Agropolítica
Lula e ministros discutem medidas para baratear alimentos
Ministro Paulo Teixeira nega intenção do governo de taxar exportações ou controlar preços agrícolas

Paloma Custódio | Brasília
24/01/2025 - 10:25

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute o preço dos alimentos em reunião com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; e da Casa Civil, Rui Costa.
Ao Agro Estadão, o ministro Paulo Teixeira disse que “os anúncios dependem do que o chefe do Executivo decidir”. Segundo ele, o governo vai estimular o aumento da produção e a comercialização de carnes e tentar controlar o câmbio para baratear o preço dos alimentos no Brasil.
“Os alimentos que aumentaram o preço são commodities vinculadas à importação. Aumentou o preço da carne, do café, do açúcar. Os outros alimentos estão adequados. Tem uma boa produção de soja; vai aumentar a produção de arroz e de feijão”, ressalta.
Depois de uma reunião no Palácio do Planalto nesta quinta-feira, 23, sobre o aumento dos preços dos alimentos, o ministro Paulo Teixeira disse aos jornalistas que o governo não cogita alterar o sistema de datas de validade dos alimentos para reduzir os preços desses produtos, uma demanda do setor de supermercados.
A discussão desta quinta-feira envolveu, além de Paulo Teixeira, os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, da Casa Civil, Rui Costa, e o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello.
Governo não vai impor medidas artificiais
O aumento dos preços dos alimentos ganhou mais atenção da cúpula do governo nos últimos dias. Na última quarta-feira, 22, durante o programa “Bom dia, ministro”, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, usou a palavra “intervenções” para se referir a medidas destinadas a reduzir o preço dos alimentos. O termo gerou um ruído de comunicação para o mercado pela possibilidade do governo impor medidas artificiais para baratear os alimentos, como taxar as exportações ou controlar os preços agrícolas.
À reportagem, o ministro Paulo Teixeira negou categoricamente qualquer intenção do governo de impor tais medidas, afirmando que “o presidente Lula afastou [essa possibilidade] desde o primeiro dia”.
No site da Casa Civil, a reportagem sobre a participação do ministro Rui Costa no programa de entrevistas substitui o termo ‘intervenções’ por “‘ações’, que sinalizem para o barateamento dos alimentos”.
Questionada pela reportagem sobre quais ações seriam essas, a assessoria da Casa Civil respondeu em nota que “as medidas serão avaliadas e construídas em reuniões com os ministérios e outros órgãos governamentais, com a garantia da participação de produtores e associações”.
A equipe do Agro Estadão entrou em contato com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Ministério da Fazenda e a Conab para saber quais seriam as possíveis soluções para o barateamento dos alimentos, mas ainda não obteve respostas até o fechamento da reportagem.
Preços elevados
Um dos setores que mais tem pesado no bolso dos brasileiros, o mercado pecuário está com preços firmes neste início de ano. Na quarta-feira, 22, as cotações no indicador Cepea/B3, base São Paulo, acumulavam alta de 3,07%, com a média de R$ 327,15 a arroba.
Segundo o analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, um dos principais fatores de suporte ao mercado pecuário brasileiro são as exportações. “O Brasil segue vendendo grandes volumes de carne no mercado internacional, uma agressividade impressionante, nunca vendemos tanta carne assim, e isso vai fazendo muita diferença como ponto de suporte aos preços da arroba do boi gordo”, explica.
O café deve permanecer com preços elevados em 2025, aponta o Cepea. Segundo os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as projeções de curto prazo não indicam aumentos expressivos de produção. Além disso, os estoques estão apertados e a demanda internacional pela bebida continua firme.
Já o preço do açúcar cristal branco caiu no mercado spot de São Paulo na última semana. O Indicador CEPEA/ESALQ, cor Icumsa de 130 a 180, encerrou a R$ 152,80/saca de 50 kg na sexta-feira, 17. Segundo pesquisadores do Cepea, a redução no valor das ofertas pelas usinas e a pressão nas cotações domésticas, se devem a alguns fatores, além da busca de compradores por preços mais baixos. Eles destacam também a queda nas cotações internacionais do demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures), que retornaram ao patamar dos 18 centavos por libra-peso, pressionando as cotações domésticas do açúcar.
Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
Ministério dos Transportes anuncia 15 leilões de rodovias federais para 2025
2
Taxação dos EUA sobre aço pode impulsionar agronegócio brasileiro
3
Produtores de soja do Maranhão vão entrar na justiça contra novo imposto
4
Lula e ministros discutem medidas para baratear alimentos
5
Governo vai analisar preço dos alimentos e baixar alíquotas de importação; milho pode ser um deles
6
Mauro Mendes veta projeto que altera áreas de preservação em MT

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Agropolítica
Moratória da soja: STF intima partidos autores de processo contra lei de MT
Suprema Corte solicita manifestação das partes sobre pedido de conciliação do governo mato-grossense; CNA reforça pedido de admissão no processo

Agropolítica
Próximo Plano Safra deve ser mais oneroso aos cofres públicos do que o atual, avalia governo
Fazenda e MDA articulam remanejamento de recursos do atual Plano Safra

Agropolítica
MDA espera pelo menos 250 mil renegociações por meio do Desenrola Rural neste ano
Contag diz que demanda foi atendida, mas quer ampliar número de produtores com acesso às condições do programa

Agropolítica
STF retira da pauta julgamento da lei de MT contra a Moratória da Soja
Decisão atendeu a pedido do governo mato-grossense, que solicitou uma audiência de conciliação
Agropolítica
“Se tiver alguma atitude com o Brasil, haverá reciprocidade”, afirma Lula sobre tarifas dos EUA
Haddad e Alckmin falam em “cautela para tomar medidas concretas”
Agropolítica
Entidades defendem etanol sustentável e criticam tarifas recíprocas de Trump
Setor de cana-de-açúcar aponta retrocesso ambiental e taxação elevada sobre o açúcar brasileiro
Agropolítica
Governo brasileiro defende diálogo com EUA e afirma que “Brasil não é problema comercial”
Etanol do Brasil é citado como exemplo em documento assinado por Trump, que determina recalcular níveis tarifários aplicados a diversos países
Agropolítica
TCU recomenda análise de programas envolvendo inclusão e sustentabilidade rural
O objetivo é corrigir "sobreposições, fragmentações e duplicidades" nos programas