Cotações
Preço do leite pago ao produtor sobe pelo 7° mês consecutivo
Leite em pó e muçarela também seguem em valorização; mas perspectivas apontam para fim do ciclo de altas, diz Cepea

Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com
22/07/2024 - 10:20

O leite captado em maio e pago ao produtor em junho subiu pelo sétimo mês consecutivo, cotado a R$ 2,71, em média. A alta foi de 9,8% em relação ao mês anterior, no entanto, em comparação a igual período de 2023 há uma queda de 4,82%.
No acumulado do ano, o valor do leite pago ao produtor acumula avanço real de 30,4%. De acordo com boletim mensal elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a melhora tem sido impulsionada pela menor oferta do produto.
Evidenciando a queda na produção do alimento, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea acumula uma retração de 7,7% na parcial deste ano, apesar da ligeira reação de 0,14% de abril para maio.
Segundo o Cepea, o movimento de alta nos preços deve perder força a partir de julho e até mesmo se inverter. Isso porque o incremento da margem do produtor nos últimos meses tende a favorecer a recuperação da produção nacional de leite cru, ainda que de forma lenta.
Derivados seguem em valorização
Os preços dos derivados lácteos comercializados no estado de São Paulo continuaram firmes em junho. O maior aumento, de 6,56% em relação ao mês anterior, foi registrado pelo leite UHT (leite de caixinha), cotado à média de R$ 4,76/litro.
O leite em pó (400g) teve uma alta de 2,51%, a R$ 30,17/kg e a muçarela, a R$ 31,94/kg, subiu 4,11%. No comparativo anual, as variações – deflacionadas pelo IPCA – são positivas em 3,23% para o UHT e em 2,13% para a muçarela, mas negativa em 2,35% para o leite em pó.
As altas nos preços médios dos derivados em junho partiram dos avanços na primeira quinzena. Já nas duas últimas semanas do mês, as cotações retornaram ao patamar do início de maio, devido ao enfraquecimento do consumo e à pressão exercida pelos canais de distribuição. De acordo com colaboradores do Cepea, também houve um encarecimento na logística de distribuição da matéria prima, influenciando os valores dos derivados.
Para julho, a expectativa é de leve queda nas cotações, devido à dificuldade de repasse dos aumentos da indústria para os canais de comercialização e à demanda enfraquecida.
Importações aumentaram 22% em junho
No sexto mês do ano, as importações brasileiras de lácteos cresceram 22,08% em relação a maio, porém ainda ficaram 13,85% abaixo das do mesmo período do ano passado. As exportações também aumentaram no comparativo mensal em 8,01%, e caíram 37,85% no ano. Como resultado, o déficit da balança comercial, em volume, subiu 22,5% de maio para junho, para aproximadamente 177 milhões de litros em equivalente leite, gerando um saldo negativo de US$ 77 milhões.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram importados 182,7 milhões de litros de leite em junho, com destaque para as compras de leite em pó, que cresceram 36,79% em relação a maio, representando 72,2% do total adquirido em junho.
Preço do leite em alta mantém margem positiva ao produtor
O Custo Operacional Efetivo (COE), que se refere a todos os gastos assumidos – tais como fertilizantes, sementes, operação mecânica, mão de obra e etc. -, subiu 0,93%, frente ao mês anterior, na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS); já na parcial do ano, acumula recuo de 1,38%.
Apesar da alta nos custos de produção no mês passado, a valorização de 10,33% do leite pago ao produtor manteve positiva a margem bruta no período, com avanço médio de 34,28%, saindo de R$ 0,61/litro em maio para R$ 0,82/litro em junho. Os cálculos são do Cepea em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Conforme o boletim mensal, após cinco meses em queda, os custos com ração subiram 1,8% em junho, refletindo a valorização do farelo de soja, que começa a impactar no balcão das revendas. Além disso, colaboradores do Cepea relatam uma maior busca por compra de ração por parte dos produtores, visto a diminuição das chuvas em algumas regiões.
O segmento de medicamentos foi marcado pela baixa oferta da vacina de brucelose, relatada tanto por pecuaristas como pelas casas agropecuárias. Quanto aos preços, medicamentos em geral, produtos de controle parasitário e vacinas apresentaram leve alta, ao passo que antibióticos se desvalorizaram 2,14%.
O mercado de adubos e corretivos teve o segundo mês consecutivo de reação nas cotações, de 0,76% em junho, acumulando aumento de 1,44% nos últimos dois meses. Já na parcial do ano, a variação é negativa em 4,46%.
Relação de troca favorável
Com a queda no preço do milho e a valorização do leite ao produtor, o poder de compra do pecuarista leiteiro segue ganhando força.
De acordo com o Cepea, em maio (mês de captação do leite pago em junho) foram necessários 21,73 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão, 10,44% a menos que no mês anterior e abaixo da média dos últimos 12 meses, de 26,6 litros/sc.
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