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Teresa Vendramini

Produtora Rural, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira

Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão

Opinião

Alimento é símbolo da paz!

Teresa Vendramini fala sobre segurança alimentar e a necessidade acabar com a desigualdade

Foto: Adobe Stock
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O termo que mais tenho ouvido ultimamente é “segurança alimentar”.  Palavras que começaram a ser usadas durante a Primeira Guerra Mundial na Europa. Um período em que ficou claro que um país poderia controlar o outro detendo o fornecimento de comida. Passaram-se décadas, e a ideia de país independente e forte continua sendo aquele com capacidade agrícola e armas.

Mas chegou a hora de mudar essa narrativa. É preciso resolver de vez as desigualdades, especialmente pondo fim à fome, que ainda atinge 2,3 bilhões de pessoas no mundo (dados da FAO), sendo 21 milhões apenas no Brasil. O alimento precisa deixar de ser exemplo de poder para se tornar símbolo da paz. A comida deve ser compartilhada, e cabe aos países desenvolvidos o papel de estabelecer cooperação com países mais pobres e resolver esse problema secular.

É isso que o Brasil pretende à frente da presidência do G20 em 2024. O caminho começou a ser traçado durante o fórum B20, realizado no Rio de Janeiro, onde iniciou-se uma força-tarefa fixada em cinco pilares centrais: combater a fome, a pobreza e as desigualdades; valorizar o capital humano; promover a resiliência das cadeias globais de valor; promover uma transição justa para zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa; e aumentar a produtividade por meio da inovação. Esses pilares convergem para o tema central de um crescimento inclusivo e um futuro sustentável.

Para isso, foram instalados grupos de trabalho e o Agro está presente em muitas das discussões, como transição energética, sistemas de alimentos, agricultura sustentável e até igualdade de gênero. Sim, a fome tem gênero – mas isso é assunto para outro artigo. Vamos, portanto, estabelecer propostas de ações estratégicas que serão apresentadas na Cúpula de Líderes do G20, em novembro, no Rio de Janeiro.

Importante dizer que é a sociedade civil organizada para propor soluções para mazelas que, muitas vezes, grandes líderes mundiais desconhecem, muito menos vivenciaram. Pessoas como eu, produtora rural, que estou tendo a honra em fazer parte do Conselho Consultivo do B20, que levará a realidade do campo para o centro do debate em busca de soluções sustentáveis do ponto de vista social, econômico e ambiental.

O agronegócio brasileiro tem muito a ensinar para o mundo. Temos excelência em tecnologia, produtividade e sustentabilidade. Mas teremos grandes desafios pela frente, como nos organizarmos cada vez mais em cadeias de valor, combater as mudanças climáticas, reduzir o desperdício de alimentos, estimular a agricultura familiar e, assim, fortalecer o sistema global alimentar. 

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