Chicago despenca e semana termina com baixas para commodities agrícolas | Agro Estadão
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Cotações

Chicago despenca e semana termina com baixas para commodities agrícolas

Condições climáticas nos EUA e no Brasil, melhora nas perspectivas de safras e petróleo derrubam as cotações das principais commodities

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Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com

19/10/2024 - 09:00

Foto: Adobe Stock
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Abraçados ladeira abaixo, assim pode ser o resumo para o trio de commodities milho, soja e trigo para o fim dessa semana – basicamente um puxando o outro. Entre os motivos estão as melhores expectativas de produção e do clima e a baixa do petróleo. 

A maior queda diária entre as commodities foi observada para o trigo – recuo de 2,80% na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), com o contrato para dezembro de 2024 a US$ 5,73 por bushel. Esse resultado é influenciado pela melhora do clima na região do Mar Negro. As recentes chuvas têm ajudado a amenizar a seca que vinha prejudicando a safra 2024/25. 

Agora, com as precipitações, os produtores dão sequência aos trabalhos de campo e as perspectivas quanto a um maior volume do cereal crescem e pressionam o mercado. “A falta de umidade para o início do plantio da safra de inverno russa era um fator de alta até a semana passada, mas, com a volta das chuvas, este passou a ser um fator de baixa acentuada, dada a agressividade russa no mercado internacional”, explica ao Agro Estadão o analista sênior da TF Agroeconômica,  Luiz Carlos Pacheco. 

Além do clima, o aumento de 41% na tarifa de exportação de trigo, anunciado no último dia 11, ainda reflete entre os agentes. Também pesa sobre o mercado a pressão do governo russo para que seus produtores/exportadores não vendam os grãos abaixo de US$ 250 por tonelada. 

“A intervenção do governo [da Rússia], ao invés de diminuir as exportações, está fazendo os vendedores se apressarem em negociar tudo o que podem agora, antes que entrem em vigor as novas ‘recomendações’ do governo de vender a preços escalonados, de 240 dólares por tonelada para outubro, 245 dólares para novembro e 250 dólares para dezembro, valores que podem inviabilizar a sua competitividade a partir de janeiro de 2025”, comenta Pacheco.

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Milho

A rodada de milho em Chicago também fechou com leve baixa. O contrato para dezembro deste ano, o mais negociado, caiu 0,68%, a US$ 4,04 por bushel. “Depois das melhorias dos dois dias anteriores, estimuladas pela procura, o progresso da colheita norte-americana recuperou destaque, que, segundo as previsões, poderá continuar a avançar em ritmo ágil durante a próxima semana graças ao predomínio do tempo seco no país”, analisa o consultor. O clima no Brasil, com previsões de chuvas para áreas produtoras, também pressiona as cotações do grão. 

Além disso, a forte queda no valor do petróleo durante a semana exerce força sobre a tendência de baixa por influenciar a eventual demanda da indústria do etanol, fundamental para “administrar o peso de mais uma safra muito pesada abundante nos EUA”, conforme o analista da TF Agroeconômica.

A queda para o milho só não foi pior devido a um dólar enfraquecido frente a outras moedas e por causa  da boa demanda pelo grão estadunidense. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reportou 125 mil toneladas para destinos não revelados nesta sexta-feira, 17. O fato pressionou ainda mais os dados semanais.

“Com as vendas de milho 2024/2025 reportadas pelo USDA em 2,225 milhões de toneladas, acima das 1, 220 milhões de toneladas da semana anterior e do intervalo estimado pelo privado, que era de 1,20 a 2,20 milhões de toneladas, ajudaram a limitar a queda”, comenta Pacheco.

Soja teve segunda maior queda entre as commodities

Acompanhando o trigo e o milho, os contratos futuros da soja negociados na CBOT também encerraram a semana em queda. O contrato para novembro de 2024 terminou o dia a US$ 9,70 por bushel, baixa de 1,90% ante o pregão anterior. 

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Entre os fatores de baixa, o especialista da TF cita:

  • Condições climáticas favoráveis e o ritmo acelerado da colheita recorde dos EUA: “cenário que tem horizonte claro para terminar a safra da oleaginosa sem contratempos”;
  • Chuvas que caíram no Brasil Central: ” [Precipitações] devem aliviar o déficit de umidade desta região que sofreu nos três meses anteriores e permitir aos produtores brasileiros a reversão do atual atraso nas tarefas de plantio”;
  •  Preços do petróleo: “A queda no valor do petróleo durante a semana também contribuiu para as perdas devido à sua influência nas matérias-primas utilizadas para a produção de biocombustíveis”, contextualiza Pacheco.

Queda petróleo 

Conforme o portal E-Investidor, o petróleo fechou em queda nesta sexta-feira, acumulando perda semanal de cerca de 8%, mediante incertezas sobre demanda global e sobre as tensões no Oriente Médio. Nas mínimas intraday, os preços atingiram seus menores níveis desde 1º de outubro. 

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para dezembro fechou em queda de 2,00% (US$ 1,40), a US$ 68,69 o barril. O Brent para dezembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 1,87% (US$ 1,39), a US$ 73,06 o barril.

Efeito internacional sobre o Brasil 

Para o analista da TF Agroeconômica, o cenário externo, por ora, não deve ter grande impacto sobre os negócios internos.

“No trigo, há pouca repercussão sobre os preços nacionais, porque eles estão um pouco descolados de Chicago e sofrendo pressão da colheita, no momento. Mas, como a safra será menor, a tendência é de os preços subirem muito no primeiro semestre de 2025”, diz Pacheco.

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Cenário semelhante para a soja. “Idem, porque temos uma demanda regular de óleo para biodiesel, que mantém os preços um pouco acima dos níveis de Chicago”, explica.

Já para o milho o analista faz uma ressalva: “no milho, o ponto a ser observado é a exportação, se ela continuar fraca como está (29% a menos que ano passado) a tendência é de os preços começarem a retrair”. conclui.

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