PUBLICIDADE

Agropolítica

“Nossos pratos não são lixeiras”, diz deputado francês sobre carne brasileira 

Declaração foi dada durante votação contra acordo Mercosul-União Europeia e acontece uma semana após fala polêmica do Grupo Carrefour

Nome Colunistas

Sabrina Nascimento | São Paulo | Atualizada às 12h20

27/11/2024 - 10:17

Foto: Site da Assembleia Nacional da França/Reprodução
Foto: Site da Assembleia Nacional da França/Reprodução

A carne brasileira segue sendo alvo de críticas na França. Em votação do acordo Mercosul e União Europeia (UE) na Assembleia Nacional do país na terça-feira, 26, diversos deputados franceses usaram termos ofensivos ao mencionar a produção brasileira. O deputado Vincent Trébuchet (UDR), afirmou que os pratos dos franceses não são “lixeira”. “A realidade é que nossos agricultores não querem desaparecer, e nossos pratos não são lixeiras”, afirmou durante a sua manifestação. O vídeo foi publicado nas redes sociais do deputado. 

Ainda segundo Trébuchet, os sucessivos governos franceses demonstraram “distância, timidez e falta de determinação em relação a este acordo UE-Mercosul”. Mas, segundo o parlamentar, o tratado vai contra os interesses vitais, “que incluem a sobrevivência” dos agricultores franceses. “Sem os agricultores, dependeremos definitivamente dos produtores sul-americanos e nos atrelaremos às suas economias frágeis, ficando sujeitos ao seu destino. Suas normas sociais e ambientais se tornarão as nossas”, enfatizou o deputado francês.

CONTEÚDO PATROCINADO

Críticas semelhantes foram feitas pelo deputado Antonio Vermorel-Marques (Republicanos). Para ele, permitir a entrada de carne alimentada por atrazina — herbicida utilizado no controle de ervas daninhas — é retroceder 20 anos. “É preciso lembrar que esse pesticida, proibido na Europa, mas autorizado na América do Sul, é considerado cancerígeno? Ainda pior, ele prejudica gestações e afeta a saúde dos recém-nascidos”, afirmou Vermorel em seu discurso na Assembleia Nacional da França. 

Segundo o deputado, a indignação dele é a mesma dos consumidores, que se sentem enganados por produtos importados sem controle e, também, dos climatologistas que não entendem “essas medidas ultrapassadas”. Por fim, ele termina dizendo “não à carne com hormônios”. 

Na votação desta terça-feira, o tratado foi rejeitado por 484 contra e 70 votos a favor. Entretanto, o resultado tem apenas um valor simbólico, já que os parlamentos nacionais não possuem autoridade nas negociações entre os blocos econômicos. 

PUBLICIDADE

CEO do Carrefour pediu desculpas

O caso no parlamento francês ocorreu no mesmo dia em que o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, retratou-se por meio de carta enviada ao governo brasileiro, após ter dito que não compraria mais carnes do Brasil. O posicionamento desencadeou um movimento de boicote por parte do setor agropecuário contra o Carrefour aqui no país. 

Vale ressaltar que são crescentes as ações de empresas francesas contra a produção agropecuária do Brasil e Mercosul. Na última semana, o CEO da Tereos também criticou o acordo entre os blocos econômicos. E, no início de novembro, o presidente da Danone na França afirmou que não compraria mais soja brasileira. 

Resposta do governo  brasileiro

O Ministério da Agricultura e Pecuária emitiu uma nota oficial em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores, reagindo aos ataques ao produto brasileiro, sem citar diretamente o caso. O texto diz que a publicação do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, contém desinformação e ataca a qualidade de produtos brasileiros. 

“O Brasil ressalta a importância da parceria estratégica, dos fluxos de comércio e dos laços históricos que mantém com o continente europeu de maneira geral e com a França em particular. Não obstante, voltará a reagir com firmeza contra qualquer nova campanha que tenha como alvo a imagem de produtos brasileiros, em especial do agronegócio, cujos padrões de excelência ao longo de toda a cadeia produtiva são reconhecidos em todo o mundo”, diz a nota.

O texto diz ainda que o governo brasileiro se manterá “vigilante na defesa da imagem do País e da sua produção”, em coordenação com o setor privado. “O governo brasileiro espera que as empresas que anunciaram boicotes a produtos brasileiros revertam essas decisões infundadas e que todos os atores que tenham contribuído para essa campanha de desinformação tenham presentes as consequências negativas de seus atos e levem em conta o grave impacto que poderão ter para as suas relações com o Brasil, que devem permanecer mutuamente benéficas e sempre pautadas pelo respeito e pela lealdade”, finaliza.

Para o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, Janus Pablo Macedo, as declarações de parlamentares franceses são fruto de protecionismo e da desinformação sobre os rigorosos padrões sanitários brasileiros. “Mais uma vez, há uma tentativa de influenciar negativamente um trabalho pautado em uma produção de excelência”, salientou em nota.

Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

STF avança em julgamento sobre incentivos tributários a defensivos agrícolas

Agropolítica

STF avança em julgamento sobre incentivos tributários a defensivos agrícolas

Resultado está em aberto à espera dos votos de Nunes Marques, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes; sessão continua semana que vem

Decisão do STF sobre o Renovabio garante segurança jurídica, diz CNA

Agropolítica

Decisão do STF sobre o Renovabio garante segurança jurídica, diz CNA

Para o setor, julgamento elimina riscos e reforça a previsibilidade para a transição energética

Conferência expõe divergências entre setor do tabaco e órgãos do governo

Agropolítica

Conferência expõe divergências entre setor do tabaco e órgãos do governo

Setor produtivo teme mudanças regulatórias, crescimento do mercado ilegal e impacto na cadeia que gera US$ 2,89 bilhões em exportações

Governo anuncia 10 novas demarcações de terras indígenas

Agropolítica

Governo anuncia 10 novas demarcações de terras indígenas

A meta do Brasil é regularizar e proteger 63 milhões de hectares de terras indígenas e quilombolas até 2030

PUBLICIDADE

Agropolítica

Para Alckmin, acordo Mercosul-UE será o maior do mundo e fortalecerá multilateralismo

Vice-presidente, que cumpre agenda na COP 30, voltou a mostrar confiança na assinatura do texto final do acordo entre os dois blocos

Agropolítica

Manutenção de tarifa dos EUA para a uva deixa produtores apreensivos

Confira a lista de frutas mencionadas no documento publicado pelo governo dos EUA que retirou as tarifas recíprocas de 10%

Agropolítica

UE oficializa volta do pré-listing para a compra de aves e ovos do Brasil

Decisão oficial do bloco europeu restabelece mecanismo suspenso desde 2018 e fortalece previsibilidade para novas habilitações de plantas brasileiras

Agropolítica

Governo autoriza remanejamento de recursos do Pronaf

Medida, prevista em portaria, visa ajustar o Plano Safra à demandas de bancos; maior parte é de recursos destinados a investimentos

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.