Economia
Cercosporiose no café: o que você precisa saber
A cercosporiose é uma das principais doenças do café, causando perdas de até 30% na produtividade

Redação Agro Estadão*
21/03/2025 - 08:00

A cercosporiose, também conhecida como mancha-de-olho-pardo, é uma das principais doenças do café, causando grandes prejuízos aos produtores rurais.
Presente em todas as regiões cafeeiras do Brasil, essa doença pode atacar desde mudas no viveiro até lavouras adultas, comprometendo seriamente o desenvolvimento das plantas e a qualidade dos grãos.
De acordo com a EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), a cercosporiose pode causar até 30% de perdas na produtividade do café.
O que é cercosporiose e como ela afeta o café?
A cercosporiose é uma doença fúngica causada pelo patógeno Cercospora coffeicola. Este fungo é extremamente agressivo e pode afetar todas as partes aéreas do cafeeiro, incluindo folhas, frutos e ramos.
O principal dano causado pela cercosporiose está relacionado à redução da área foliar fotossinteticamente ativa, comprometendo diretamente o desenvolvimento e a produtividade da planta.
Quando o fungo ataca as folhas, ele interfere no processo de fotossíntese, reduzindo a capacidade da planta de produzir energia e nutrientes essenciais para seu crescimento.
Isso resulta em um enfraquecimento geral do cafeeiro, tornando-o mais suscetível a outras doenças e pragas. Nos frutos, a cercosporiose pode causar lesões e deformações, afetando a qualidade dos grãos e, consequentemente, o valor comercial da produção.
Além disso, a cercosporiose pode provocar uma intensa desfolha nas plantas afetadas, especialmente em mudas e plantas jovens. Essa perda prematura de folhas atrasa o desenvolvimento do cafeeiro e reduz significativamente sua capacidade produtiva.
Sintomas da cercosporiose
Identificar precocemente os sintomas da cercosporiose é crucial para um manejo eficiente da doença. Nas folhas, os sinais mais característicos são manchas circulares com diâmetro entre 0,5 e 1,5 centímetros.
Essas manchas geralmente apresentam uma coloração pardo-clara ou marrom no centro, circundadas por um halo amarelado bem definido. É esse aspecto que dá origem ao nome popular “mancha-de-olho-pardo”.
Nos frutos, a cercosporiose manifesta-se por meio de lesões escuras e deprimidas, que podem evoluir para manchas necróticas. Em casos severos, os frutos afetados podem mumificar e cair prematuramente, resultando em perdas diretas na produção.
Nos ramos e hastes, a doença pode causar lesões alongadas de coloração marrom-escura, que eventualmente podem levar à seca e morte dos tecidos afetados. Em mudas e plantas jovens, a cercosporiose pode provocar desfolha intensa, retardando o crescimento e, em casos extremos, levando à morte da planta.
Prevenção da cercosporiose

A prevenção é a estratégia mais eficaz e econômica para lidar com a cercosporiose. Adotar um conjunto de práticas culturais e de manejo adequadas pode reduzir significativamente o risco de infecção e a severidade da doença. Algumas das principais medidas preventivas incluem:
- O uso de mudas sadias e certificadas é o primeiro passo para estabelecer uma lavoura resistente à cercosporiose. Ao adquirir mudas de viveiros confiáveis e inspecionados, o produtor reduz o risco de introduzir a doença em sua propriedade.
- O espaçamento adequado entre as plantas é crucial para promover uma boa ventilação e reduzir a umidade no interior da lavoura. Recomenda-se seguir as orientações técnicas específicas para cada variedade e sistema de cultivo, evitando o adensamento excessivo.
- A poda regular e bem executada melhora a ventilação e favorece a penetração de luz solar e a aplicação eficiente de defensivos quando necessário.
- Uma adubação equilibrada, baseada em análises de solo e foliar, é fundamental para manter as plantas vigorosas e mais resistentes a doenças. É importante evitar o excesso de nitrogênio e garantir níveis adequados de potássio, cálcio e micronutrientes.
- A rotação de culturas, quando possível, e a eliminação de plantas daninhas ajudam a reduzir o inóculo do fungo no solo e nas proximidades da lavoura. Essas práticas contribuem para quebrar o ciclo da doença e reduzir a pressão de infecção.
- O manejo adequado da irrigação, evitando o excesso de água e preferindo sistemas que não molhem a parte aérea das plantas, pode reduzir significativamente as condições favoráveis ao desenvolvimento da cercosporiose.
Como controlar a cercosporiose no café?
Quando as medidas preventivas não são suficientes e a doença se estabelece na lavoura, é necessário adotar estratégias de controle mais diretas que geralmente envolvem uma combinação de práticas culturais e aplicação de fungicidas.
O uso de fungicidas químicos é uma das principais ferramentas no controle da cercosporiose. Existem diversos produtos registrados para essa finalidade, incluindo fungicidas de contato e sistêmicos.
A escolha do produto deve considerar o estágio da doença, as condições climáticas e o histórico de uso de fungicidas na área para evitar o desenvolvimento de resistência.
A aplicação correta dos fungicidas é crucial para sua eficácia. É importante respeitar as doses recomendadas, os intervalos de aplicação e as condições climáticas adequadas para a pulverização.
Além dos fungicidas químicos, o controle biológico tem ganhado espaço no manejo da cercosporiose. Produtos à base de microrganismos antagonistas, como algumas espécies de Trichoderma, têm mostrado resultados promissores no controle da doença, oferecendo uma alternativa mais sustentável e com menor impacto ambiental.
O monitoramento constante da lavoura é fundamental para o sucesso do controle da cercosporiose. A inspeção regular das plantas permite a identificação precoce de focos da doença, possibilitando intervenções rápidas e localizadas antes que a infecção se espalhe.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Tarifa: enquanto Brasil espera, café do Vietnã e Indonésia pode ser isento
2
COP 30, em Belém, proíbe açaí e prevê pouca carne vermelha
3
A céu aberto: produtores de MT não têm onde guardar o milho
4
Exportações de café caem em julho, mas receita é recorde apesar de tarifaço dos EUA
5
Rios brasileiros podem ser ‘Mississipis’ do agro, dizem especialistas
6
Violência no campo: roubos e furtos de máquinas agrícolas crescem 37,5% no 1º semestre

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Economia
Brasil poderá exportar aves ornamentais e de conservação para Emirados Árabes
Aves vivas para consumo humano não estão incluídas no acordo

Economia
Produção de algodão deve recuar na safra 2025/26, projeta consultoria
Agricultores de Mato Grosso, maior estado produtor de algodão no país, devem reduzir área de algodão na próxima temporada

Economia
Balança comercial tem superávit de US$ 1,740 bilhão na 4ª semana de agosto
Valor foi alcançado com exportações de US$ 7,439 bilhões e importações de US$ 4,765 bilhões; no ano, superávit soma US$ 41,7 bilhões

Economia
Gripe Aviária: Brasil volta a exportar frango para mais quatro países
Volume das exportações de carne de frango deve atingir 5,200 milhões de toneladas este ano, queda de 2% se comparado a 2024, estima as ABPA
Economia
Expectativa de safra menor faz preço do café disparar
Em agosto, as cotações do grão arábica e robusta no mercado físico brasileiro já subiram 22,99% e 41,26%, respectivamente
Economia
Porto de Itajaí bate marca de 1,7 milhão de toneladas em 2025
Exportações para China e EUA crescem e garantem alta de cargas de 1.494% no semestre
Economia
Safra e safrinha: como lucrar com ambas as colheitas?
A safra principal é o período de plantio favorecido por chuvas e luminosidade, enquanto a safrinha ganha crescente relevância econômica
Economia
Colheita de milho safrinha chega a 98% no Centro-Sul, aponta AgRural
Chuvas e temperaturas mais altas favoreceram o início do plantio de verão 2025/2026 no Sul do país