PUBLICIDADE

Agropolítica

Plano Safra 25/26: crédito com seguro automático, linha para Pronamp e juros iguais

Secretário de Política Agrícola do Mapa analisa os desafios do novo Plano Safra e indica as sugestões que estão em negociação

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

11/04/2025 - 08:00

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

A maratona de reuniões e encontros para a formulação de um novo Plano Safra já começou em Brasília (DF). Neste início de abril, as ideias ainda estão amadurecendo e o formato delas pode mudar até a apresentação da política de crédito rural, que costuma acontecer no final de junho. No entanto, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Guilherme Campos, já indica alguns pontos que estão em discussão atualmente, como o Seguro Rural atrelado ao crédito controlado, a criação de uma linha a mais no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e a manutenção dos juros. 

Sobre o Seguro Rural, uma nova configuração pode estar a caminho. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, já externou que pretende vincular seguro com crédito rural. Porém, os detalhes ainda estão em debate, mas o entendimento na pasta é de que a visão não deve ser apenas para o montante direcionado ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) — cerca de R$ 1,06 bilhão conforme Orçamento da União de 2025 aprovado pelo Congresso Nacional. A análise deve ser levando em consideração toda a subvenção que o Executivo oferece para o setor agropecuário, incluindo os recursos para equalização de juros. 

Essa nova roupagem do Seguro Rural “está sendo construída”, mas a tendência é de que o crédito rural e o seguro venham como um combo. “Tomando o financiamento, ele [produtor] automaticamente [aciona] a opção pelo seguro”, explicou Campos em entrevista exclusiva ao Agro Estadão. Mas há variáveis que tornam a equação mais difícil. Uma delas é que o seguro tem que ser atrativo, para não inviabilizar o crédito. 

“A partir do momento que você coloca de uma maneira igual [o seguro] para todo o país, você está dando uma diluída nesse risco. Na hora que você diminui o risco, automaticamente diminui o valor do prêmio. […] O resultado final, quando você passa o traço e soma recursos controlados mais a subvenção do prêmio do Seguro Rural, tem que ser um valor atrativo para o tomador”, disse o secretário.

Além disso, não haveria a opção de ter o benefício do PSR fora da contratação do crédito subsidiado. Outro ponto que pode mudar é o percentual do prêmio do Seguro Rural que o produtor não paga. De forma geral, a subvenção é de 40% para qualquer cultura, exceto a soja, que é de 20%. “ A gente vai discutir se é 40%, se é 30%, 20%, 10%. É algo que também está na construção”. 

PUBLICIDADE

O “sapatinho de cristal” da equalização

Campos utiliza um trecho da história de Cinderela como metáfora do exercício que o governo está fazendo quanto aos recursos da equalização do Plano Safra 25/26 e a necessidade de crédito. “Naquela hora que o príncipe encantado pega o sapatinho de cristal e vai testar nas moças da aldeia. Então, as irmãs da Cinderela botam os pezinhos no sapatinho de cristal e não entram de jeito nenhum. […] Vai ser mais ou menos isso. Como é que vai fazer para caber o pezinho no sapatinho de cristal”, exemplificou. 

O “sapatinho de cristal” é, até o momento, um orçamento de aproximadamente R$ 15 bilhões para a subvenção das linhas de todo o Plano Safra. Por isso, o secretário coloca um freio no discurso de que o próximo Plano Safra será recorde, já que há um cenário de taxa Selic perto dos 15% e também as exigências do controle fiscal. Fazer caber no “sapatinho” esse quadro econômico e mais a necessidade de crédito rural crescente será o desafio do Executivo. 

“Estamos com muito cuidado em falar que vai ser um Plano Safra maior, menor, igual. Vai ser um Plano Safra adequado para este momento. Não adianta você pegar esses R$ 15 bilhões e conceber um Plano Safra que dê um recurso, depois de equalizado, de 15% [de juros] com uma taxa que começa com 20%, 22%. Você está oferecendo um crédito tão caro que a atividade não paga. Então, tem que ser um negócio balizado e adequado para este momento”, disse Campos.

A alternativa em estudo é potencializar uma linha de crédito dolarizada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) — a Taxa Fixa do BNDES em Dólar (TFBD). Segundo o secretário, “a grosso modo” seria uma ampliação da linha, mas ele também não descarta a criação de outra linha para tornar a medida viável. Como já falado por Fávaro, essa linha seria direcionada principalmente para médios e grandes produtores que já exportam e por isso não correriam o risco cambial. 

Nova linha no Pronamp

Nessa questão de onde focar os recursos da subvenção do Plano Safra, o governo deve priorizar o financiamento subsidiado da produção dos alimentos que “estão no prato do trabalhador”. O que tem sido externado por membros do Executivo é um apoio aos médios produtores que optam por essa produção, como hortifruti, arroz e feijão. Isso deve acontecer por meio do Pronamp. 

PUBLICIDADE

O que o secretário do Mapa revela é que uma nova linha dentro do Pronamp deve ser instituída para viabilizar a proposta. “A ideia é uma linha focada no tipo de atividade, naquilo que é produzido”, pontuou. A expectativa é de que os moldes sejam parecidos aos oferecidos pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) , cujos juros não passam de 6% ao ano. 

Juros mantidos

Sobre as taxas de juros com as quais o Mapa está trabalhando para entregar no Plano Safra 25/26, a perspectiva é de que fiquem iguais ou até mesmo um pouco acima dos juros do Plano Safra atual. No momento, os juros de custeio e investimento empresarial são os mais elevados, com 12% ao ano.  

“Se imagina essas taxas que estão hoje aí. Manter as que estão hoje ou um pouquinho para cima até”, comentou o secretário. Já sobre os juros controlados, mas não equalizados, o parâmetro deve ser a própria Selic. “A taxa de referência são as taxas de referência do Banco Central”, concluiu.

Segundo o secretário, o próximo passo da construção do Plano Safra 25/26 é a escuta dos diferentes atores. “Conversar com os setores, conversar com os agentes financeiros, conversar com [Ministério da] Fazenda. É conversar e ver até onde se pode avançar, até onde não pode”, completou Campos.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Municípios gaúchos fora da ajuda do governo têm R$ 2,7 bi em dívidas rurais

Agropolítica

Municípios gaúchos fora da ajuda do governo têm R$ 2,7 bi em dívidas rurais

Critérios definidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária para liberação dos recursos excluem 92 cidades do Rio Grande do Sul, segundo a Farsul

Importação de banana do Equador preocupa produtores de Minas Gerais

Agropolítica

Importação de banana do Equador preocupa produtores de Minas Gerais

Setor teme desequilíbrio no mercado interno e alerta para riscos sanitários de pragas e doenças que não existem no Brasil

Dívidas rurais: lista para crédito inclui balneários e exclui polos agrícolas

Agropolítica

Dívidas rurais: lista para crédito inclui balneários e exclui polos agrícolas

Farsul alerta para distorções na escolha dos municípios e sugere ao governo mudanças para contemplar regiões de forte tradição agrícola

Ministério da Pesca suspende mais de 130 mil licenças

Agropolítica

Ministério da Pesca suspende mais de 130 mil licenças

Pasta diz que medida foi tomada após investigação conjunta com a Polícia Federal; interessados em recorrer têm até 30 dias para fazer o pedido

PUBLICIDADE

Agropolítica

Ex-secretário de Agricultura do RS assume Farsul no ano do centenário

Conheça a trajetória de Domingos Antonio Velho Lopes, engenheiro agrônomo e produtor rural, marcada por serviços prestados à agropecuária gaúcha

Agropolítica

MDA cria comitê para tratar de uso das centrais de abastecimento 

Junta será responsável por propor melhorias no uso dos imóveis públicos dedicados à atividades da agricultura familiar

Agropolítica

Comissão de Agricultura convoca ministra do Meio Ambiente 

Deputados querem explicações sobre Plano Clima e intervenção da pasta na Moratória da Soja

Agropolítica

Novo imposto de renda: o que muda para o produtor rural?

Câmara aprova proposta que preserva apuração pelo lucro na atividade rural e exclui rendimentos de títulos do agro da base de alta renda

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.