Teresa Vendramini
Produtora Rural, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira
Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão
Opinião
O Agro como líder na transição para um futuro seguro e sustentável
O Brasil está queimando e não é só em São Paulo. Em todo lugar do país há um foco
2 minutos de leitura 20/09/2024 - 10:05
Na última semana, passei em Mato Grosso, por ocasião da reunião do G20 e, enquanto as lideranças decidiam sobre as medidas para mitigar as mudanças climáticas, o fogo brotava de uma parede rochosa na Chapada dos Guimarães em decorrência de uma das piores secas da história do nosso país.
Fato que me faz refletir sobre toda a força que o mundo deve realizar para o enfrentamento das mudanças climáticas, com proporções sem precedentes para toda a humanidade. Uma corrida contra o tempo para evitar, se é que ainda é possível, ultrapassar de 1,5°C na temperatura global nos próximos cinco anos. Para salvar vidas e minimizar os prejuízos decorrentes de desastres naturais que, só em 2022, somaram mais de US$ 300 bilhões.
Como conselheira do B20, tenho acompanhado de perto o grupo de trabalho responsável pela ‘Transição Energética e o Clima’ – liderado brilhantemente por Ricardo Mussa, CEO da empresa Raízen, e a Paula Kovarsky, vice-presidente de estratégia e sustentabilidade da Raízen – e os esforços para promover o diálogo e o alinhamento macroeconômico com as demandas do clima. São mais de 200 membros de 25 nacionalidades, distribuídos em 15 grupos de trabalho que, durante 5 meses, buscaram sintetizar as soluções em recomendações, não só para os 20 países do bloco, mas também para o mundo.
Uma das recomendações centrais do B20 será a busca por soluções energéticas renováveis e sustentáveis. A proposta é criar regulamentações e incentivos para que os tipos de energia renováveis tripliquem até 2030. Entram aí como soluções a bioenergia, o biogás, os biocombustíveis, o hidrogênio verde e até a energia nuclear. O Brasil, mesmo com 49% de sua energia proveniente de fontes renováveis, pode avançar muito mais e tem potencial para isso – configurando em uma excelente oportunidade de crescimento para o agronegócio brasileiro.
A segunda recomendação já diz respeito a mim, a você e a todos nós que precisamos fazer uso consciente dos recursos do planeta. A proposta é dobrar a taxa média anual de eficiência energética global até 2030, por meio de programas de investimento que promovam a conscientização pública sobre o ciclo de vida dos materiais e incentivem a economia circular.
A terceira e última recomendação é a busca por soluções climáticas naturais, ou seja, que melhorem a biodiversidade do planeta e incentivem a preservação dos ecossistemas. Aqui entram os pagamentos por serviços ambientais, a recuperação de áreas degradadas e o mercado internacional de carbono.
As soluções estão aí, mas o desafio maior é colocar tudo isso em prática, de forma urgente e em escala global, dentro de um sistema que seja socialmente justo e economicamente sustentável. O Brasil, sobretudo o nosso agronegócio, tem aqui uma de suas melhores oportunidades de mostrar ao mundo que podemos liderar essa transição para um futuro mais verde, seguro e sustentável. Porque, no fim das contas, esse é o propósito que toda humanidade deve almejar.
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