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Economia

Abitrigo quer ampliação de cota para importar cereal de fora do Mercosul 

Medida atual já permite compras de até 750 mil toneladas; Indústria defende incremento para evitar aumento de preço ao consumidor 

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Sabrina Nascimento

05/06/2024 - 10:21

Foto: Adobe Stock
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A queda na produção mundial de trigo tem elevado as cotações do cereal nos mercados internacional e nacional. O cenário motivou a Associação da Indústria de Trigo (Abitrigo) a encaminhar pedido ao governo federal para ampliação da cota de importação do cereal de países de fora do Mercosul, sem o encargo de 10% da Tarifa Externa Comum (TEC).

Segundo o presidente da Abitrigo, Rubens Barbosa, a medida, enviada na segunda, 03, à Câmara de Comércio Exterior e ao Ministério da Agricultura, tem o objetivo de evitar o repasse das recentes altas das cotações ao consumidor. Uma elevação poderia encarecer o preço da farinha e, por consequência, do ‘pãozinho’. 

Atualmente, o volume de compra permitido sem a taxa é de 750 mil toneladas. “Todo ano a cota de importação é utilizada, mas este ano estamos pedindo uma quantidade adicional para permitir que o trigo venha do Hemisfério Norte sem a tarifa de 10% adicional, porque o preço do mercado subiu muito”, explicou Barbosa ao Agro Estadão. 

O dirigente não quis comentar o volume solicitado ao governo, mas afirmou que o Brasil terá que buscar mais trigo dos Estados Unidos, por conta dos baixos estoques nos principais fornecedores do cereal no Mercosul: Argentina, Paraguai e Uruguai. 

“Sobretudo os moinhos do Norte, Nordeste, vão ter que comprar do Hemisfério Norte, então, se a gente tiver essa cota adicional da TEC facilita para não haver custo adicional”, ressalta o dirigente da Abitrigo. 

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Segundo Barbosa, esse movimento deverá acontecer devido a diminuição de área no Rio Grande do Sul, segundo maior produtor nacional, mas principal vendedor interno. Nesta safra o estado deve semear uma área 10,6% menor em relação a 2023, de acordo com a última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Exemplo dessa diminuição vem lá de Passo Fundo (RS), onde o agricultor Cláudio Doro, optou pelo plantio de cevada para a rotação de cultura. “O trigo é uma cultura de alto risco, depende muito do clima e do mercado e o custo de formação da lavoura está alto. Este ano compromete a alta produtividade para se obter lucro”, disse o produtor à reportagem.  

Em 2024, a área de plantio do trigo no Brasil deve cair 11,1%. Esse recuo é puxado pelo Paraná, maior produtor nacional, onde o corte previsto é de 19,1%. 

Quebra no maior exportador global e efeitos nos preços

Um dos principais motivos que impulsionou os preços do trigo foi a quebra de safra na Rússia, maior exportador de trigo, respondendo por cerca de 25% do abastecimento global.

Conforme informações da Brandalizze Consulting, as perdas estimadas devido a geada no país “giram em torno de 10 milhões de toneladas”, o que impacta diretamente o mercado. “Vai ter mais consumo do que oferta e vai consumir os estoques”, afirmou o analista de mercado, Vlamir Brandalizze, à reportagem. 

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Em nota, o Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea) alertou para a tendência de queda dos estoques mundiais de trigo pelo terceiro ano consecutivo, aumentando a pressão sobre os valores do cereal.

Na bolsa de Chicago, por exemplo, os contratos para o fim deste ano e para 2025, estão com cotações acima dos US$ 7 por bushel. “Isso é cerca de US$ 1 acima por bushel em relação aos valores registrados no início de maio”, explica Brandalizze. 

No cenário doméstico, os preços do trigo no mercado de lotes, que envolve negociações entre empresas, alcançaram os maiores níveis desde meados de 2023, segundo levantamento do Cepea.

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