. Os pescados para os americanos registraram queda em volume (-8%) e em valor (-15%) em relação a agosto de 2024.
 
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