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Economia

Novo Fiagro financiará agricultura familiar do cacau em modelo que mescla capital público e privado

Fundo nasce com R$ 30 milhões e meta de chegar a R$ 1 bi até 2030; de cada cem produtores de cacau no Brasil, 85 estão à margem do sistema financeiro

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Karla Spotorno (Broadcast)

21/03/2025 - 11:32

Foto: Wenderson Araujo/CNA
Foto: Wenderson Araujo/CNA

Um fundo de investimento blended finance — que mistura recursos de filantropia, de investidores do mercado financeiro e capital público — está sendo lançado nesta quinta-feira, 20, com a meta de chegar a R$ 1 bilhão até 2030. O propósito é financiar a agricultura familiar da cadeia do cacau.

O Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) Kawá é um projeto do Instituto Arapyaú, da Violet, da ONG Tabôa Fortalecimento Comunitário e da MOV Investimentos. “Com o Kawá, queremos ampliar a escala de impactos econômicos, sociais e ambientais positivos, atraindo investidores de maior porte para destravar modelos produtivos que façam uso sustentável do solo e gerem renda para quem mais precisa e quem conserva a floresta”, afirma Vinicius Ahmar, gerente de bioeconomia do Instituto Arapyaú.

CONTEÚDO PATROCINADO

O fundo nasce com R$ 30 milhões e, segundo comunicado do instituto, o objetivo é beneficiar, na primeira fase, 1,2 mil agricultores na Bahia e no Pará. “Esse valor é quase três vezes superior ao financiamento público (via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf) destinado à cultura do cacau no ano de 2023”, diz o comunicado.

Além das quatro organizações que desenvolveram o fundo, participam a VERT, como administradora do fundo, e a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), que agrega as empresas que compram o cacau dos produtores beneficiados.

A iniciativa inclui uma estrutura, designada na expressão em inglês Enabling Conditions Facility (ECF), que fará o financiamento da assistência técnica aos agricultores. Essa frente será coordenada pela Violet, plataforma para investimento em soluções baseadas na natureza e que conecta investidores, empresas, produtores e comunidades.

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A Fundação Solidaridad, do Ciapra (Consórcio Intermunicipal do Mosaico das Apas do Baixo Sul da Bahia) e a Polímatas Soluções Agrícolas e Ambientais, cujo custeio é da Suzano, serão os responsáveis pela assistência técnica. Na Bahia, a Tabôa também fará assistência técnica, além da originação do crédito.

Para. Cacau.
Foto: Wenderson Araujo/CNA

Metodologia

O Fiagro vai usar uma metodologia de concessão de crédito desenvolvida e implementada pela Tabôa desde 2017. Por esse método, a instituição já firmou mais de mil financiamentos num total de R$ 16 milhões.

Essa metodologia foi adotada na estruturação de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) Sustentável para cacau, um projeto do Instituto Arapyaú com uma rede de parceiros. Entre 2020 e 2023, o CRA Sustentável impactou diretamente 271 agricultores, promovendo aumento de produtividade (52%) e de renda (60%) com inadimplência perto e zero. “É uma metodologia já bastante testada. Serviu como um laboratório”, afirmou Ahmar, do Arapyaú.

“Nossas experiências de concessão de crédito aliado à assistência técnica rural se mostraram bem sucedidas. Tais condições contribuíram para o aumento da produtividade, além da baixa inadimplência”, afirmou Roberto Vilela, diretor-executivo da Tabôa no comunicado.

De cada cem produtores de cacau no Brasil, 85 estão à margem do sistema financeiro, com difícil acesso a políticas públicas. Conforme o Ministério da Agricultura e Pecuária, 75 nunca receberam assistência técnica. “Ao mesmo tempo, cerca de 80% da produção de cacau no Brasil depende dos agricultores de pequenas propriedades”, diz a nota.

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Após receber o crédito do Fiagro, o produtor terá até 45 dias para realizar o investimento. Após esse período, são 36 meses de prazo para pagar o empréstimo com seis meses de carência, na média. A taxa de juros é de 12% ao ano.

Crédito de carbono

Como o financiamento pelo fundo Kawá será destinado a pequenos produtores de sistemas agroflorestais (SAFs), a equipe de gestão planeja o comércio de créditos de carbono gerados pelo incremento na produção. Segundo o Arapyaú, a produção no SAF — ou cabruca, como é conhecido esse manejo no Sul da Bahia — é capaz de estocar 66 toneladas de carbono por hectare, o dobro da quantidade encontrada no cacau plantado a pleno sol, segundo estimativas.

A venda dos créditos de carbono que venham ser emitidos será operacionalizada pela ReSeed. Segundo comunicado, a plataforma já possui negociação com um investidor para a compra dos primeiros créditos gerados por cerca de cem agricultores, e entra como responsável por facilitar a comercialização dos próximos créditos.

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