Agropolítica
FPA contesta qualidade de arroz que será importado
Presidente da frente critica medida da Conab para importação do cereal
4 minutos de leitura 04/06/2024 - 17:53
Por: Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com
Após a reunião-almoço da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), voltou a criticar a medida de importação de arroz por parte do governo federal. Lupion também ressaltou que a frente exige que pelo menos seja dada prioridade na compra de produtores brasileiros antes de buscar no mercado internacional.
“O mínimo que a gente exige é que seja comprado arroz brasileiro antes do internacional , antes dessa importação”, enfatizou Lupion. “Mais de 85% da safra brasileira de arroz está colhida e estocada. Não há a mínima necessidade de importar arroz de fora, ainda mais arroz sem as exigências de qualidade que a gente tem no nosso arroz brasileiro”, completou.
Assim como o setor, o deputado fez duras críticas à Medida Provisória nº 1.217/2024 que autoriza a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a fazer leilões para comprar até um milhão de toneladas de arroz estrangeiro. Essa iniciativa do governo faz parte de uma série de medidas anunciadas depois das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul – estado responsável por mais de 70% da produção do cereal.
“Ao invés de gastar R$ 7,5 bilhões comprando arroz que não precisa e que tem 80% da safra colhida, podia aplicar esse dinheiro no Plano Safra que seria muito melhor utilizado”, disse Lupion que ainda classificou a MP como “politiqueira e oportunista”.
A expectativa da bancada ruralista é de que sejam aprovadas as emendas apresentadas e que estipulam a prioridade na compra do arroz produzido no Brasil, além de delimitar que a compra seja feita somente em caso de insuficiência no mercado nacional. A MP 1.217/2024 já recebeu dez emendas para serem votadas e a MP 1.225/2024, que libera o valor de R$ 6,7 bilhões para importação de arroz, tem mais três emendas.
Quem também falou sobre o assunto foi o diretor técnico da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Luch. Ele lembrou que a CNA está buscando na justiça a suspensão da MP 1.217/2024, inclusive para interromper o primeiro leilão de compra de arroz, que está previsto para acontecer na próxima quinta, 06.
“A gente acredita que a forma como essas medidas foram tomadas, no momento onde você tem uma safra de arroz que está sendo colhida, teoricamente o problema não é a oferta do produto, é uma questão pontual no Rio Grande do Sul logo no início da enchente, que não conseguiu tirar nota [fiscal], não conseguiu ter a logística adequada, que não havia necessidade para ter importação de um milhão de toneladas de arroz. […] Não há nada que leve o país a fazer uma compra tão grande como essa”, afirmou Luch.
Presente na reunião, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, Neri Geller, disse que é preciso ter cautela e que “não é momento de tanto alvoroço”. Ele também falou que a questão está sendo tratada pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.
“Arroz também é preço globalizado. Não é a importação que vai derrubar preço, não é a importação que vai fazer isso ou aquilo. […] Se eu pudesse falar, com muito carinho, aos produtores: cautela. Nesse momento, não tem por que se preocupar”, amenizou o secretário.
Valor para equalização do próximo Plano Safra deve ficar perto do que foi pedido pelo setor
Além do representante do Mapa, o encontro desta terça, 04, em Brasília-DF, contou com a participação do secretário de Agricultura Familiar e Agroecologia do MDA, Vanderley Ziger, e do diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Ribeiro Damaso. A pauta discutida foi o Plano Safra 2024/2025.
Como adiantado pelo Agro Estadão, o próximo Plano Safra deve chegar aos R$ 540 bilhões, no entanto, os valores para a equalização dos juros ainda estão em negociação. Segundo o secretário Geller, o montante para isso deve ficar perto do que o setor está reivindicando. Durante a reunião, foi apresentada a necessidade de um montante na casa dos R$ 20 bilhões para equalização de juros. Entidades como CNA e OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) também pedem a mesma quantia.
“O que eu posso assegurar é que é [um valor para equalização] muito próximo aos números que o setor está nos apresentando. Eles [valores] foram encaminhados para a equipe econômica, mas agora a palavra final quem vai dar é o ministro [da Agricultura], a equipe econômica e depois, posteriormente, o presidente da República”, confirmou o secretário do Mapa.
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