
Francisco Turra
Presidente dos Conselhos de Administração da APROBIO e Consultivo da ABPA, ex-ministro da Agricultura
Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão
Opinião
Biodiesel está pronto para a transição energética, aqui e agora
Descarbonizar o planeta para combater o aquecimento global é uma meta urgente para empresas e governos que precisam cumprir seus objetivos de curto prazo e, sobretudo, garantir a sobrevivência da humanidade

Com a ocorrência tão frequente de eventos extremos de clima, o tema da transição energética é a pauta prioritária em fóruns internacionais como a Conferência das Partes (COP28) da ONU, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes, e o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Descarbonizar o planeta para combater o aquecimento global é uma meta urgente para empresas e governos que precisam cumprir seus objetivos de curto prazo e, sobretudo, garantir a sobrevivência da humanidade.
O desafio é como chegar lá. A solução passa pela adoção de rotas tecnológicas que possam mitigar as emissões de gases de efeito estufa no curto prazo. Muito se fala sobre veículos elétricos, hidrogênio e outras rotas tecnológicas com todo seu alto impacto de investimento para a transição e resultados apenas no longo prazo. Enquanto isso, o biodiesel é uma solução imediata para a descarbonização dos transportes sem precisar de investimentos em mudança de motores ou em infraestrutura de abastecimento.
O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) e a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) são referências globais. O setor de produção celebra 19 anos com amplo parque fabril estabelecido em 14 estados e com 59 usinas, que foram autorizadas para operar pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Juntas, essas usinas têm uma capacidade instalada e pronta para atender imediatamente uma mistura de 20% (B20) de biodiesel ao diesel fóssil.
A especificação do produto é uma das mais exigentes do mundo, e já há um movimento intenso de montadoras e de empresas adotando o uso de 100% de biodiesel em suas frotas com qualidade garantida.
São muitas as vantagens em vários aspectos. É bom para o emprego já que, com o crescimento da demanda, devem ser gerados cerca de 14 mil vagas até o final de 2024. Para a economia, a boa notícia é de que o PIB total da cadeia da soja e do biodiesel cresceu cerca de 20% em 2023, conforme estimado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
As boas novas vêm da agricultura familiar, que se beneficia do Selo Biocombustível Social concedido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) aos produtores de biodiesel. Por meio de contratos de compra de matérias-primas, o setor do biodiesel assegura preços justos, capacitação e assistência técnica aos pequenos produtores brasileiros. Ao todo, já são mais de 70 mil famílias beneficiadas.
O biodiesel é, ainda, uma solução para a saúde. A poluição do ar gera problemas graves, que afetam especialmente aqueles que vivem nos grandes centros urbanos, e já foi comprovado cientificamente que o uso do biodiesel melhora a saúde e a qualidade de vida. Um estudo do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que a presença do biodiesel na matriz de ciclo diesel ajudou a evitar a emissão de 4,4 milhões de toneladas de CO2 equivalentes no segundo trimestre de 2023, quando a mistura obrigatória do biocombustível cresceu de 10% para 12%.
No Brasil, o patrimônio em transição energética é imenso e o biodiesel é a solução para esta mudança, aqui e agora. Precisamos trilhar este caminho, pois a mudança urge e seguir essa rota é um caminho sem volta. Só basta acreditar!
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