PUBLICIDADE

Economia

Crédito caro e endividamento travam entrega de fertilizantes em 2025

Plantio de soja começou no país, mas cerca de 10% do pacote de fertilizantes ainda precisa ser negociado para a semeadura da safra verão

Nome Colunistas

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

02/09/2025 - 17:13

Eduardo Monteiro, da Mosaic, em apresentação no 12º Congresso Nacional de Fertilizantes. Foto: Anda/Divulgação
Eduardo Monteiro, da Mosaic, em apresentação no 12º Congresso Nacional de Fertilizantes. Foto: Anda/Divulgação

Juro alto, endividamento em patamares históricos e um rigor maior na liberação do crédito rural são fatores que têm retardado as compras de fertilizantes por parte dos agricultores brasileiros. Apesar do plantio da soja já ter iniciado no Paraná, devendo começar também em Mato Grosso na próxima semana, 10% do pacote de adubos ainda não foi fechado para a safra de verão nacional, conforme dados da Mosaic Fertilizantes. 

Segundo o country manager da companhia, Eduardo Monteiro, o mercado deve acompanhar uma concentração de entrega entre setembro e outubro. Esse movimento deve causar gargalos logísticos. “A gente está com a indústria totalmente tomada para o mês de setembro. Temos capacidade de expedição com um desafio adicional de entregar aquilo que não foi entregue em julho e agosto. Esse é um ponto de preocupação importante porque tudo indica que o regente de chuvas no Brasil vai entrar numa janela ideal para o plantio”, disse ao Agro Estadão nesta terça-feira, 2, durante o 12º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, organizado pela Associação Nacional de Difusão de Adubos (Anda). 

Esse cenário fez a companhia reduzir a previsão de entrega de fertilizantes no Brasil este ano. Inicialmente previsto em 49 milhões de toneladas, o volume esperado agora é de 48 milhões de toneladas — um pouco superior ao do ano passado (47 milhões de toneladas). 

Sinal vermelho para o Rio Grande do Sul

Entre os Estados, o Rio Grande do Sul é o mais atrasado nas entregas, com cerca de 40% das compras ainda a serem fechadas. O cenário de endividamento no campo, após safras consecutivas de perdas, tem limitado a liberação de crédito por lá. 

Diante desse cenário, segundo o analista da Agrinvest Commodities, Jeferson Souza, “fazer o feijão com arroz” tornou-se o lema no campo. “Na minha visão, para 2025, se o Brasil entregar 48 milhões de toneladas de fertilizantes ou 41 milhões, o Estado pêndulo será o Rio Grande do Sul”, salientou Souza, durante o evento.

PUBLICIDADE

Essa apreensão tem sido acompanhada pelo Ministério de Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa). “O Rio Grande do Sul é um balizador de como será o Brasil nesse próximo ano. É muito preocupante a situação que passa com o produtor do Rio Grande do Sul, com essas situações de safras”, afirmou Guilherme Campos, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Guilherme Campos, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, durante o congresso. | Foto: Divulgação/ANDA

Crédito rural

Apesar do maior volume em recursos anunciado no Plano Safra 25/26, a taxa de juro elevada tem sido um limitante ao agricultor. Soma-se a isso uma maior exigência dos bancos. Com isso, a expressão que perdura no interior do Brasil é “crédito rural”. 

Dados recentes do governo federal mostram que, no primeiro mês do ano agrícola 25/26, o desembolso dos recursos caiu 21%, com recuo expressivo para investimentos (-73%), enquanto que, para custeio, a baixa foi mais modesta (-29%). 

Outro fator que explica esse movimento é o maior rigor para a concessão de crédito. Conforme relatou o country manager da Mosaic, o aumento das recuperações judiciais e o cenário de inadimplência no campo têm feito com que as instituições financeiras exijam mais garantias para a liberação do dinheiro. 

“Grandes cerealistas que comercializam fertilizantes estão muito mais conservadores, aumentaram o nível de exigência. Anteriormente, eles pediam todas as garantias, mas eles eram tolerantes, liberando o produto mesmo sem ter a garantia formalizada porque demandava tempo para formalizar. Este ano, eles não estão cedendo”, explicou Monteiro. 

O contexto deixa questionamentos em relação ao que esperar para o milho segunda safra. Monteiro, entretanto, descartou preocupações neste momento. “As usinas de etanol dão um suporte muito grande à demanda de milho. Então, nós estamos otimista com a demanda, pois ela vai vir. Só resta saber se será neste ano ou no começo de 2026”, ponderou.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Brasil conquista mais cinco mercados internacionais para o agro

Economia

Brasil conquista mais cinco mercados internacionais para o agro

Novas autorizações permitem a exportação de carne de aves, derivados de ossos bovinos e castanha-do-Brasil

Milho redesenha o mapa da produção de etanol no Brasil

Economia

Milho redesenha o mapa da produção de etanol no Brasil

Expansão do etanol de milho vai além das fronteiras do Centro-Sul e deve se aproximar de etanol de cana em dez anos, projeta Datagro

Importação de milho pela China cai 82% em setembro; de trigo aumenta 60%

Economia

Importação de milho pela China cai 82% em setembro; de trigo aumenta 60%

De janeiro a agosto, a China importou 930 mil toneladas de milho, recuo de 92,7% na comparação anual

Banco do Brasil dá início à renegociação de dívidas rurais com recursos livres

Economia

Banco do Brasil dá início à renegociação de dívidas rurais com recursos livres

Banco afirmou que abertura de operações com uso de recursos subsidiados ocorrerá até sexta-feira, 24; confira as taxas de juros

PUBLICIDADE

Economia

Cana-de-açúcar pode garantir energia elétrica em tempos de seca

Bioeletricidade deve ter papel estratégico para a segurança energética do Brasil, mas depende de políticas de irrigação e gestão hídrica para resistir a longas estiagens

Economia

Crédito rural brasileiro vive retração histórica, alerta Farsul

Economista prevê a pior crise de financiamentos no setor desde o Plano Real e teme reflexos na próxima safra

Economia

“Etanol não é moeda de troca com os EUA”, reforça setor sucroenergético 

Ao lado da Unica, Tarcísio de Freitas diz que o Brasil não precisa “fazer concessões naquilo que é reserva estratégica”

Economia

Hugo Motta defende aumento da mistura de etanol na gasolina para 35%

A mistura atual é de 30% de etanol na gasolina; o parlamentar sugeriu ainda o uso de combustíveis sustentáveis na aviação e na navegação

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.