apresenta
PUBLICIDADE

Sustentabilidade

Fazenda Kiwi: conheça a propriedade que garante 34 mil litros de leite por dia com vacas a pasto e reduzindo emissão de carbono

Propriedade tem estratégia de gestão aliada a práticas sustentáveis para reduzir custos e impulsionar ganhos

7 minutos de leitura 21/04/2024 - 09:00

Nome Colunistas

Daumildo Júnior* | daumildo.junior@estadao.com

Fazenda Kiwi ordenha mais 1.600 vacas por dia e adota sistema baseado na Nova Zelândia. Foto: Nestlé/Divulgação
Fazenda Kiwi ordenha mais 1.600 vacas por dia e adota sistema baseado na Nova Zelândia. Foto: Nestlé/Divulgação

“Eu já aviso quem produz leite em confinamento que nossas médias [de produtividade por vaca] são baixas, mas esse não é o nosso forte. O nosso forte é dinheiro no bolso”. Foi assim que o gerente executivo da Fazenda Kiwi, Azael Rössler, começou a apresentação do empreendimento rural para os mais de 300 produtores de leite que participaram do 4º Circuito Nature por Ninho, organizado pela Nestlé, na própria Kiwi, em Silvânia (GO).

A fazenda, de 240 hectares sendo 190 de uso efetivo e com mais de 1.600 vacas em ordenha, é uma das cinco no Brasil que recebeu a classificação diamante do programa de boas práticas da cadeia leiteira desenvolvido pela Nestlé. Nessa categoria, os produtores que conseguem comprovar redução na emissão de carbono recebem uma bonificação sobre o leite vendido à empresa. 

O programa também leva em consideração outros três pilares: bem-estar animal, agricultura regenerativa e economia de água. A partir do nível de práticas sustentáveis aplicadas na propriedade, os produtores fornecedores da empresa recebem uma classificação e consequentemente um “plus” na venda do leite. Os níveis são: bronze (R$ 0,04 a mais por litro de leite), prata (R$ 0,07), ouro (R$ 0,15) e diamante (R$ 0,17). 

Para atingir esse padrão, a Kiwi adota algumas estratégias que aliam gestão e sistema de produção, como conta Rössler. “O nosso objetivo aqui não é ter uma produção maior por vaca e sim ter uma maior eficiência. Essa eficiência é encarada de uma outra forma, com o sistema que a gente adota”, revela. 

Gado a pasto e feliz

Atualmente a propriedade consegue produzir em média 34 mil litros de leite diariamente. O modelo adotado é o sistema de leite à base de pasto com suplementação. Basicamente as vacas são criadas soltas no pasto sendo que em alguns momentos do dia são ofertadas alimentação extra nos cochos. 

PUBLICIDADE

Esse sistema é entendido como um princípio para a fazenda já que os investidores do Grupo Kiwi, que controla a propriedade, são da Nova Zelândia e entendem que o modelo neozelandês de produção de leite tem melhor resultado. O que acontece no Brasil é uma adaptação, já que as temperaturas, a genética bovina e as condições de mercado são diferentes.

O pasto dos 73 piquetes tem como cultura perene o capim tifton. O que modifica no decorrer do ano é a composição do mix forrageiro plantado para melhorar a produtividade do solo e do capim. Basicamente, de novembro a março os pastos tem tifton, trigo mourisco e feijão mungo. De abril a outubro as vacas podem se alimentar de tifton, trevo, azevém e aveia. 

O gerente operacional da Kiwi, Lenon Sedrez, esclarece que essas trocas são importantes para dar mais força ao tifton, que é o principal alimento do gado. No caso do mix de verão, as plantas extras ajudam na descompactação do solo e também na fixação de nitrogênio. O mix de inverno tem também a função de ajudar na alimentação das vacas. 

“A gente já entra com essas espécies escalonando o plantio para ter o máximo de crescimento forrageiro no inverno, que é o período que o tifton vai decrescer o crescimento”, explica Sedrez. Além disso, a prática do plantio direto é adotada em ambas as etapas de semeadura, ou seja, não se passa um arado pelo pasto. Outro benefício é a captura de carbono por meio das raízes dessas plantas, que ficam no solo. 

Outra prática utilizada pela fazenda é a irrigação. Os pivôs têm a função de levar água às pastagens, o que as mantêm mais verdes e saudáveis em tempos de estiagem. A outra finalidade é ajudar na regulação térmica das vacas, que ficam debaixo das estruturas de irrigação. 

PUBLICIDADE

Também com o intuito de gerar mais conforto para os animais e aproveitar os espaços, foram instaladas estruturas de captação de energia solar. O gado aproveita a sombra das placas, que captam energia para reduzir o custo da fazenda. 

Azael Rössler (à esquerda) e Lenon Sedrez (à direita), gerentes da Fazenda Kiwi. Foto: Nestlé/Divulgação

Duas estratégias proporcionais: leite e custo

Enquanto o leite está barato, o custo de alimentação também deve estar barato. Essa pode ser entendida como uma regra para o sucesso da gestão da Fazenda Kiwi. O gerente executivo, Azael Rössler, conta que eles utilizam duas estratégias para ganhar margem no negócio: curva de lactação programada e custos flutuantes. 

A primeira consiste em aproveitar os meses que historicamente o preço do leite tem valores mais elevados. “A gente coloca os nossos animais para parir num certo período (de fevereiro a novembro), onde eu consigo atingir um pico de produção de leite maior, nos períodos que historicamente se tem o maior preço do leite no mercado (setembro e outubro)”, aponta Rössler. Para isso, eles utilizam da estação reprodutiva que é a delimitação do período de inseminação das vacas, que vai de maio a fevereiro na propriedade.

Já o custo flutuante é manter os gastos em sintonia com os preços do leite, ou seja, se o preço cai, o custo de alimentação também deve cair; se os preços sobem, há espaço para os custos subirem. Na prática, no período das chuvas, em que o valor do leite costuma cair, eles conseguem reduzir custos aumentando a oferta de pasto. 

“Muitas propriedades têm um custo fixo e não conseguem flutuar da mesma forma que o leite flutua. O nosso sistema permite flutuar o custo também. Então a nossa propriedade consegue manter a mesma margem de lucro em todos os meses do ano. Isso é justamente para ter o máximo custo-benefício e eficiência na parte financeira”, explica ao Agro Estadão.

PUBLICIDADE

Otimização de recursos e sustentabilidade

Os níveis de sustentabilidade atingidos pela Kiwi dentro do programa Nature por Ninho também levam em consideração outras práticas adotadas pela fazenda. Além do plantio direto e das placas solares, os animais são monitorados por uma coleira que oferece informações sobre o bem estar do animal e do desenvolvimento dele. 

A propriedade também tem uma iniciativa de reflorestamento de áreas degradadas e que não são utilizadas. Além disso, há gestão e monitoramento do consumo hídrico com mais de 15 hidrômetros espalhados pelo terreno. 

Já na área dos dejetos, as pistas de alimentação – onde ficam os cochos – são raspadas e não lavadas. Todo esse resíduo é coletado e tratado. A parte líquida volta para o pasto de forma mais constante e a parte sólida é utilizada nos momentos de plantio, também como reforço na adubação. “A gente está fazendo com que esse material que a gente está colhendo do campo, seja devolvido para o campo”, explica Lenon Sedrez, gerente operacional da fazenda.

Todas essas medidas juntas conseguem reduzir em 27% a emissão dos gases do efeito estufa (GEE) da Kiwi, de acordo com a mensuração feita pela Nestlé. A meta da empresa de laticínios é que as fazendas que estejam no nível diamante deixem de emitir 30% desses gases até 2030. 

Tenda do 4º Circuito Nature por Ninho. Foto: Nestlé/Divulgação

Mercado vê sustentabilidade como necessidade e não como tendência

No entendimento da Nestlê, a sustentabilidade já não é mais uma questão de tendência a ser adotada, mas sim uma necessidade.”Uma convicção que a gente tem aqui é que quem não se engajar nessa jornada não vai conseguir sobreviver seja por um aspecto regulatório ou de gestão”, alerta Fabio Spinelli, vice-presidente de Nutrição da Nestlé Brasil.

PUBLICIDADE

Atualmente, a multinacional capta cerca de 1 bilhão de litros de leite fresco por ano no Brasil e a operação nesse modelo é a maior de todas se comparada com as outras unidades pelo mundo. A nível nacional, a Nestlé é a sexta maior empresa de laticínio no país e tem aproximadamente mil produtores de leite brasileiros como fornecedores.

Para o futuro, a empresa enxerga que as exigências do programa Nature por Ninho podem se tornar um padrão. “O nosso objetivo é que o que hoje é diferencial, como a questão de agricultura regenerativa e baixa emissão de carbono, lá na frente vire um pré-requisito básico, um padrão mínimo para os produtores”, enfatiza Spinelli ao Agro Estadão.

*Jornalista viajou a convite da Nestlé

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Sustentabilidade

Banco do Brasil lança novo programa de sustentabilidade na pecuária

Banco do Brasil lança novo programa de sustentabilidade na pecuária

Programa terá iniciativas de diagnóstico e auxílio na contratação de operações de crédito de carbono, além de bonificação adicional por animal rastreado

Sustentabilidade

Embrapa Cerrados recebe visita da rainha da Dinamarca 

Embrapa Cerrados recebe visita da rainha da Dinamarca 

Entidade de pesquisa pretende ser protagonista nas discussões na COP 30

Sustentabilidade

Empresas se unem à iniciativa inédita de bem-estar animal

Empresas se unem à iniciativa inédita de bem-estar animal

Coalizão reúne diferentes elos da cadeia de fornecimento de proteína animal para impulsionar boas práticas

Sustentabilidade

CCarbon: conheça o centro de agricultura tropical de baixo carbono em Piracicaba

CCarbon: conheça o centro de agricultura tropical de baixo carbono em Piracicaba

Além de investimentos públicos, CCarbon também mira aportes privados em projetos com repercussão nacional e internacional

PUBLICIDADE

CNA considera positiva sinalização pela UE de adiamento da Lei Antidesmatamento

A proposta da Comissão Europeia é pela implementação gradual da lei antidesmate, com a prorrogação da adoção de 30 de dezembro deste ano para 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e em 30 de junho de 2026

Parlamento Europeu irá votar adiamento da lei antidesmatamento 

Mapa vê com “entusiasmo” medida e também pleiteia adaptações à regra europeia

Pesquisa aponta redução nas emissões de gases do efeito estufa em 18% no algodão com uso de fertilizante 

Emissões na agricultura vêm principalmente da adubação

Produtores economizam US$ 1,8 bilhão por ano com uso de biofertilizantes, aponta estudo

Pesquisa também indica que novos bioinsumos podem não garantir independência brasileira sobre fertilizantes

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.