Economia
“Etanol não é moeda de troca com os EUA”, reforça setor sucroenergético
Ao lado da Unica, Tarcísio de Freitas diz que o Brasil não precisa “fazer concessões naquilo que é reserva estratégica”
Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
20/10/2025 - 14:00

O setor sucroenergético brasileiro segue rechaçando a ideia de uma possível redução da taxa de importação de etanol dos Estados Unidos (EUA) nas negociações com os norte-americanos.
Nesta segunda-feira, 20, durante a abertura da 25ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, Carlos Ubiratan Garms, presidente do Conselho da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), foi enfático ao dizer que o etanol não é moeda de troca. “O etanol brasileiro é um ativo estratégico de soberania nacional e não pode ser tratado como moeda de troca em negociações comerciais”, destacou. Segundo ele, não há tratativas oficiais nesse sentido. No entanto, o dirigente defende que a política de biocombustíveis deve ser encarada como prioridade de Estado.
O posicionamento também foi defendido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que ressaltou a importância de proteger a produção nacional. “Nós não precisamos fazer, como disse o Ubiratan, concessões naquilo que é reserva estratégica do Brasil. Nós não temos que colocar isso na mesa de negociação. Pelo contrário, nós temos que proteger essa reserva estratégica. Temos que prestigiar aqueles que estão fazendo a diferença, que apostaram em tecnologia”, afirmou Freitas, durante seu discurso de abertura.
Atualmente, Brasil e EUA respondem juntos por cerca de 80% da produção mundial de etanol. Em 2024, os norte-americanos produziram 16,1 bilhões de galões, enquanto o Brasil alcançou 8,8 bilhões, consolidando-se como os dois principais players globais do setor.
O acesso do etanol norte-americano ao mercado brasileiro é um dos itens em investigação aberta por Washington, com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. A ação questiona a decisão brasileira de revogar, em 2017, o tratamento quase isento de tarifas que beneficiava o biocombustível dos EUA.
O governo norte-americano alega que as taxas de 18% aplicadas atualmente representam uma barreira indevida. Já o setor brasileiro vê a política tarifária como mecanismo legítimo de defesa comercial e instrumento essencial para equilibrar a competição com um produto fortemente subsidiado.
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