Economia
Descubra os benefícios do leite de búfala: nutrição, versatilidade e potencial de mercado
Leite de búfala é em média 45% mais produtivo na fabricação de produtos lácteos e ganha espaço entre alérgicos à proteína de leite de vaca

Da Redação*
15/09/2024 - 09:00

Na África, eles fazem parte dos Big Five. Na Índia, são responsáveis por mais da metade da produção de leite. Os búfalos são animais rústicos, fortes e dóceis – os domesticados. No Brasil, o animal é criado principalmente para a produção de leite de búfala, matéria-prima para alguns alimentos, como a famosa burrata.
Nutritivo e versátil, o leite de búfala tem diferenças com o leite de vaca e pode ser uma opção para alérgicos e intolerantes à lactose. Veja os usos desse produto e como deve ser feito o manejo das búfalas para produção do leite.
Quais as diferenças entre o leite de búfala e o leite de vaca?
Uma das diferenças principais é a presença de proteínas chamadas de beta-caseína. Isso porque o leite de vaca possui dois tipos dessa proteína, A1 e A2, enquanto o leite búfala possui apenas a beta-caseína A2. Esse pode ser um fator importante para o consumidor, já que uma parte da população tem alergia à proteína beta-caseína A1. Além disso, existem outras distinções.
- Composição nutricional: na comparação entre os dois lácteos, o leite de búfala possui aproximadamente 10% a mais de proteína e 50% a mais de gordura. Também é mais rico em cálcio, ferro e fósforo, além de ter mais vitaminas do tipo A e do tipo D.
- Sabor e textura: nesse aspecto, o leite de búfala é levemente mais adocicado e suave no sabor e tem textura mais cremosa e densa devido ao teor de gordura.
- Usos: devido ao caráter mais encorpado e menor presença de água, o leite de búfala é mais produtivo na fabricação de derivados, como iogurtes e queijos.
O que fazer com o leite de búfala?
Assim como o leite de vaca, há uma série de produtos que podem ser feitos a partir do leite dos bubalinos. Alguns derivados são:
- queijos: talvez o mais conhecido seja a mozzarela de búfala. De forma geral, esses produtos costumam ter uma coloração mais branca, se comparada aos feitos com leite de vaca. Os queijos podem ter diferentes formatos e tipos, como a burrata, ricota e o provolone;
- iogurtes: devido às características do leite de búfala, os iogurtes feitos com ele costumam ser mais espessos;
- manteiga: também é possível fazer uma manteiga rica em nutrientes e cremosa, com um sabor mais suave;
- leite em pó: esse ainda é um produto pouco conhecido, mas também é possível fazer leite em pó a partir do leite de búfala. O uso também é parecido com o leite em pó tradicional.
- outros usos: doce de leite, sorvetes e sobremesas.
De onde vem o leite de búfala?
De acordo com Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB), o Brasil possui aproximadamente três milhões de cabeças de búfalos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta dados menores, cerca de 1,5 milhão de cabeças em 2022, e indica que o estado com a maior concentração é o Pará, com mais de 600 mil animais.
No Brasil, quatro raças são as mais utilizadas para produção de leite e carne:
- Murrah: originária da Índia, é a raça mais numerosa no país. O nome vem do hindu que significa “caracol” em referência ao formato do chifre;
- Mediterrânea: também tem origem indiana, mas foi selecionada na Itália para finalidade mais leiteira. No Brasil, também é conhecido como búfalo preto ou búfalo italiano;
- Jafarabadi: outro animal da Índia, essa raça tem uma cabeça peculiar, com chifres longos, caídos e voltados para cima. Tem duas variedades no Brasil: Gir búfalo e Palitana;
- Carabao: também conhecido como búfalo do pântano, tem origem na área onde hoje se encontra China, Indonésia, Filipinas, Vietña, Camboja e Tailândia. É um animal voltado para produção de carne, com pouca aptidão leiteira. Possui chifres largos e abertos e a coloração é mais para o lado de cinza-parda, além de algumas manchas brancas nas patas.
Como é o manejo de búfalos?
Os búfalos são animais resistentes e mais rústicos do que os bovinos. Sua pelagem preta, na maioria das raças, exige que eles vivam em locais sombreados para evitar a radiação solar intensa. Além disso, é recomendado que eles tenham água em abundância para beber.
Outro ponto é o tratamento de doenças. É importante manter os cuidados sanitários com os animais, mesmo que eles sejam mais resistentes às infecções parasitárias e outras patologias. Além disso, os búfalos são suscetíveis a estacionalidade reprodutiva. Basicamente, são animais que têm um aumento da fertilidade com menos horas de luz do dia, ou seja, as fêmeas são mais férteis no outono e inverno, quando os dias são mais curtos.
Já a ordenha pode ser feita de forma manual ou mecânica, sendo a mecânica a mais recomendada para criações em grande escala. As búfalas também costumam ser mais resistentes à mastite, uma doença comum em vacas produtoras de leite.
Desafios e oportunidades do mercado
Entre os desafios da produção de leite de búfala no Brasil estão os custos de manejo, a necessidade de capacitação técnica dos produtores e o acesso limitado a mercados especializados. Porém, há também oportunidades com um interesse crescente por alimentos saudáveis e produtos diferenciados, como produtos lácteos para intolerantes à proteína beta-caseína A1.
A produção de leite de búfala também pode ser o caminho para agregar valor e alcançar mais rentabilidade, já que a oferta de queijos à base de leite de búfala ainda é pequena. Com a valorização dos produtos artesanais e gourmet, o mercado de leite de búfala tem potencial para continuar crescendo de forma significativa.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
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