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Clima

Geada na lavoura: destrói ou protege?

Além dos prejuízos, a geada pode trazer benefícios, como controle de pragas e melhoria da estrutura do solo, impulsionando a produção em algumas culturas

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Redação Agro Estadão*

05/07/2025 - 08:00

Foto: Mycchel Legnaghi/Arquivo Pessoal
Foto: Mycchel Legnaghi/Arquivo Pessoal

A geada é um fenômeno climático que exerce grande impacto na agricultura brasileira. Embora seja predominantemente destrutiva, ela tem funções benéficas dependendo do local e data em que ocorrem.

De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), culturas sensíveis como milho, trigo, hortaliças e café podem sofrer perdas significativas, chegando a 30% no milho, 25% no trigo e ultrapassando 90% em hortaliças e café, dependendo da intensidade da geada e do estágio de desenvolvimento das plantas.

O que é geada e como ela se forma?

A geada é um fenômeno meteorológico caracterizado pela formação de cristais de gelo sobre superfícies expostas, quando a temperatura do ar cai bruscamente. Existem dois tipos principais de geada que afetam as lavouras:

Geada branca (ou de advecção): ocorre quando há formação visível de cristais de gelo sobre as superfícies das plantas. Este tipo de geada é mais comum em condições de alta umidade do ar.

Geada negra (ou de radiação): considerada mais perigosa, a geada negra não apresenta formação visível de gelo. Ela ocorre em dias muito frios, secos e com vento, causando o congelamento da água dentro dos tecidos da planta, levando à morte interna.

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As condições climáticas que favorecem a ocorrência de geadas incluem noites claras, sem nuvens, baixa umidade e ausência de vento ou vento fraco. Estas condições permitem a rápida perda de calor da superfície para a atmosfera, resultando na queda brusca da temperatura.

Os efeitos benéficos da geada

geada, frio Sant'Ana do Livramento
Foto: Daniel Badra/Arquivo Pessoal

Apesar dos danos potenciais, a geada pode trazer alguns benefícios indiretos para a agricultura em certas condições. 

De acordo com a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado do Paraná, um desses benefícios é o controle natural de pragas e doenças. Temperaturas muito baixas podem ser letais para ovos, larvas e adultos de diversas pragas agrícolas, além de reduzir a proliferação de certos fungos e bactérias patogênicas. 

Isso pode resultar em uma menor pressão de doenças e infestações na safra seguinte, reduzindo potencialmente a necessidade de defensivos químicos.

Para culturas de clima temperado, como maçã, pêssego e uva, o “frio acumulado” (vernalização) é importante para a quebra da dormência de gemas e sementes. Um período adequado de baixas temperaturas é essencial para que essas plantas floresçam e frutifiquem de forma homogênea e produtiva na estação seguinte.

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A geada também pode atuar como um agente natural de controle de algumas plantas daninhas mais sensíveis ao frio, eliminando-as ou retardando seu crescimento. Isso pode facilitar o manejo da lavoura e reduzir a competição por recursos.

Indiretamente, o ciclo de congelamento e descongelamento da água no solo pode contribuir para melhorar sua estrutura. Este processo ajuda a desagregar torrões, melhorando a aeração, a infiltração de água e a penetração das raízes, beneficiando o desenvolvimento das culturas a longo prazo.

Por que a geada destrói a lavoura?

O principal mecanismo de dano da geada nas plantas está relacionado ao congelamento da água dentro das células vegetais. Este processo causa a ruptura das membranas celulares e a desidratação dos tecidos, impedindo o fluxo de seiva e nutrientes. 

Como resultado, a fisiologia da planta é severamente afetada, comprometendo seu desenvolvimento, produtividade e, em casos graves, levando à morte.

Os impactos econômicos e produtivos da geada são significativos:

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  • Perda total ou parcial da safra;
  • Redução da qualidade do produto (ex: grãos chochos, frutos manchados);
  • Aumento dos custos de produção (necessidade de replantio, tratamentos adicionais).

Estes fatores combinados resultam em um impacto direto na renda do produtor e na economia regional.

Culturas vulneráveis a geada

geada; frio Belmonte Santa Catarina Crédito Foto Cleiber Ebertz Arquivo Pessoal
Foto: Cleiber Ebertz/Arquivo Pessoal

Algumas culturas são particularmente sensíveis aos efeitos da geada. A cana-de-açúcar, por exemplo, pode ter seus canaviais queimados pela geada, afetando o palmito (ponto de crescimento) e comprometendo a brotação e a qualidade do caldo. 

No caso do café, a geada pode danificar folhas, ramos e frutos, exigindo podas drásticas e afetando safras futuras. O trigo também é vulnerável, especialmente quando ocorrem geadas tardias, impactando diretamente a produtividade e a qualidade dos grãos. 

As hortaliças, como alface, tomate e batata, são extremamente suscetíveis e podem ser totalmente destruídas por uma geada severa.

Como proteger a lavoura da geada

A proteção da lavoura contra a geada requer ações preventivas e estratégias bem planejadas. O monitoramento meteorológico é essencial, permitindo que os produtores se antecipem às condições propícias à formação de geada. 

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A escolha de variedades mais tolerantes ao frio, quando disponíveis para a região e cultura, pode aumentar a resistência da lavoura.

O manejo adequado do solo desempenha um papel importante na proteção contra geadas. Solos úmidos e com boa cobertura vegetal (palhada) retêm mais calor e o liberam lentamente durante a noite, ajudando a proteger as plantas.

Uma das técnicas mais eficazes de proteção na fruticultura é a irrigação por aspersão. Neste método, a água, ao congelar sobre as plantas, libera calor latente de fusão, mantendo a temperatura dos tecidos vegetais acima de 0 °C.

Para culturas mais sensíveis, especialmente hortaliças, o uso de coberturas e estufas pode oferecer uma barreira física contra o frio intenso.

Em alguns casos, a queima controlada para produção de fumaça pode criar uma camada que impede a perda de calor por radiação. No entanto, é importante alertar sobre os riscos ambientais e de segurança associados a esta prática, além da necessidade de autorização e controle rigoroso.

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Ações durante e após a geada

geada na lavoura
Foto: Ana Maria Jekel/Arquivo Pessoal

Durante a ocorrência da geada, caso a irrigação por aspersão esteja sendo utilizada, é fundamental mantê-la até que o gelo derreta naturalmente e a temperatura suba. Após o evento, uma avaliação criteriosa dos prejuízos é essencial para planejar as próximas ações.

A recuperação da lavoura pode envolver práticas como a poda de partes danificadas (após a estabilização da planta), adubação de recuperação e manejo fitossanitário para auxiliar a planta a se restabelecer. 

Estas medidas podem ajudar a minimizar as perdas e acelerar a recuperação da lavoura.

Embora a geada represente um desafio significativo para a agricultura, o conhecimento sobre seus mecanismos e efeitos permite aos produtores rurais adotarem estratégias eficazes de prevenção e mitigação.

*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

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