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Agropolítica

ABAG: Protecionismo, governança de crise, segurança jurídica e o Brasil no cenário da “Biocompetitividade”

Congresso Brasileiro do Agronegócio discute as relações, oportunidades e desafios do agro brasileiro 

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Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com

05/08/2024 - 21:36

Foto: Rafael Bruno/Agro Estadão
Foto: Rafael Bruno/Agro Estadão

Um setor competitivo, com características e capacidade de ser referência mundial, aliado às boas práticas ambientais e à promoção da ciência em favor da produção sustentável – esse é o agronegócio brasileiro, resumido em “Biocompetitividade”, tema deste do 23° Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado nesta segunda-feira, 5, em São Paulo, capital.

“O Brasil da grande revolução verde se tornou, nos últimos 50 anos, protagonista das grandes prioridades mundiais. O verde da biocompetitividade brasileira foi pintado com investimentos muito importantes em ciência tropical e implantado com a capacidade produtiva e criativa do produtor brasileiro”, destacou Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), durante a abertura do evento.

Carvalho também chamou atenção para o protecionismo no mundo. Como exemplo, ele citou a lei antidesmatamento da União Europeia, que deve entrar em vigor até o fim de 2024. As relações internacionais permearam diversos diálogos durante o evento. Em um dos painéis, o embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e consultor da ABAG, destacou que a capacidade produtiva da agropecuária brasileira faz do Brasil foco do “lado protecionista da agenda climática e ambiental”.

Roberto Azevêdo disse que para mudar este cenário não basta mudar a imagem do agro brasileiro, mas que é preciso ter uma ação ofensiva. “Apenas mudar a imagem do Brasil, dizer que nós estamos fazendo coisas boas … isso não vai resolver o problema, nós precisamos ser muito mais ambiciosos, precisamos passar para a ofensiva, mas não é ofensiva de atacar os outros, nós precisamos abraçar a agenda climática ambiental, essa realidade não vai mudar”, enfatiza Azevêdo. 

Ele ressalta que, independente do quadro eleitoral internacional, seja na Europa ou nos Estados Unidos, seja à direita ou à esquerda,  essa agenda seguirá, passando por ajustes, mas seguirá. “Por que não vai mudar? Não vai mudar porque o setor privado já abraçou essa agenda. Não vai ser um governo, não vai ser Trump que vai mudar isso”, afirma o embaixador. Ainda sobre este cenário, Azevêdo acredita que, por mais que essa agenda persista, as necessidades deverão sobressair em algum momento. 

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Sobre um protagonismo como mediador regional, ou até mesmo mundial, nas pautas agroambientais, Azevêdo diz que o Brasil não precisa aspirar ser o líder. “A liderança virá naturalmente, se for o caso. O ideal é que essa liderança seja compartilhada, que tenhamos outros países segurando a bandeira da participação do agronegócio como solução dos problemas climáticos e ambientais do mundo. O importante é que essa visão, esse caminho seja trilhado e não apenas pelo brasil”, diz o embaixador.

Durante o evento na capital paulista, a geopolítica e as reações do mercado financeiro também foram pautadas. Em coletiva, o presidente da Abag comentou que os receios e incertezas diante de uma desaceleração da economia da China e o “pânico” de agentes por receio de uma recessão nos EUA, podem influenciar os preços das commodities.

“Tem se falado que a economia americana corre risco de recessão e que a economia chinesa cresce menos. Também temos questões graves de conflitos, como agora no Oriente Médio. Essas coisas se somam e temos que prestar muita atenção com as commodities […] porque pode ter uma pressão grande sobre o petróleo, que tem correlação direta com as commodities agrícolas. Isso pode trazer alguma pressão e eventualmente algum impacto na redução de preço”, disse o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho.

Ainda durante a coletiva, o vice-presidente da Abag, Ingo Ploger, chamou atenção às questões climáticas que impactam sobretudo as safras agrícolas e defendeu um “fundo para governança de crise”. 

Citando a recente tragédia climática no Rio Grande do Sul, Ploger disse que o legislativo precisa trabalhar por leis que garantam respostas eficientes. “Isso é uma premência nossa e nós podemos ser protagonistas de uma passagem desse tipo de pensar, porque você tem recursos internacionais e você tem recursos nacionais. Pensa só nos recursos de US$ 400 bilhões de reservas que nós temos, se você tirasse uma parcela menor para fazer um seguro sobre catástrofes”, comentou o vice-presidente da Abag, defendendo que esse debate seja levado adiante e que o Ministério da Fazenda e o Banco Central sejam envolvidos.

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Governadores Leite e Freitas fazem cobranças

Leite Abag
Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Foto: Cida Muniz

Presente no evento da Abag, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse que as ações anunciadas pelo governo federal ao agro gaúcho são insuficientes. “As medidas apresentadas até o momento, como demonstrado pela mobilização orgânica dos produtores rurais por meio do SOS Agro e também da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, não contemplam a sequência de perdas acumuladas por duas severas estiagens, e que se agravaram profundamente com a tragédia recente. Os prejuízos não se resumem às áreas que foram inundadas. Restringir as medidas de apoio a elas não é suficiente. Produtores que tinham dificuldade em arcar com seus compromissos financeiros, por conta das duas estiagens severas, agora viram suas lavouras apodrecerem pela impossibilidade de colheita. Precisamos de uma medida muito mais ampla e profunda do que a que foi apresentada até agora”, afirmou o governador.

Outro governador presente no Congresso foi o do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que enfatizou o agro paulista por estar “cada vez mais tecnificado” e também ressaltou desafios ao setor. O primeiro deles, citando o lema da bandeira do Brasil, Ordem e Progresso. 

“É um absurdo nessa altura do campeonato a gente estar falando em segurança jurídica, defendendo a não invasão de terras, isso é o básico […] e vário governadores como eu e o Eduardo [Leite], não vão permitir, porque não existe progresso sem ordem e a gente vai manter a ordem”, disse o governador de São Paulo.  

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