Economia
Newcastle: Brasil considera foco da doença finalizado e comunica OMSA
Retomada das vendas depende da confirmação dos países compradores; granja onde foco de Newcastle foi detectado poderá retomar funcionamento a partir de 30 dias

As exportações de carne de frango e derivados do Brasil podem ser retomadas a qualquer momento, pois o governo brasileiro já comunicou à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) que considera finalizado o foco da doença de Newcastle, confirmado no município de Anta Gorda (RS), no dia 17 de julho.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Carlos Goulart, disse ao Agro Estadão que o documento foi enviado à OMSA nesta quinta-feira, 25.
“Com o fim do foco da doença disponibilizaremos aos países todas as informações sobre o diagnóstico atual e as medidas adotadas. Isso permitirá que eles analisem e confirmem que estamos livres de Newcastle, possibilitando a retomada das certificações para exportação”, relata em nota.
A diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (DDA/Seapi), Rosane Collares, conta que já terminou a desinfecção da granja onde o foco foi detectado e que isso contribuiu para o Mapa considerar o foco finalizado.
“Já visitamos 900 propriedades rurais nesse entorno da granja e não foi encontrado nenhum indicativo de qualquer sinal clínico compatível com doença de Newcastle. Esse cenário que foi encontrado deu a segurança técnica para essa tomada de decisão”, afirma Rosane ao Agro Estadão.
Segundo a diretora, as barreiras sanitárias continuam nos veículos que transportam cama de aves e ração até o dia 2 de agosto e a vigilância nas propriedades em um raio de 10km até em torno de 8 de agosto. “Se não houver nenhum fato novo, entramos na parte de vazio sanitário para que, em torno de 30 a 42 dias, comece o repovoamento da propriedade”, finaliza.
Retomada das exportações depende de decisão dos países compradores
Conforme o Agro Estadão antecipou nesta semana, a expectativa era de que o processo das exportações fosse normalizado entre 10 a 15 dias. As negociações com os países com os quais o Brasil mantém acordos comerciais foram intensas desde a identificação do foco.
Ao Agro Estadão, o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Roberto Perosa, disse que vem conversando com diversas autoridades para explicar os procedimentos tomados na área de saúde animal. E que, agora, depende da autoridade sanitária de cada nação decidir derrubar as restrições.
Perosa acredita que a China, mercado bastante exigente, não deve demorar para retomar a compra dos produtos brasileiros. “Quando aconteceu a suspensão das exportações da Índia com a China, demorou quatro anos [a retomada]. Mas fruto do bom relacionamento que temos, o diretor de inspeção veterinária já verbalizou [que irá agilizar a análise das informações enviadas pelo Brasil]”, afirmou o secretário.
Reflexos nas exportações
Além da China, as exportações para a Argentina e o México também estão suspensas em todo o país. No Rio Grande do Sul, a restrição é para Peru, Bolívia, Chile, Cuba e Uruguai. As entidades do setor de proteína animal consideram que o impacto financeiro será pequeno. Inicialmente, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) calculava o volume de 60 mil toneladas de carnes de frango e derivados que poderiam não ser vendidas.
Em nota, a ABPA afirma que boa parte do fluxo sob a suspensão está sendo assimilada por outros mercados importadores e acredita que a decisão deve acelerar as negociações. “A rapidez e a transparência das ações, neste contexto, ajudam a reforçar a elevada biosseguridade que trouxeram o Brasil à liderança global das exportações de carne de frango”, diz.
Nesta quinta-feira, 25, o Mapa já havia reconhecido o decreto do governo do estado do Rio Grande do Sul, que reduziu para cinco municípios a emergência zoossanitária devido ao foco de Newcastle. Além de Anta Gorda, onde foi detectada a doença em um animal, a emergência vale para Putinga, Doutor Ricardo, Relvado e Ilópis pelo prazo de 90 dias.
A redução da abrangência da área de emergência zoossanitária foi decidida após mais dois casos suspeitos serem descartados no município de Progresso (RS), totalizando cinco casos negativos.
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