Francisco Turra
Presidente dos Conselhos de Administração da APROBIO e Consultivo da ABPA, ex-ministro da Agricultura
Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão
Opinião
A certificação da cadeia de agronegócio é o nosso passaporte para os mercados globais
Os brasileiros têm consciência da potência agrícola que representamos agora e no futuro; produtores estão comprometidos com a preservação ambiental
Sem competir por espaço com áreas de preservação, o Brasil tem mais terras agricultáveis que podem ser incorporadas à produção de alimentos que qualquer outro país do mundo. Já somos um dos cinco principais produtores de 34 commodities agrícolas e as colheitas batem recordes sucessivamente. Os avanços em produtividade também permitem continuar essa expansão.
O Brasil tem um potencial grandioso de reversão do uso da terra, como mostra o Estudo de Aptidão Agrícola feito de forma inédita pela Serasa Experian e apresentado no final de junho. Ele aponta um potencial de expansão para o plantio de soja da ordem de até 36,6 milhões de hectares apenas sobre pastagens degradadas aptas para a leguminosa e em linha com as exigências crescentes dos mercados consumidores por produtos livres de desmatamento.
Se somos privilegiados em relação a solo, clima, exposição ao Sol e mão de obra, o que nos afasta de mercados exigentes é a nossa falha de comunicação e marketing.
Barreiras sanitárias, ambientais e técnicas são estabelecidas por muitos países, notadamente pela União Europeia, e só servem para bloquear, restringir e prejudicar o comércio do Brasil, ameaçando a normalidade e a estrutura das nossas empresas. Gritamos forte internamente, mas capitulamos na reação.
Ganha cada vez mais importância a adoção de modelos de certificação de origem de produtos do agronegócio baseados na capacidade de fazer a rastreabilidade de sua origem. O processo documenta e reconhece o desempenho permanente da cadeia de suprimentos para mitigar riscos e obter ecoeficiência, assim como fortalece a posição do agronegócio por meio de certificações, que se tornam um passaporte para abrir as portas das fronteiras internacionais, gerando um diferencial que atende as demandas dos mercados externos.
Os programas de certificações conduzidos por entidades reconhecidas devem considerar aspectos e impactos socioambientais, riscos e oportunidades, expectativas e necessidades das partes interessadas, promovendo um aval inquestionável que desmonte falsas alegações e premissas que servem apenas como barreiras de entradas aos produtos brasileiros.
Devemos avançar na consolidação de um sistema de certificação de propriedades e dessa forma, fazer com que o produtor almeje mais crescimento por meio da conquista desse reconhecimento formal, que se traduz em maior valor agregado à sua produção, superando barreiras de acesso a novos mercados.
Com mais matéria-prima sustentável, é possível atender a demanda de um mercado global em expansão e mais exigente em termos de sustentabilidade, consolidando a relevância internacional do Brasil como produtor de alimentos.
Este é um investimento que vale a pena!
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