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Teresa Vendramini

Produtora Rural, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira

Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão

Opinião

Pantanal: o coletivo em prol desta joia brasileira

A queda na temperatura e a chegada da umidade na região do Pantanal,  nestes últimos dias, têm ajudado a reduzir o número de focos de incêndio e contribuído com o trabalho dos brigadistas. Um alento ao meu coração que já é uma parte pantaneiro

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Patrimônio Natural da Humanidade reconhecido pela Unesco, o Pantanal é mais uma joia brasileira. São 15 milhões de hectares entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com mais de 3.500 espécies de animais, que convivem harmoniosamente há 270 anos com a pecuária e com gerações de pantaneiros. 

Infelizmente, ano após ano, convivemos com as tristes notícias sobre os incêndios, que vêm se intensificando devido a uma seca recorrente na região. Segundo relatório do MapBiomas, o Pantanal foi o bioma que mais secou entre 1985 a 2023. Nesta temporada, o período de incêndio começou 50 dias antes. De janeiro a junho, foram registrados mais de 3.450 focos de incêndio, quase 1.000 a mais do que há quatro anos. É importante ainda dizer que 66% dos grandes incêndios estão se propagando fora das áreas de pecuária e têm começado no entorno de Corumbá, onde não existe produção.

As causas podem ser uma combinação de fatores, e não apenas um, como boa parte da mídia sugere. As altas temperaturas são uma realidade global e não é diferente no Pantanal, que enfrenta a maior seca em 70 anos. Há também a má gestão do uso da terra, como a utilização de queimadas para limpar terrenos, e a dificuldade de monitoramento e contenção diante da vasta extensão territorial do Pantanal, que é um desafio por si só. Para ter uma ideia, o Pantanal sul-mato-grossense é maior que Portugal ou equivalente a três Bélgicas, repleto de rios e vegetação que, por terra, os pantaneiros bem sabem, levam horas para serem atravessados de barco.

Por isso, para conter as chamas, seja por terra, água ou pelo ar, são empregados militares do Estado e da Força Nacional, bombeiros com 14 bases em todo território, equipes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e da ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e também produtores rurais brigadistas que, ao longo dos anos, foram treinados para executar esse trabalho e são grandes guardiões do Pantanal.  

Há outro fator, um pouco mais técnico, que contribui para que os incêndios ganhem tamanha proporção. É o chamado fogo subterrâneo, um fenômeno que ocorre em áreas com grande material orgânico, como o Pantanal, que, somado ao quadro de seca extrema, torna-se altamente inflamável. Um tipo de incêndio que tem contribuído com a destruição do solo do Pantanal e também do cerrado. 

Assim como as causas, a solução depende de vários fatores. Um deles é a nova Lei do Pantanal, que aumentou a restrição ao uso de áreas sensíveis. Um trabalho já em curso pelo governo estadual, ambientalistas e produtores para preservar capões, cordilheiras e a fauna pantaneira. Também é necessário valorizar o produtor pantaneiro, incentivar a produção sustentável e remunerar pela preservação das áreas. E talvez o mais difícil:  aprender a conviver e a produzir em um ambiente de extremos climáticos cada vez mais frequentes, contando com ajuda da academia, como a Embrapa e outros órgãos de pesquisa.

A preservação do Pantanal não é uma tarefa simples e exige esforço coletivo. A combinação de ações governamentais, conhecimento científico, práticas sustentáveis e apoio aos pantaneiros são medidas urgentes. Só assim poderemos garantir que essa joia brasileira continue a brilhar para as futuras gerações.

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