Economia
Conab amplia previsão e estima safra de grãos com mais de 332 milhões de toneladas
Milho teve incremento de 2,1 milhões de toneladas em relação aos números divulgados no mês passado
Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com | Atualizada às 11h
15/05/2025 - 09:21

Os números recordes da safra de grãos continuam crescendo, de acordo com o 8º Levantamento de Safras de Grãos 2024/2025 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A nova previsão foi divulgada nesta quinta-feira, 15, e mostra um novo crescimento em relação ao levantamento anterior, que estimava 330,3 milhões de toneladas para a atual temporada. Agora, a projeção é de 332,9 milhões de toneladas.
“As notícias são extraordinárias. Vêm se consolidando as estimativas iniciais da Conab de que a safra 2024/2025 será a maior safra da história do nosso país”, destacou o presidente da Conab, Edegar Pretto, durante a apresentação dos números.
O boletim aponta que esse incremento em relação ao mês anterior é devido ao aumento das estimativas para algumas culturas, principalmente soja e milho. A oleaginosa teve um acréscimo de 472 mil toneladas e no milho foram incluídas 2,1 milhões de toneladas, no comparativo com o levantamento divulgado em abril.
Conforme informou a companhia, a área cultivada deve ter uma ampliação de 2,2% em relação a safra 2023/2024. Com isso, o país deve chegar a 81,7 milhões de hectares de área plantada. Se espera também um crescimento de 9,5% na produtividade média das lavouras, com uma expectativa de 4.074 quilos por hectare.
Ainda de acordo com a Conab, o período analisado levou em consideração a primeira safra, que já está em fase terminativa de colheita. Para a segunda safra, foram considerados os vários estágios de desenvolvimento das lavouras. Já a terceira safra e a safra de inverno foram estimadas observando que estão na etapa de plantio.
Confira as projeções para os principais produtos:
Soja – Com 98,5% das áreas já colhidas, a expectativa é de que a safra finalize sendo recorde com 168,3 milhões de toneladas. Isso representa um aumento de 14% em relação à safra 2023/2024.
Milho – A estimativa é de 126,8 milhões de toneladas (+9,9%) para serem colhidas em 21,3 milhões de hectares (+1,6%). A colheita do milho primeira safra também está na etapa derradeira. Já o milho segunda safra, onde se concentra a maior parte da produção, está em estágio de enchimento de grãos em boa parte das áreas produtoras.
“A boa notícia é que na região Centro-Oeste, que é a grande região produtora de milho, e que pese as chuvas já findaram, tem uma boa umidade no solo que garantirá essa umidade por mais um mês, que na opinião técnica da Conab, é o suficiente para o bom preenchimento dos grãos”, afirmou o presidente.
Arroz – O chefe da Conab também ressaltou a área plantada para o arroz, segundo ele a “maior área plantada desde 2017”. A área semeada foi de 1,7 milhão de hectares, um incremento de 6,9% em relação à safra 2023/2024. Isso também se reflete na produção, que pode alcançar 12,1 milhões de toneladas, sendo 11,2 milhões em sistema irrigado e 989,4 mil toneladas em sequeiro. A companhia aponta que 93,6% do cereal já foi colhido.
Feijão – Também há expectativa de boas colheitas para o feijão. A produção projetada é de 3,2 milhões de toneladas (+1%). Conforme o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Fabiano Vasconcellos, “as condições climáticas foram boas, então isso justifica essas produtividades melhores em relação à última safra”. A produtividade média esperada é de 1.156 quilos por hectare (+1,9%). Além disso, houve uma redução de 2,4% na área, somando 2,79 milhões de hectares.
Algodão – Se espera um crescimento de 5,5% no volume produzido no comparativo com a safra passada. A estimativa é de 3,9 milhões de toneladas da pluma. A área plantada também cresceu (+7,2%) e alcançam 2,1 milhões de hectares. Segundo a Conab, o clima tem favorecido as lavouras que em alguns lugares já iniciaram a colheita.
Trigo – A projeção da Conab é de uma safra de 8,3 milhões de toneladas (+4,6%). A área estimada é de 2,69 milhões de hectares (-11,7%). Com a redução da área e aumento da produção, há estimativa de um crescimento significativo na produtividade (+18,6%), chegando a 3.058 quilos por hectare.
Ainda de acordo com o boletim, a semeadura no Rio Grande do Sul ainda não começou. O estado é o maior produtor do cereal. Em Minas Gerais, o plantio já atingiu 90%. Em Goiás, a estimativa é de 80% da área já semeada. Parte dessas lavouras goianas já estão com desenvolvimento adiantado, com algumas em estágios de floração e enchimento de grãos.
Atenção com relação entre China e Estados Unidos
A apresentação do levantamento também contou com a presença do diretor do Departamento de Análise Econômica e Políticas Públicas do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese. Ele comentou sobre as perspectivas de mercado para alguns produtos, mas enfatizou alguns pontos de alerta para os produtores brasileiros.
“O que nós destacamos aqui como ponto de atenção, que precisamos ficar atentos nessas análises de mercado é, no Brasil interno, o comportamento do câmbio, a logística interna, e as negociações entre a China e os Estados Unidos que estão chegando em um patamar de entendimento entre eles”, disse.
Nesta semana, os países anunciaram uma trégua com suspensão parcial das tarifas para estudarem um acordo comercial nos próximos meses. A análise inicial de especialistas e de membros do setor é de que esses dias de paralisação na guerra tarifária não deve afetar as exportações do Agro brasileiro. No entanto, Farnese pondera que é preciso esperar para ver.
“Nós precisamos ver como isso vai afetar o Brasil. Imaginávamos que com as alíquotas que foram colocadas pelo governo dos Estados Unidos facilitaria bastante a soja brasileira e o milho. Agora com a redução [de tarifa] pode ser que esse quadro tenha que ser revisto e feita uma nova análise”, comentou.
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