Economia
Fertilizantes: como a retomada das fábricas da Petrobras ajuda o agro no médio prazo?
Estatal estima suprir 35% da demanda nacional de ureia até 2028; hoje, o Brasil importa mais de 90% dos fertilizantes consumidos
Redação Agro Estadão
06/11/2025 - 12:28

A retomada de fábricas da Petrobras para produção de fertilizantes no Brasil representa um instrumento estratégico importante para o agronegócio, segundo a Scot Consultoria. Há cerca de um mês, a estatal anunciou a reativação das unidades de nitrogenados da Bahia (Fafen-BA) e de Sergipe (Fafen-SE), com a retomada das atividades da Fafen-BA prevista para ocorrer até o fim de 2025.
Conforme relatório da consultoria, se bem executada, a retomada das fábricas tem o potencial de moderar e reduzir significativamente as importações de insumos agrícolas. Além disso, pode fortalecer a autonomia nacional e, consequentemente, diminuir os custos de produção dos produtores rurais. “Se a Petrobras conseguir operacionalizar essas fábricas da maneira planejada, haverá menor vulnerabilidade às mudanças externas ou às altas da importação”, destaca.
Os efeitos nos preços, porém, não serão imediatos. Os especialistas alertam que primeiro, as fábricas precisam entrar em funcionamento, ajustar logística, contratar e capacitar funcionários, adquirir matérias-primas e definir a produção de acordo com o escoamento. “No curto prazo, a retomada pode melhorar a previsão da oferta, o que pode reduzir riscos percebidos e conter as cotações. No médio prazo, isso poderá moderar os preços dos fertilizantes no mercado doméstico”, sinalizam, lembrando que a planta de Três Lagoas (MS) — indicada no plano de negócio da Petrobras para 2025-2029 — ainda está em obras.
Redução das importações e custos
Para a consultoria, com a retomada das operações, há uma potencial redução das importações uma vez que a Petrobras estima suprir 35% da demanda nacional de ureia até 2028. Atualmente, o Brasil importa mais de 90% dos fertilizantes consumidos, principalmente da Rússia.
Com a possibilidade de declínio das compras externas, há uma menor exposição à variação cambial, aos gargalos logísticos e conflitos geopolíticos. “Ainda que a totalidade da demanda não seja atendida pela produção doméstica imediatamente, cada tonelada produzida internamente representa uma tonelada a menos que importamos, o que contribui para a balança comercial e para os custos”, aponta o documento.
Falando em custos, os analistas da Scot acreditam que, se as cotações dos fertilizantes ficarem mais previsíveis, isso tende a facilitar a gestão do produtor, melhorando a margem de lucro. “A redução do custo de produção agrícola no Brasil, especialmente para produtores que dependem intensamente de fertilizantes nitrogenados, se o plano da Petrobras de fato acontecer, com precisão, qualidade e eficiência, o agro nacional ganhará competitividade”, dizem os especialistas.
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