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Economia

Energia faltou mais de 20 vezes para 40% dos produtores rurais no Paraná em 2023

Pesquisa encomendada pelo Sistema FAEP/Senar-PR ouviu 514 produtores rurais entre fevereiro e março deste ano

Nome Colunistas

Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com

02/04/2024 - 13:19

Foto: Adobe Stock
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A falta constante de energia elétrica foi a principal reclamação em uma pesquisa feita com produtores rurais do Paraná, encomendada pelo Sistema FAEP/Senar. As quedas de energia foram apontadas por 44% dos entrevistados; para 14% dos produtores ouvidos, a demora na resolução dos problemas é o que mais preocupa, enquanto que para 12,3%, é a oscilação na rede (confira o gráfico logo abaixo).

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, que ouviu 514 produtores rurais, entre 26 de fevereiro e 14 de março de 2024. Segundo a FAEP, os entrevistados foram de diversas regiões do estado. Mais da metade dos produtores ouvidos (50,6%) ficaram, em média, mais de cinco horas sem energia

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Segundo o levantamento, 38,7% dos entrevistados relataram mais de 20 casos de queda de energia nos últimos 12 meses. Para 19,1%, o número de apagões ficou entre dez e 20; 16%, entre cinco e dez episódios; 17,5% entre um e cinco; e 1,4% não sofreram nenhum apagão. 

Para 41,6%, os episódios de queda de energia ou falta do serviço resultaram em equipamentos queimados, enquanto 27,2% dos entrevistados relataram que sofreram perdas de produção. 

Dez mil frangos mortos após três dias sem energia elétrica

A Federação da Agricultura e Pecuária do Paraná afirma que a pesquisa retrata a realidade dos produtores rurais do estado. Em Terra Boa, no noroeste paranaense, a propriedade do avicultor Roberto de Lucas Rodrigues Bittencourt ficou sem energia elétrica por três dias seguidos no início deste ano. 

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frangos mortos sendo enterrados em buraco
Dez mil frangos foram enterrados na propriedade, após falta de energia elétrica. Foto: Roberto de Lucas Rodrigues Bittencourt/Arquivo Pessoal

Ao Agro Estadão, Bittencourt conta que nem os geradores aguentaram a sobrecarga e um deles superaqueceu e desligou automaticamente. Enquanto alugava outro equipamento, dez mil aves não aguentaram e morreram. 

“Os geradores são feitos para usar uma ou duas horas, em situações de emergência, até a luz ser religada. Não é para ficar ligado direto. Meu prejuízo foi de R$ 100 mil”, afirma o avicultor.

Insatisfação com a companhia de energia elétrica

A pesquisa encomendada pela FAEP/Senar quis saber se o produtor rural estava satisfeito com o fornecimento de energia elétrica pela Companhia Paranaense de Energia (Copel).

Quase 70% dos produtores rurais ouvidos estão insatisfeitos (38,9%) ou muito insatisfeitos (30,9%) com o serviço. O restante está dividido em muito satisfeito (1,8%), satisfeito (12,8%), nem um ou nem outro (15,2%) e não sabe/não opinou (0,4%).

Dados da pesquisa da FAEP/Senar
Dados da pesquisa da FAEP/Senar

No ranking de desempenho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), divulgado em março deste ano, a Copel caiu duas posições em relação a 2022. Segundo o ranking, a companhia ocupa o 25º lugar entre as concessionárias de grande porte, com mais de 400 mil clientes.

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O Agro Estadão procurou a Copel, que preferiu não comentar a pesquisa da FAEP. Sobre o ranking da Aneel, a companhia disse que ele é distorcido e que a Copel bateu a meta de menos de 8 horas de interrupção por unidade consumidora em 2023. 

Confira a nota na íntegra.

“O ranking divulgado pela ANEEL é distorcido, pois não elenca as distribuidoras pelo tempo médio sem energia durante o período observado por empresa distribuidora (2023), o chamado DEC, que é a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora. O que esse ranking da ANEEL propõe é uma comparação entre meta por distribuidora e desempenho alcançado ao fim do período observado em relação a essa meta, que é atribuída pela própria ANEEL e varia de uma empresa para outra. 

Ou seja, as metas não são as mesmas para todas as distribuidoras de energia, o que torna a comparação entre elas um exercício assimétrico. De acordo a nota técnica da ANEEL, 13 empresas colocadas à frente da Copel nesse ranking da agência têm desempenho inferior ao da própria Copel, pois possuem um DEC superior a 7,85 horas, ou seja, acima do DEC da companhia paranaense. 

A meta da ANEEL para a COPEL em 2023 era de 8,7 horas. Portanto, foi batida com folga. Dessa forma, o ranking da ANEEL induz a uma percepção equivocada da realidade no setor elétrico brasileiro, ao colocar à frente empresas que têm pior desempenho no critério mais importante para o cliente, que é o da oferta continuada de energia. 

Assim, as 13 empresas que ficaram à frente e têm um desempenho pior que o da Copel na oferta continuada de energia ao cliente são as seguintes: Equatorial Pará (DEC de 16,86 horas), Energisa Tocantins (DEC de 16,12), Energisa Paraíba (DEC de 10,99), Energisa Minas Rio (DEC de 8,11), RGE (DEC de 8,63), Energisa Mato Grosso (DEC de 16,16), Energisa Mato Grosso do Sul (DEC de 9,29), Coelba (DEC de 10,70), Celpe (DEC de 11,30), Enel Ceará (DEC de 9,76), Enel RJ (DEC de 9), Equatorial Maranhão (DEC de 14,03), Celesc (DEC de 8,56).”

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